Universidades portugueses participam em consórcio do grafeno que vai gerar 81 mil empregos

Graphene Flagship vai gerar 81.600 empregos e 5,9 mil milhões de euros até 2030. Resultou em 106 novos produtos, 17 spin-offs e 346 pedidos de patentes.

As universidades do Minho (UM), Porto, Aveiro e Lisboa, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) e empresas como a Graphenest (Aveiro), Glexyz e Sphere Ultrafast Photonics integram o Graphene Flagship – “um dos maiores projetos científicos de sempre da União Europeia” (UE). E que deverá gerar, até 2030, 81.600 empregos, 38.400 deles na Europa, assim como 5,9 mil milhões de euros em valor acrescentado bruto no mercado dos materiais bidimensionais, como o grafeno.

Estes dados são divulgados pela UM e resultam de um estudo do instituto alemão WifOR, apresentado no congresso que findou os dez anos do projeto, em Gotemburgo, Suécia.

Segundo a instituição de ensino superior, a empresa Graphenest criou o caiaque mais leve do mundo, um biopolímero para tratar lesões medulares e materiais para blindar a radiação eletromagnética. “Fabrica condutores baseados em grafeno e obteve este ano 1,8 milhões de euros numa ronda de financiamento”, adianta em comunicado.

“Já o INL e a UM têm feito desenvolvimentos com grafeno num nanodispositivo para entender melhor o cérebro, num detetor portátil de doenças infecciosas, em biossensores para a deteção precoce de isquemia (falta de sangue no organismo) e numa roupa com proteção química, térmica e elétrica”, descreve a instituição de ensino superior.

Nuno Peres, professor da Universidade do Minho

Por cá, os estudos teóricos nesta área em Portugal iniciaram-se com Nuno Peres, professor catedrático do Departamento/Centro de Física da Escola de Ciências da UM, que colaborou com várias instituições internacionais em projetos de vanguarda. “Os resultados foram publicados em diversas revistas como Reviews of Modern Physics, Science e Nature, mostrando, pela primeira vez, como a luz interage com o grafeno ou como guiar radiação infravermelha num guia de ondas com a espessura de um átomo, por exemplo”, descreve a UM.

Agora, este investigador português dedica-se a trabalhos de fotónica e às propriedades óticas de semicondutores e magnéticas de sistemas magnéticos bidimensionais.

O Graphene Flagship já resultou na criação de 106 novos produtos, 17 empresas spin-off, 346 pedidos de patentes e 4900 publicações científicas. Este consórcio envolveu mil milhões de euros de investimento e reuniu 170 academias e empresas de 22 países.

“A meta foi colocar a Europa na vanguarda da área e facilitar a comercialização do grafeno“, adianta a UM na mesma nota. O grafeno, descreve a instituição, “tem a espessura de um só átomo de carbono, sendo muito leve, flexível, condutor e resistente”. Este material, obtido de cristais de grafite em 2004, “também presentes na ponta de um lápis, e alvo do Nobel da Física em 2010, vai ser aplicado na próxima geração tecnológica, desde os transportes à biomedicina, eletrónica, energia e exploração espacial”.

A estrutura do tubo de grafeno da nanotecnologia, ilustração 3D

Na Graphene Week em Gotemburgo, por exemplo, foi apresentado um carro desportivo feito com compósitos de grafeno, um filtro para contaminantes na água à base de fibras ocas de grafeno, um tubo com sensores para detetar incêndios e ruturas, bem como painéis solares de células formadas por perovskita (mineral) e grafeno, sendo os mais eficientes neste âmbito.

Há ainda avanços científicos na remoção de gelo de asas de aeronaves da Airbus, num purificador do ar interior de aviões da Lufthansa e em disjuntores de quadros de distribuição da sueca ABB. “Como o grafeno é macio e maleável, pode ser usado em elétrodos implantados no cérebro para tratar tremores em pacientes com Parkinson, sem causar cicatrizes”, conclui.

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