
Lisboa é o primeiro ‘hub’ da dona da Cartier fora da Suíça e vai contratar 400 pessoas
Grupo Richemont inaugurou esta terça o novo centro de competências na capital portuguesa, num investimento de "dezenas de milhões" de euros. Já foram contratados cerca de 100 colaboradores.
O grupo Richemont, que detém marcas como Cartier, Van Cleef & Arpels ou Montblanc, escolheu Lisboa para o seu primeiro ‘hub’ tecnológico fora da Suíça, que vai contratar 400 pessoas até 2028, disse à Lusa o responsável pela operação.
Lucas De Gaulejac, ‘TCC manager – Technology Competency Center manager’ da Richemont, responsável operacional pelo Centro Tecnológico da Richemont em Lisboa, não adiantou valores de investimento, mas admitiu que anda à volta das “dezenas de milhões”. “Estamos a planear investir significativamente em talento, para chegar a 400 pessoas, o que é, obviamente, um investimento significativo”, acrescentou Lucas De Gaulejac.
“Também estamos a investir significativamente em imóveis”, nomeadamente no centro de competências hoje [terça-feira] inaugurado, com 3.200 metros quadrados, localizado no Green Campus, no Parque das Nações, com práticas de sustentabilidade “de vanguarda”. Atualmente, já foram contratados cerca de 100 profissionais e a ideia é atingir 400 dentro de três anos.
Um das razões para o grupo suíço ter escolhido Lisboa para instalar o seu primeiro hub tecnológico fora da Suíça, que vai funcionar como uma extensão, deve-se muito ao ecossistema inovador da cidade e a “base de pessoas muito qualificadas” que a Richemont procura.
“Estamos à procura de pessoas qualificadas“, nomeadamente perfis de engenheiros, e “temos um plano ambicioso, vamos tentar apoiar também pessoas qualificadas e requalificadas que queiram participar e trabalhar connosco“, salientou o responsável. “Estamos aqui há cerca de um ano e já recrutámos 100 pessoas e o plano é chegar às 400 nos próximos anos. Portanto, em termos de dimensão, o objetivo final é de cerca de 400 para já” em 2028, detalhou.
A Richemont, além de Genebra tem um centro em Xangai, mas que está dedicado à construção de infraestrutura e aplicações específicas para a China, pelo que o grupo não considera um ‘hub’ tecnológico.
“Adotámos uma visão global e, depois, começámos a analisar mais profundamente onde tínhamos as competências que procurávamos”, já que este hub “é uma extensão da nossa equipa em Genebra” e as “prioridades são as mesmas” que lá, contou Lucas De Gaulejac.
Além do talento e da proximidade, a capital portuguesa foi também escolhida por ter “muito boa literacia de inglês” e porque “é um centro de inovação da Europa, houve um investimento significativo do Governo, também do município, e tornou-se realmente uma cidade onde faz sentido investirmos”, argumentou. Outro dos pontos fortes foi a “conectividade” e a “comunidade em si”.
Assim, “tendo um local onde sabíamos que tínhamos bons parceiros, garantimos também que tem uma visão a longo prazo e sabemos que Lisboa está a investir em tecnologia a longo prazo. Por isso, para nós, também faz todo o sentido”, reforçou, salientando que foram analisadas várias localizações, sem avançar nomes das cidades concorrentes da capital portuguesa.
“Acredito que, com o investimento feito ao longo dos anos, Lisboa se tornou muito interessante em termos de comunidade tecnológica e, por isso, queremos participar nisso”.
Em primeiro lugar, “estamos a abrir muitas vagas, estamos a criar oportunidades de emprego. Também, e isso é algo com que a Richemont se preocupa, vamos continuar a qualificar os nossos colaboradores” e “isso significa que, pelo menos, estaremos a renovar o mercado em termos de competências tecnológicas”, considerou.
A Richemont quer participar no ecossistema tecnológico e admite fazer parcerias com universidades, instituições, ‘startups’, incubadoras, entre outros.
“Sabemos que comunidade e tecnologia só funcionam quando se partilham ideias e se colabora, é muito importante para nós fazermos parte da comunidade que nos fez querer vir para cá“, admitiu o responsável, salientando que o grupo já tem “algumas parcerias com universidades para um programa global”, mas que procurará “ir além disso”. Além disso, o grupo suíço pretende reter talento, nomeadamente permitindo uma progressão na carreira. “Vamos investir para assegurar o seu crescimento quando entram”, para que não fiquem presos ao mesmo lugar, asseverou.
Este ‘hub’ “é uma extensão da equipa de Genebra, que lida com tecnologia à escala global para o grupo, vai cobrir as necessidades tecnológicas globais, mas também as de todo o grupo e das suas ‘Maisons’, que é como chamamos às nossas empresas”. Isso inclui desde inteligência artificial (IA), soluções e aplicações orientadas para negócios, operações internas ou para o cliente, tudo o que as ‘Maisons’ estão a utilizar para os seus clientes, entre outros.
“Teremos IA, teremos cloud, se quiser entrar em detalhes específicos (…), teremos todos os tipos de engenheiros”: de cloud, de soluções, de software, de machine learning [aprendizagem automática], apontou. Para Lucas De Gaulejac, a tecnologia e as marcas de luxo trabalham em conjunto, ainda por cima num grupo que aposta na inovação.
O grupo Richemont tem 24 ‘Maisons’ com uma presença global, em mais de 150 localizações, a maioria tem presença comercial em Portugal, através das suas boutiques ou de parceiros externos.
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