Depois de Loures, PS volta a criticar autarquia socialista
PS diz que as autarquias não devem criar "critérios adicionais" aos da lei na atribuição de apoios sociais. Alpiarça propôs a exclusão de famílias que apresentem "sinais exteriores de riqueza".
O Partido Socialista defendeu hoje que as autarquias não devem criar “critérios adicionais” aos da lei na atribuição de apoios sociais, após a Câmara de Alpiarça ter proposto a exclusão de famílias que apresentem “sinais exteriores de riqueza”.
Esta proposta da câmara liderada pela socialista Sónia Sanfona, que será agora submetida à Assembleia Municipal de Alpiarça. A medida já foi criticada por vários socialistas, incluindo a ex-embaixadora Ana Gomes, na sua conta na rede social Threads. “Há critérios na lei para determinar quem recebe apoios sociais. Importa que quem tem autoridade para isso os aplique. Sem precisar de correr atrás de retóricas preconceituosas e estigmatizantes….”, escreveu.
Questionada pela agência Lusa sobre esta polémica, fonte oficial do PS respondeu que “os critérios de atribuição de apoios e prestações sociais são definidos na lei, uniformes para todo o território nacional e com instrumentos de verificação de rendimentos dos agregados”.
“As autarquias locais executam os que são da sua competência, não lhes cabendo criar critérios adicionais. Naturalmente, podem e devem fiscalizar o cumprimento da lei em vigor”, referiu a mesma fonte.
Esta não é a primeira vez que o Largo do Rato e notáveis socialistas dirigem críticas a um município liderado por autarcas socialistas. Há um mês, Ricardo Leão ficou sob pressão após ter admitido despejos de casas camarárias “sem dó nem piedade” àqueles que tivessem estado envolvidos em tumultos. No seguimento de declarações e até de um artigo de opinião muito crítico co-assinado pelo ex-primeiro-ministro António Costa, o autarca socialista acabaria por se demitir do cargo de presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa.
No final da semana passada, fonte da Câmara de Alpiarça confirmou à Lusa que a autarquia vai alterar os subsídios escolares aos alunos das escolas do concelho cujos agregados familiares exibam sinais exteriores de riqueza, como telemóveis topo de gama ou carros de alta cilindrada.
Na reunião de Câmara do dia 22 de novembro, na qual este regulamento foi aprovado por unanimidade, Sónia Sanfona explicou que, na atribuição de subsídios escolares, a autarquia vai passar a ter em consideração os bens materiais utilizados pelos agregados familiares, como carros ou telemóveis.
“Quem vai avaliar é a autarquia. Os sinais exteriores de riqueza são sinais visíveis, saltam à vista, são situações que são conhecidas de toda a gente. Por exemplo, uma família que tenha um carro de alta cilindrada, que custa 30 ou 40 mil euros (…), ou um telemóvel que custa mais de mil euros. Há critérios que a lei impõe e há critérios que eu determino. O município determina que nestas situações devem ser valorados estes sinais”, referiu a autarca.
A socialista referiu ainda que esta medida tem como objetivo apurar se sinais exteriores de riqueza são congruentes com a declaração de rendimentos que a família apresenta.
Apesar de ter votado favoravelmente, o vereador da CDU João Arraiolos disse à Lusa que tem algumas reservas quanto à forma como a medida vai ser concretizada.
Na reunião de Câmara, a autarca explicou que essa avaliação vai ser feita pelas equipas da câmara, defendendo que “o município atribui subsídios a quem entende”.
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