Alijó e Sabrosa transformam granizo em água para evitar estragos nas vinhas e olivais

Alijó, Sabrosa, UTAD e Prodouro avançam com sistema antigranizo nas vinhas e olivais do planalto duriense. Projeto transforma granizo em água e custa 1,2 milhões de euros.

Os municípios de Alijó e de Sabrosa vão, dentro de um ano, implementar um “inovador” sistema antigranizo para proteger as vinhas e plantações de olivais, envolvendo um investimento de 1,2 milhões de euros. Os estragos, resultantes da queda de granizo, deixam os produtores a braços com avultados prejuízos, principalmente em Alijó que “é o concelho com maior produção de vinho e azeite da Região Demarcada do Douro”, começa por afirmar José Rodrigues Paredes, autarca deste concelho.

“No próximo ano já teremos implementado, no terreno, este sistema de defesa contra o granizo com um nível de eficiência de 80%”, avança ao ECO/Local Online o presidente da Câmara Municipal de Alijó. O projeto envolve as autarquias de Alijó e de Sabrosa, assim como a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Associação dos Viticultores Profissionais do Douro (Prodouro).

José Rodrigues Paredes vai apresentar este sistema antigranizo, durante um seminário dedicado ao impacto das alterações climáticas no Douro. O evento decorre na Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos, uma montra dos produtos da região que tem lugar de 16 a 18 de junho.

No próximo ano já teremos implementado, no terreno, este sistema de defesa conta o granizo com um nível de eficiência de 80%.

José Rodrigues Paredes

Presidente da Câmara Municipal de Alijó

Esta tecnologia, descreve o edil, “consiste no uso de um radar de grande amplitude” e na colocação de 24 estações meteorológicas fixas em locais previamente estudados pela equipa de projeto. O radar deteta a aproximação da massa de ar, a ameaça que é o granizo. “É emitido depois um sinal para as estações meteorológicas que disparam para a atmosfera um balão de hélio, que transporta uma carga de sais minerais, que dissolvem o gelo e cai água em vez de granizo”, completa o social-democrata.

José Rodrigues Paredes justifica a pertinência deste projeto com o facto de a viticultura de Alijó ter um peso significativo na economia local, com grande repercussão ao nível do turismo. De acordo com dados do Instituto do Vinho e da Vinha, só em 2022, foram produzidos 25.639.800 litros de vinho na região de Alijó. Cerca de 80% a 90% da faturação do concelho tem origem no setor vitivinícola.

O autarca aponta o dedo às alterações climáticas e quer atenuar os estragos do granizo num concelho que tem sido, ao longo dos anos, fustigado a par de outras localidades como Sabrosa. O projeto vem, assim, responder às constantes queixas dos viticultores e produtores de azeite da região que se veem abraços com avultados prejuízos sempre que os terrenos são fustigados pela queda de granizo. O cenário não é bonito de se ver com as vinhas e olivais danificados.

Alijó cria marca Vinhos Altos

A criação da marca Vinhos Altos para promover o território e potenciar o vinho desta região é outra das grandes novidades da Feira dos Vinhos e Sabores dos Altos deste ano. “Este é um outro Douro que damos a conhecer, onde os vinhos brancos — que são menos divulgados e reconhecidos na região –, passam a protagonizar um papel de destaque”, precisa José Rodrigues Paredes. Além dos espumantes e “do famoso moscatel“, completa.

Esta aposta estratégica do município visa posicionar no mercado o vinho desta região que tem a particularidade de ser produzido a cotas mais elevadas. Cerca de 30 dos 70 produtores/engarrafadores de Alijó dedicam-se à produção de Vinhos dos Altos.

Alijó tem acolhido, nos últimos anos, uma nova geração de produtores com uma identidade muito própria que ousou criar vinhos que fogem ao perfil habitual do Douro. São produtores que estão instalados no planalto de Alijó, uma zona mais fresca do Douro que, durante muito tempo, esteve fora do radar.

José Rodrigues Paredes

Presidente da Câmara Municipal de Alijó

“Alijó tem acolhido, nos últimos anos, uma nova geração de produtores com uma identidade muito própria que ousou criar vinhos que fogem ao perfil habitual do Douro. São produtores que estão instalados no planalto de Alijó, uma zona mais fresca do Douro que, durante muito tempo, esteve fora do radar”, acrescenta o autarca.

Ao todo, 45 produtores de vinho — de pequena, média e grande dimensão –, que produzem ou têm as suas unidades de produção e engarrafamento no Concelho de Alijó, participam na feira deste ano. Vão estar ainda em exposição produtos locais, como o azeite, o típico pão de Alijó, a bola de carne, o mel e os frutos secos.

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