Concentração de motos de Faro gera mais de 3 milhões de euros. Veja aqui fotos do evento

“Concentração de motos tem importância vital para Faro”, diz presidente da câmara, secundado pelo congénere do Turismo do Algarve. Novo líder do motoclube apresenta novidades ao ECO/Local Online.

A única concentração de motos nacional certificada internacionalmente volta a atingir o marco das 20 mil pessoas, com mais de 8.000 motos concentradas no tradicional terreno junto ao aeroporto de Faro. O evento começou na passada quinta-feira e tem final marcado para as ruas da capital algarvia com o desfile de milhares de motos na manhã de domingo. A 43.ª edição da concentração, segundo estimativa da autarquia e da organização, superará os três milhões de euros – com os bilhetes unitários de 65 euros e a nova modalidade de entrada válida apenas para quinta-feira, e que levou milhares de pessoas extra-concentração ao recinto.

43ª Concentração motard em Faro - 18JUL25
Com cerca de 20 mil pessoas no recinto da Concentração Internacional de Motos de Faro e cada entrada vendida por 65 euros, a bilheteira atinge os 1,3 milhões de euros, valor a que há a somar as novas entradas de um dia, válidas apenas para quinta-feira, com um preço simbólico de cinco eurosHugo Amaral/ECO

“A concentração tem para nós uma importância vital, tanto pela notoriedade, que traz pessoas de todos os continentes há muitos anos, como a nível económico, com mais de 30 mil pessoas no nosso concelho e nos limítrofes”, diz ao ECO/Local Online o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau.

Organizado pela primeira vez em 1982, a concentração teve então 200 participantes, número que representa menos de um quinto das pessoas que este ano constituem a equipa, que inclui forças de segurança e técnicos de saúde no hospital de campanha montado no recinto.

“Se das 20 mil pessoas que estão dentro do recinto, cada uma gastar 100 euros, são dois milhões de euros num fim-de-semana, um valor calculado por baixo”, diz o autarca.

A estadia não tem duração igual para todos os participantes, mas só na quinta-feira e na manhã de sexta-feira já tinham sido vendidas mais de 10.000 entradas. Ao final da tarde de sexta-feira já eram 17 mil as entradas vendidas.

Apoiamos a concentração do ponto de vista financeiro, para fazer face a alguns custos logísticos da organização, mas acima de tudo, alavancamos do ponto de vista promocional o evento porque sabemos que é bastante relevante para alguns dos nossos principais mercados.

André Gomes

Presidente do Turismo do Algarve

O montante considerado por Rogério Bacalhau deverá ser repartido por restauração, hotelaria e alojamento local para os que não optam por acampamento, combustível para cerca de 8.000 motos, taxas aeroportuárias pagas pelos que chegam de avião – alguns dos quais alugam moto à chegada –, milhares de artigos de merchandising e equipamento para motos à venda nas dezenas de bancas da feira.

A estes há que somar cerca de 1,5 milhões de euros em bilheteira, seja na entrada de cerca de 20 mil pessoas com custo unitário de 65 euros (com direito a acampamento) e validade para quatro dias, seja na nova modalidade apenas para visitantes na quinta-feira, com um valor de cinco euros. Sem especificar quantos destes bilhetes vendeu, a organização dá nota de que estiveram 21.500 pessoas a presenciar os concertos de quinta-feira, sendo que aqueles que haviam chegado para os quatro dias ainda não chegavam aos 10 mil.

Criado este ano, o bilhete de um dia gerou uma aceitação entre a população de Faro e de concelhos limítrofes que justifica a sua manutenção para próximas edições, diz Pedro Baptista, que este ano assume pela primeira vez a direção do evento, após ter substituído em novembro o primeiro e até aqui único presidente do Motoclube de Faro, José Amaro.

Há situações caricatas, pessoas que vêm totalmente equipadas, inclusive há quem traga o capacete, vêm de avião e no domingo ou segunda voltam para casa.

Rogério Bacalhau

Presidente da Câmara Municipal de Faro

O volume de negócios gerado pela concentração internacional de motos, que se realiza em Faro desde 1982, nunca foi devidamente calculado, e será precisamente em 2025 que a organização promoverá esse estudo pela primeira vez, assegura Pedro Baptista.

Mas mesmo ainda sem esse estudo mais fino, a análise dos responsáveis do turismo da região é francamente positiva. “Durante a concentração, há um crescimento efetivo na ocupação hoteleira”, nota André Gomes, presidente do Turismo do Algarve, e não só na cidade que empresta o nome ao evento. “Até porque Faro não é dos concelhos onde temos mais oferta do ponto de vista hoteleiro, mas num conjunto de concelhos à volta da concentração, nomeadamente aqueles que são mais próximos, Loulé, Olhão, Albufeira”, conta André Gomes.

43ª Concentração motard em Faro - 18JUL25
43ª Concentração motard em FaroHugo Amaral/ECO

Entre as novidades deste ano está a candidatura a fundos do Turismo de Portugal – ainda a decorrer – e, para 2026, poderá estar aquela que seria a solução há muito procurada para o terreno privado onde decorre o evento e que, ao longo dos anos, tem motivado dúvidas relativas à viabilidade de presença do evento na edição seguinte. A situação no Vale das Almas “está mais ou menos ultrapassada.

“O município está a trabalhar para que o espaço possa ser um parque urbano”, a enquadrar com o parque natural da Ria Formosa, explica o autarca de Faro, que dentro de três meses terminará o seu terceiro e último mandato à frente da câmara da capital algarvia.

Com essa valência, terminam quaisquer hipóteses construtivas nos hectares ocupados pela concentração, e onde o motoclube trata, ao longo do ano, da limpeza, poda e plantação de árvores, nota o autarca.

Antigamente era um luxo viajar de avião, hoje, face ao preço dos bilhete, luxo é viajar de carro ou de moto

Pedro Baptista

Presidente do Motoclube de Faro

Rogério Bacalhau conhece bem esta que é a única concentração de motos portuguesa certificada pela entidade internacional de motociclismo. “Há muitas pessoas que vêm do estrangeiro de avião, chegam ao aeroporto e vão para a concentração, que fica a 500 metros”, conta.

“Há situações caricatas, pessoas que vêm totalmente equipadas, inclusive há quem traga o capacete, vêm de avião e no domingo ou segunda voltam para casa”, descreve o autarca.

Um modo de chegar à concentração que Pedro Baptista resume assim: “Antigamente era um luxo viajar de avião, hoje, face ao preço dos bilhete, luxo é viajar de carro ou de moto“. Ainda assim, nota, continuam a chegar motociclistas de Inglaterra, da Alemanha e de França.

A edição deste ano tem a particularidade de fazer parte de um calendário de 55 eventos patrocinados pelo Turismo do Algarve, entidade que celebra precisamente 55 anos. “Apoiamos a concentração do ponto de vista financeiro, para fazer face a alguns custos logísticos da organização. Mas acima de tudo alavancamos, do ponto de vista promocional, o evento porque sabemos que é bastante relevante para alguns dos nossos principais mercados”, diz André Gomes, presidente da entidade. Entre esses, Espanha e o Reino Unido, explica.

Ainda assim, desde o Brexit, a presença de britânicos teve uma redução, diz Pedro Baptista. Um dos meios para tentar inverter esta situação será a elaboração do cartaz do evento de 2026 até ao outono, de modo a permitir a marcação atempada, pormenoriza o presidente do Motoclube de Faro.

Ponto onde o presidente do motoclube e o líder do Turismo do Algarve não coincidem é na perspetiva de se poder “vender” a concentração internacional de motos como um festival de verão.

43ª Concentração motard em Faro - 18JUL25
Pedro Baptista, presidente do Motoclube de FaroHugo Amaral/ECO

A concentração também tem essa vertente de festival de música, havendo até a possibilidade de não motards entrarem no recinto e assistirem a esses concertos”, diz André Gomes. “É todo um impacto que gera não só naqueles que vêm de fora para participar especificamente na concentração, mas também nos próprios residentes e locais da região que já veem na concentração aquilo que também é a oferta do cartaz musical”.

Quem não quer ir em cantigas, apesar de apresentar no cartaz algumas bandas com notoriedade, como The Black Mamba, Moonspell ou os The Waterboys, é o presidente do motoclube: “Isto não é comparável com um festival de verão. Pode ter algumas semelhanças, mas a concentração nunca será festival de verão. Enquanto eu cá estiver, isto vai ser sempre só uma concentração, nunca será festival de verão”.

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