Câmara da Guarda deixa de regar 33% da área dos jardins da cidade para poupar água
A Câmara da Guarda vai deixar de regar uma área de 33% dos jardins da cidade e de repor água nas fontes decorativas e reduzir o consumo nos espaços desportivos para poupar água devido à seca.
“Estamos a reduzir, no imediato, em 1/3 a área de rega nos jardins da cidade e vamos acompanhar permanentemente a necessidade de aumentar esta redução até ao limite de 100%. No imediato, 33% dos jardins da cidade vão deixar de ser regados”, disse, esta segunda-feira, o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa.
O autarca falava na apresentação das “Medidas de Contenção Fundamentais para a Moderação dos Consumos de Água no Concelho da Guarda”, realizada no auditório do edifício sede da Divisão de Ambiente. “Se nós queremos água para beber, que saia na torneira, não a podemos continuamente desperdiçar nos jardins”, justificou.
Sérgio Costa adiantou que, devido à falta de água, as localidades de Avelãs de Ambom, Rocamondo e Traginha estão a ser abastecidas diariamente por camiões cisterna, porque as captações locais secaram. O edil referiu ainda que já foi solicitado à empresa Águas do Vale do Tejo a adaptação de duas Estações de Tratamento de Águas Residuais para fornecimento de águas residuais tratadas para rega.
No imediato, 33% dos jardins da cidade vão deixar de ser regados.
Ao nível do setor pecuário, foram reativadas antigas captações em três freguesias (Pousade e São Miguel e São Pedro do Jarmelo) para o abeberamento de animais.
Em relação às piscinas municipais, Sérgio Costa disse que “foi já dada ordem para diminuir a renovação ou a reposição da sua água até ao limite da manutenção dos parâmetros legais, com a eventual necessidade do seu encerramento”. Quanto às fontes decorativas da cidade, “mesmo estando a funcionar em circuito fechado, não será feita qualquer reposição de água por evaporação, podendo levar ao seu desligamento”.
O município também vai reduzir gradualmente o consumo nos espaços desportivos, “seja por rega, seja pela utilização dos balneários”.
Sobre a recomendação do Governo para o aumento de tarifas em relação aos grandes consumidores domésticos, atendendo “ao fraco impacto no concelho”, o presidente da Câmara da Guarda referiu que o município fará “uma análise técnica adequada de forma a analisar outras possíveis formas alternativas de poupança de água”.
Sérgio Costa lembrou que são proibidos os usos de água da rede pública em tanques e fontanários públicos e apelou aos cidadãos “para o uso consciente e ponderado da água”.
Rui Melo, da Divisão de Ambiente, avançou, por sua vez, com outras medidas que estão a ser equacionadas como a telegestão da rede de rega e a aplicação de um sistema de gestão da rega inteligente. A plantação de árvores e a utilização da telemetria e da telegestão para redução de perdas da água da rede pública são outras iniciativas a considerar.
O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Pimenta Machado, também presente na sessão, fez o ponto de situação da seca a nível nacional e disse que a barragem do Caldeirão, que abastece a cidade e o concelho da Guarda, está “em estado crítico e em vigilância”, por apresentar um volume de água armazenado de 53%.
A seca prolongada no continente está a afetar as culturas, levou a cortes no uso da água e obrigou aldeias a serem abastecidas com autotanques. Desde outubro de 2021 até agosto choveu praticamente metade do que seria o normal, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
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