Iniciativa Liberal ‘abraça’ Pedro Duarte no Porto e tem presidência à vista noutras duas câmaras

A entrada na coligação PSD/CDS no Porto, na batalha autárquica mais aguardada, é uma das novidades da IL. Soma simples dos votos em dois dos municípios onde vai coligada vale "roubo" da câmara ao PS.

Numa altura em que ainda aguarda a escolha de um novo líder, a Iniciativa Liberal anunciou o seu plano eleitoral autárquico para 10% dos municípios portugueses, com 17 candidaturas próprias e 13 em coligação: quatro com o PSD, uma com CDS e as demais com ambos os partidos do espetro da direita.

A decisão mais sonante é união ao PSD e CDS na coligação encabeçada pelo ex-ministro do primeiro Governo de Luís Montenegro, o social-democrata Pedro Duarte. Em 2021, liberais e centristas estiveram unidos em torno da candidatura do independente Rui Moreira, ainda presidente da segunda maior câmara do país, e que dentro de poucos meses deixará o lugar, por atingir o limite de mandatos.

Se, em 2021, com o apoio não escrito com o movimento independente, a IL apenas podia reivindicar ser apoiante de um presidente de câmara, agora, o partido poderá vir a intitular-se como líder de uma das 308 autarquias do país, após o anúncio feito neste domingo. Isto caso a direita leve de vencida uma câmara que é há 12 anos liderada por um independente.

Ao anunciar a formalização da aliança com PSD e CDS em torno de Pedro Duarte, a IL assume uma posição formal, ao contrário do que, até ao momento, escolheu fazer em Lisboa. E aumenta o “poder de fogo” da direita para a batalha eleitoral que se antevê acesa contra o PS de Manuel Pizarro e o movimento independente do atual vice-presidente de Rui Moreira, Filipe Araújo.

Em 2021, o PS obteve 18% dos votos, enquanto o PSD alcançou 17,2%. Vencedor destacado, o movimento de Rui Moreira, com apoios do CDS e IL e 40,7% na escolha dos eleitores.

Vitória mais “próxima” no Bombarral e Montijo

Nos 13 municípios onde vai a eleições coligada, e comparando com as autárquicas de 2021, a IL é estreante em nove, entre as quais o Bombarral, para onde se promete uma luta intensa contra o incumbente, o PS. De facto, a distância entre PS e PSD nesse ato eleitoral cingiu-se a 2,9 pontos percentuais, de 38,2% para 41,1%, mas na altura o CDS avançou sozinho, tendo alcançado 5,9%, ao passo que a IL não esteve presente no boletim de voto. Tudo somado, e numa matemática simples, daria uma vitória da direita sobre o PS, que governa a câmara desde 2017 com Ricardo Fernandes, após mais de duas décadas de liderança social-democrata neste município do Oeste.

A comprometer estas contas poderá estar o Chega, cujo desempenho em legislativas disparou de um dígito para mais de 20% em 2024 e 2025. Duas eleições em que a vitória sorriu ao PSD e CDS, e a IL teve mais de 4% da escolha dos eleitores.

Outra câmara em que, à luz dos resultados das autárquicas de 2021, e também numa análise meramente teórica, a IL pode chegar ao Executivo, é o Montijo. Ali, o PS alcançou a presidência com 29,5%, a coligação PSD/CDS/Aliança teve 27,7% e a IL chegou aos 4,4%. Neste município do distrito de Setúbal, a atual presidente, Maria Clara Silva, está no cargo há apenas 12 meses, depois de substituir Nuno Canta, que, prestes a atingir limite de mandatos, renunciou, a favor da então vice-presidente.

Se na soma simples de votos o resultado se torna favorável à coligação PSD/CDS/IL tanto no Bombarral como no Montijo, no Porto há a expectativa de ver quanto poderão ter valido liberais e centristas na vitória de Rui Moreira.

Também interessante para análise do peso eleitoral dos centristas e dos liberais é o caso da Covilhã, onde a antiga coligação PSD/CDS/IL se desfez, mas CDS e IL não romperam o vínculo entre si, pelo que se poderá agora perceber quanto dos 30,4% obtidos em 2021 nessa câmara socialista pertenceriam aos social-democratas.

Nas 13 câmaras onde a IL se estreia, o partido substitui o CDS no “casamento” com o PSD em cinco (Santo Tirso, Montijo, Santa Comba Dão e Vizela) e entra na aliança PSD/CDS que já existia em Loulé, Portimão, Arruda dos Vinhos e Almeirim, um quarteto de autarquias onde em 2021 não apresentou candidatura. Nota ainda para a criação de coligações a três à direita depois da corrida eleitoral a sós de PSD e CDS em Mirandela, Silves e no já referido município do Bombarral.

Nos 17 concelhos onde a IL decide ir a votos sozinha, os melhores resultados de 2021 foram obtidos em Oeiras, onde o movimento de Isaltino Morais venceu destacado com 51%, enquanto a IL teve 4,1%, e em Cascais. No município liderado por Carlos Carreiras, na maioria absoluta PSD/CDS, a IL chegou aos 4,3% — para as eleições de setembro ou outubro, o partido anunciou nesta segunda-feira o nome de Manuel Simões de Almeida, candidatura que será formalizada a 25 de junho.

Por outro lado, o partido liderado até há duas semanas por Rui Rocha estreia-se no boletim de votos em Oliveira de Azeméis, Vila Verde, Castelo Branco, Figueira da Foz, Albufeira, Caldas da Rainha, Torres Vedras e Ponte de Lima, esta última um bastião do CDS. Nota ainda para São João da Madeira, onde a IL deixa de estar agregada ao PSD, numa coligação que valeu 32% nas últimas autárquicas, enquanto os socialistas alcançaram 51,6% dos votos dos conterrâneos do à data ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Iniciativa Liberal ‘abraça’ Pedro Duarte no Porto e tem presidência à vista noutras duas câmaras

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião