
O know-how e a arte de bem-fazer
80% das marcas de luxo & excelência são dependentes do trabalho do artífice, salienta Francisco Noriega Carvalheira, secretário-geral da Associação Portuguesa de Marcas de Excelência (LAUREL).
Savoir-faire é a expressão de origem francesa que mundialmente é aceite como a melhor forma de exprimir a espinha dorsal do luxo. O saber-fazer é único, pode ser transmitido, mas o que distingue o trabalho e a arte de um Mestre Artífice é que, na sua produção, duas peças nunca são exatamente iguais, mas todas tem a alma de quem as produz.
Num mundo em que a produção em massa e a tecnologia dominam a cena, a arte do bem‐fazer surge como uma homenagem à tradição, à precisão e à paixão que se transmitem de geração em geração. Do mestre relojoeiro, que com as suas mãos habilidosas monta cada engrenagem com meticulosa precisão, ao costureiro de haute-couture, que transforma tecidos em obras de arte, o savoir‐faire é um património que reflete o valor do trabalho manual e a excelência artesanal europeia.
Portugal possui dos saber-fazer mais antigos da Europa. Falamos da carpintaria naval, um conhecimento que através das gerações vem sendo transmitido desde o tempo em que começamos a construir os primeiros navios, a genesis da aventura portuguesa pelos mares nunca dantes navegados. Presume-se que date dos séculos XI e XII a criação dos primeiros estaleiros no concelho de Vila do Conde.
A transmissão de conhecimento entre gerações é essencial para a preservação da autenticidade e da qualidade. Marcas icónicas como Hermès, Cartier ou Rolls-Royce, investem na formação de novos artífices para assegurar que os seus padrões de excelência são perpetuados. O artesanato manual, ao contrário da produção industrial, confere uma singularidade inigualável a cada peça, refletindo a dedicação e o saber-fazer humano.
Em ateliers e oficinas, o diálogo entre mestre e aprendiz cria um ambiente onde o saber se perpetua e se reinventa. Este contacto próximo permite que segredos e métodos, muitas vezes passados de pais para filhos, sobrevivam à modernidade e às tendências efémeras. Assim, o legado de experiências manuais continua a ser partilhado, contribuindo para um mercado onde a qualidade e a originalidade permanecem inabaláveis.
Mas se nada for feito, este conhecimento, que está no nosso ADN, desaparece.
O know‐how e a arte de bem‐fazer são muito mais do que técnicas – são a expressão de uma cultura que valoriza o detalhe, a dedicação e o respeito pelo passado. Ao perpetuarem métodos tradicionais, os artífices não só mantêm viva a sua herança, como também inspiram novas gerações a reconhecer a beleza do trabalho feito com alma e cuidado.
Um país que investe, protege e divulga o trabalho dos artífices, perpetua a sua cultura e identidade enquanto país, protegendo assim seu ADN.
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