Produção de cereais sobe no Alentejo, mas qualidade é inferior
Produtores dizem que os valores de qualidade do grão estão "muito abaixo da média", nomeadamente no setor do trigo duro.
A produção de cereais no Alentejo aumentou este ano em quantidade, mas com qualidade inferior devido à lixiviação dos solos, provocada pelo excesso de água que arrastou os adubos, alertou esta terça-feira um agrupamento de produtores.
Em declarações à agência Lusa, o dirigente da Cersul – Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul, José Maria Falcão, indicou também que este ano agrícola está a passar “sem seca”, principalmente no distrito de Portalegre, apesar de existirem alguns casos pontuais no Baixo Alentejo.
“É um ano sem problemas de água, nalguns sítios até com excesso de água em períodos que foram desnecessários”, disse.
A Cersul conta com cerca de 210 associados, que representam uma área global que ronda os 40 mil hectares, sobretudo nos distritos alentejanos de Portalegre e Évora.
Segundo o mesmo dirigente, vive-se “um bom ano” no que diz respeito à quantidade de cereais, mas “não é um bom ano em termos de qualidade”.
“Houve muita lixiviação, muito arrastamento de adubos com o excesso de água. E, por outro lado, foi muito difícil conciliar as adubações azotadas que dão mais qualidade e proteína ao grão”, explicou.
José Maria Falcão referiu ainda que os produtores cerealíferos estão a registar produtividades médias-altas, mas com valores de qualidade do grão “muito abaixo da média”, dando como exemplo o setor do trigo duro.
Houve muita lixiviação, muito arrastamento de adubos com o excesso de água. E, por outro lado, foi muito difícil conciliar as adubações azotadas que dão mais qualidade e proteína ao grão.
E, relacionado com este tipo de cereais, existe “um problema gravíssimo”, que é a descida do preço pago aos produtores, vincou. “No ano passado, o trigo duro atingiu os 400 euros por tonelada e, neste momento, nas cotações internacionais, não chega aos 250 euros”, o que “é completamente desastroso”, afirmou, lamentando: “É muito difícil fazer cereais com esta irregularidade”.
Questionado sobre a produção de milho, o dirigente da Cersul indicou que a mesma está “perfeitamente assegurada” na região do rio Caia, em Elvas (Portalegre), mas sublinhou que, “cada vez se faz menos”, este tipo de cultura naquela região.
O perímetro de rega do Caia, frisou, “está sustentado” em culturas como o olival, amendoal e tomate e já “quase não se faz milho”, apesar de ser “um ano bom” para este tipo de cereal.
A Cersul – Agrupamento de Produtores de Cereais do Sul foi o primeiro agrupamento de produtores de cereais e oleaginosas do país a ser constituído. Com sede em Elvas, foi criada em 1990, reconhecida como agrupamento de produtores em 1991 e como organização de produtores em 2012.
A empresa é responsável pela receção, condicionamento e comercialização de cereais e oleaginosas, além de funcionar como central de compras de fatores de produção e prestação de serviços.
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