Sistema fiscal “tem de ser repensado” para fomentar a “criação de escala”

António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas, considera que o Governo tem de avançar com uma reforma profunda do sistema fiscal que está hoje "muito orientado para a caridadezinha".

O Governo promete avançar com uma simplificação fiscal para promover o crescimento das empresas e da economia. Uma “música” que as empresas gostam de ouvir mas dizem precisar de ver o “concerto ao vivo”, afirmou Clara Moura Guedes, CEO da Monte do Pasto, na conferência de lançamento do EContas. Já António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas, defendeu uma mudança profunda do sistema fiscal em Portugal, fomentando a criação de escala das empresas.

“Uma empresa não pode ser penalizada por ficar grande, por fazer melhores investimento. Todo o sistema fiscal deve ser repensado para introduzir dinâmicas positivas e de criação de escala até para o país recuperar e poder acompanhar as dinâmicas internacionais”, afirmou o bastonário na conferência “A Política Fiscal como Agente de Transformação da Economia”, evento que marcou o lançamento do EContas, a nova marca de informação do ECO.

Para António Mendonça, o Executivo devia promover “dinâmicas” de “regressividade” e não de progressividade para promover o crescimento das empresas. “Temos de ultrapassar complexos. O nosso sistema fiscal está muito orientado par a a caridadezinha”, atirou.

Conferência EContas: A Política Fiscal como Agente de Transformação da Economia - 25JUN25
Clara Moura Guedes, CEO do Monte do Pasto e António Mendonça, bastonário da Ordem dos Economistas, num painel moderado por Tiago Freire, subdiretor do ECOHugo Amaral/ECO

O bastonário defendeu ainda que a reforma da Administração Pública é fundamental e que não deve ficar refém de uma eventual instabilidade política. “Temos de entrar com os pés e com tudo para fazer essa reforma do Estado”, referiu.

Já Clara Moura Guedes disse considerar a simplificação fiscal um “aspeto fundamental” para as empresas. Mas “precisamos de ver o concerto ao vivo”, referiu a CEO do Monte do Pasto, numa altura em que vê “muita coisa a andar em sentido contrário” relativamente a esta questão.

“O gasto de recursos, a falta de orientação, a mudança radical de um lado para o outro, esta tendência de querer deixar a marca e mudar tudo… Isto é dramático para as empresas. Passamos o tempo nisto. Sou uma pessoa otimista. Também não estou a achar que vai acontecer uma tragédia, mas tenho algumas reservas”, frisou a gestora da empresa agroalimentar, alertando também para os obstáculos que as empresas enfrentam.

“Este negócio tem muita regulação. A interação com as entidades e as possibilidades que se abrem, ou não, e as perspetivas de desenvolvimento são muito dependentes do sucesso dessa relação”, afirmou Clara Moura Guedes, alertando que “há bloqueios permanentes. Precisamos de certificados, de autorizações”.

“Só para dar um exemplo muito recente: exportamos para o Médio Oriente e Norte de África. Com esta convulsão [guerra no Médio Oriente], tivemos negócios que já estavam fechados que não se concretizaram. Estamos habituados a isto, mas é sempre complicado de gerir. Ontem aconteceu uma reunião em que aquilo que se fez foi aumentar a regulação para os destinos que entretanto ficaram fechados, em vez de se criar uma task force para se tentar abrir destinos alternativos“, contou.

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