Ilhas e Algarve registam maior risco de pobreza em Portugal
Os cidadãos dos Açores e Madeira e os algarvios apresentam os maiores indicadores de risco de pobreza no país, demonstra um relatório da UE. O país está ainda em vários indicadores negativos.
Quase 72 milhões de europeus estão em risco de pobreza, revela o Eurostat nesta quinta-feira. Este valor representa 16,2% da população do continente, onde a Itália apresenta as três regiões NUTS III mais penalizadas.
Destas, duas têm considerável dinâmica turística, característica coincidente com as três regiões portuguesas mais penalizadas pelo risco de pobreza. No continente, o Algarve é a região com maior risco, surgindo praticamente nos 20%, um ponto percentual acima do Norte. A maior região turística do país é, contudo, superada pela Madeira (24,8%) e pelos Açores (26,1%).
Ampliando a lupa à Península Ibérica, as regiões transfronteiriças portuguesas acabam por se revelar, ainda assim, menos penalizadas. É o caso do Algarve perante a Andaluzia, que tem o pior resultado ibérico, com 30,5% da população em risco de pobreza. Setentrional ao Norte português, a Galiza apresenta um valor de 19,4%, contra 18,8% do lado nacional. Na linha atlântica, as Canárias apresentam 26,1% de pessoas em risco de pobreza, valor igual ao dos Açores, mas acima da vizinha Madeira.
A nível continental, Itália apresenta os territórios mais penalizados pela pobreza (se não considerarmos a Guiana Francesa, território atlântico vizinho do Brasil onde mais de metade da população se encontra nesta situação), com 38% dos sicilianos em situação de risco e os vizinhos da Calabria (a biqueira da “bota” na geografia italiana) com dois quintos da população afetada.
Logo acima, a Campania, que inclui Nápoles e as turísticas Capri e Costa Amalfitana, reforça a noção da maior fragilidade social no sul daquele país, apresentando-se em linha com a Sicília.
Portugal entre os mais penalizados em vários pontos de análise
O Eurostat mostra ainda que, no país, os portugueses adultos têm um risco de pobreza ou exclusão social superior do que os demais cidadãos da UE que vivem em Portugal. Esta situação de maior exposição dos nacionais verifica-se também na Croácia, Eslováquia, Hungria, Irlanda e Letónia.
Quando se olha ao género, Portugal é um dos quatro países com maior diferença na privação social e material. Chéquia, Estónia e Irlanda acompanham o país nesta discrepância penalizadora para as mulheres. No lado oposto, a Alemanha e a Eslovénia têm um quase equilíbrio neste indicador, com a particularidade de os homens se apresentarem duas décimas e uma décima, respetivamente, mais expostos do que o género feminino.
Presente em vários “pódios” pelas piores razões, o país está ainda em posição destacada no que diz respeito à incapacidade financeira para manter a casa aquecida. No cômputo geral da UE, a quota tem aumentado, passando, em média, de 6,9% em 2021 para 10,6% em 2023. De entre os 19 países que influenciaram esta degradação, Portugal é um dos três mais destacados, ao lado da Chéquia e da Espanha. Em sentido contrário, Chipre, Bulgária e Roménia apresentam-se na liderança da redução da exposição ao frio.
A comparação de casos nacionais na UE abrangeu também a composição dos agregados familiares. Num grupo de 20 países onde o núcleo familiar mais comum é de um ou dois adultos sem crianças, Portugal aparece num sexteto onde o mais habitual é uma casa com somente dois adultos.
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