Rocim atinge maioridade com Estados Unidos, Brasil e Angola como trunfos. E com nova identidade
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Rocim atinge maioridade com Estados Unidos, Brasil e Angola como trunfos. E com nova identidade

Susana Pinheiro,

Aos 18 anos de vida, Rocim é o chapéu para todas as marcas das várias regiões do país, com os vinhos premium a posicionarem-se, cada vez mais, nos Estados Unidos, Brasil e Angola .

Catarina Vieira e Pedro Ribeiro, Rocim5 julho, 2025

É uma história de amor às vinhas, regresso às origens e valorização do terroir a que Catarina Vieira e Pedro Ribeiro escrevem há 18 anos na Herdade do Rocim, no Alentejo. A dar cartas em 50 países — com trunfos nos Estados Unidos, Brasil, Angola e Suíça –, o casal vai investir um milhão de euros num novo armazém de logística e antecipa faturar oito milhões de euros num ano em que se apresenta com uma nova imagem e identidade para todas as marcas, de Norte a Sul do país.

A Herdade do Rocim atingiu, assim, a maioridade com uma nova identidade, com nome e imagem gráfica comum – Rocim –, que serve de chapéu para todas as marcas de vinhos que produz nas regiões vitivinícolas do Alentejo, Douro, Dão, Lisboa, Açores e Algarve – estas duas últimas resultam de parcerias com outros produtores. E com uma única garrafa, mais leve e serigrafada com o novo logótipo, para todas as referências da marca que, cada vez mais, se quer posicionar no segmento premium e de luxo, com um “excelente” perfil de vinhos e a preços mais elevados. Mas já lá vamos.

“Demorou 18 anos para nos sentirmos exatamente como somos. É a partir desta certeza que apresentamos a nova imagem Rocim: mais clara, mais coesa, mais próxima daquilo que nos define”, começa por descrever Pedro Ribeiro, satisfeito com o novo capítulo que agora começa a escrever com a mulher, Catarina Vieira.

Para o enólogo, “esta nova fase traduz a maturidade de um projeto guiado por ideias simples, mas firmes: valorizar o território, praticar uma agricultura responsável, preservar métodos tradicionais como a talha, e inovar com autenticidade”.

 

Movido pela vontade de arriscar, o casal tem trilhado um caminho repleto de desafios vínicos e os resultados estão à vista: o crescimento da marca tem sido de tal forma que o CEO da Rocim calcula atingir este ano um volume de negócios de oito milhões de euros, mais um milhão do que em 2024, com o mercado da exportação a assumir um peso de 60%. Pedro Ribeiro acredita que a aposta nos mercados dos Estados Unidos — apesar do atual contexto de insegurança económica —, Brasil, Dubai, Angola e Suíça tem sido certeira na estratégia do negócio no setor vitivinícola.

Novos desafios surgem agora que a Rocim atingiu a maioridade, para acompanhar a constante evolução da marca e, em simultâneo, dar resposta à crescente procura por vinhos premium, como é o caso do investimento de um milhão de euros na construção de um armazém de logística na propriedade alentejana, que deverá estar concluído em 2026. Catarina Vieira e Pedro Ribeiro pretendem duplicar a capacidade de armazenamento. “Atualmente, vendemos 1,5 milhões de garrafas e queremos aumentar para 2,5 a três milhões”, assinala o enólogo.

Para levar este projeto “urgente” a bom porto, foi preciso prorrogar um outro projeto, a construção da casa de turismo rural, que os dois anunciaram há alguns anos e que ainda não saiu do papel. “Agora surgiu esta necessidade urgente [de construir o armazém], pelo que pensamos arrancar com o projeto de turismo rural na Herdade do Rocim dentro de dois anos; o investimento ainda não está fechado”, conta ao ECO Pedro Ribeiro.

Para perceber melhor a história da Rocim é preciso recuar no tempo, quando há 18 anos Catarina Vieira e Pedro Ribeiro começaram a escrever as primeiras linhas nos 120 hectares da Herdade do Rocim — 70 de vinha e 10 de olival –, situada entre Cuba e Vidigueira, no Baixo Alentejo.

Herdade do Rocim
Herdade do Rocim13 setembro, 2024

Ousaram depois apostar nos vinhos de talha e o sucesso foi de tal forma que, em 2018, começaram a organizar o “Amphora Wine Day”, que vai já na sétima edição. A cada ano que passa conta com a participação de cada vez mais produtores nacionais e estrangeiros, e milhares de curiosos para assistir à tradição secular da abertura das talhas.

O evento acontece sempre por altura do Dia de S. Martinho, em novembro, para levar às bocas do mundo o vinho de talha, divulgar a gastronomia e o cante alentejano, este último classificado como Património Imaterial da Humanidade.

De olhos postos nos vinhos de luxo, a Rocim saltou para a ribalta com o lançamento, em 2021, do primeiro dos “Vinhos do Outro Mundo”, em parceria com o consultor de vinhos Cláudio Martins que acaba de lançar o tinto “Neptune Code 0.6”, em Florença.

As 800 garrafas do tinto “Júpiter”, a 1.000 euros cada, venderam-se em três tempos apesar do elevado custo. Ainda hoje há investidores a revenderem uma garrafa “a 2.000 ou 2.500 euros”.

Pedro Ribeiro continuou a arrojar, tirando da cartola mais um vinho que se posicionou no mapa vinícola internacional — o “Vinha da Micaela” — a rondar os 200 euros a garrafa.

Presente em várias regiões vitivinícolas do país, Pedro Ribeiro não esconde a ambição de um dia ainda produzir no Tejo e, quem sabe, na Beira Interior e em Setúbal. Mas o futuro o dirá.

Abertura das talhas no “Amphora Wine Day”

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