Grândola vai construir passadiço e parque de “alguns milhões” em Melides para acesso público à praia

Placa de sinalização da praia na EN261 tem sido furtada, denuncia o presidente da câmara. Para contornar limitação, criada por promotores imobiliários, autarquia investirá "alguns milhões".

As placas que indicam a direção da Praia da Galé, na EN261, junto a Melides, estão a ser alvo de retirada ilegal, sem que se conheça o autor, denunciou o presidente da Câmara de Grândola, nesta quarta-feira, durante a apresentação do plano do Governo para assegurar um acesso facilitado a todos os que queiram chegar às praias dos 45 km de costa inseridos no território do município.

“Não foi a câmara” que retirou as placas sinalizadoras, assegurou António Mende. “As Infraestruturas de Portugal já recolocaram várias vezes essa placa… não sei quem é” o autor do furto, diz o autarca.

À margem da apresentação do plano preparado pelo Governo para as praias de Grândola, o presidente explicou o investimento “de alguns milhões de euros” num parque de estacionamento público com 300 lugares e num passadiço até ao areal da Praia da Galé, criando uma alternativa às limitações impostas pelos privados, designadamente a imposição de apresentação do cartão de cidadão para atravessar o parque de campismo e chegar à praia.

O acesso à Praia da Galé “era público” e “sempre foi público”, mas não estava claro. “Agora”, diz o presidente da autarquia, António Mendes, referindo-se à imposição de colocação de placas decretada pelo Governo aos promotores de empreendimentos na costa de Grândola, “fica mais claro”.

Sobre a obrigação de apresentar o cartão de cidadão à entrada do parque de campismo que dá acesso à praia, o presidente da câmara diz que “sempre foi assim e vai continuar a ser”.

“Acho que é legal. Ninguém pode impedir que as pessoas vão à praia. O que querem, por razões de segurança, é ter identificação das pessoas que vão à praia”, considera.

Se disser que um ou dois promotores procuram restringir o acesso à praia, isso é verdade. Estamos a lutar contra isto.

António Mendes

Presidente da Câmara Municipal de Grândola

Contudo, admite o autarca, não é suposto haver imposição de apresentação de identificação para se aceder a uma praia, pelo que a câmara aplicará “alguns milhões” no terreno municipal – recebido pela autarquia como contrapartida pela construção do parque de campismo – vizinho dos novos empreendimentos que estão a ser edificados na área do parque de campismo.

O parque de estacionamento deverá ser feito em duas fases, face à dimensão do investimento, e para aceder à praia haverá um novo caminho público feito em passadiço.

“Se disser que um ou dois promotores procuram restringir o acesso à praia, isso é verdade. Estamos a lutar contra isto”. Sobre a fiscalização efetuada pela APA e implementação das medidas corretivas anunciadas no Ministério do Ambiente e Energia nesta quarta-feira, António Mendes diz que “foi importante para todos perceberem que não é assim como querem”.

Ao longo dos 45 km da costa no município de Grândola, há dezenas que não estão ocupadas com empreendimentos, realça o autarca, admitindo que a ausência de infraestruturas e de salva-vidas é um ponto de insegurança. “Queremos praias que possam ser concessionadas, tenham equipamento e as pessoas tenham segurança”.

O autarca referiu que “aqui há 15, 20 anos, toda a gente ia à praia e não tinha preocupação de segurança. Veja-se o que está a acontecer nos últimos anos. Nós temos de garantir que as pessoas têm segurança quando vão à praia. Mas se as pessoas quiserem ir [para praias sem vigilância], não temos culpa disso. Podem atravessar os terrenos, mas já é outra questão”.

Muito criticado pela proliferação de projetos imobiliários de grande dimensão na costa do seu concelho, António Mendes recusa que seja responsabilidade da câmara. “Não há projeto nenhum no concelho de Grândola, na faixa costeira, que não tenha tido a aprovação do ICNF e da APA”, assegura o autarca, recusando responsabilidade da câmara na aprovação dos Projetos de Interesse Nacional (PIN), criado no primeiro Governo de José Sócrates.

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