Câmara de Sintra reduz para metade visitantes na Quinta da Regaleira
A partir de setembro, a câmara de Sintra reduzirá para metade o número de visitantes à Quinta da Regaleira. Medida visa travar pressão turística na vila, motivo de queixa de moradores e comerciantes.
Perante as constantes queixas de moradores e comerciantes de que há excesso de turistas, a câmara de Sintra garante que tem “implementado medidas para reduzir a carga turística nos principais monumentos culturais”. Inclusive, assegura, houve menos visitantes este ano do que em 2023. E prepara-se em setembro para reduzir para metade o limite de 9.000 turistas diários na Quinta da Regaleira, gerida pela Fundação CulturSintra.
“A partir de setembro deste ano o número máximo de visitantes neste monumento sofrerá uma redução de 50%, ou seja, uma diminuição para metade do número de turistas que diariamente visitam este monumento neste momento”, avança o município liderado por Basílio Horta ao ECO/Local Online. Este espaço cultural chega a receber 9.000 visitantes por dia, contabiliza a câmara que quer fazer uma melhor gestão dos fluxos turísticos.
Com estas decisões a câmara pretende atingir o “equilíbrio entre os benefícios do turismo e a mitigação dos efeitos do aumento do turismo nacional e internacional, e o impacto desta realidade no centro histórico” da localidade.
Aliás, aponta, “a redução do número diário de visitas no Palácio Nacional da Pena [este ano] foi uma opção estratégica e imposta por medidas pró-ativas”. Este monumento já chegou a registar 12 mil entradas num só dia. “A limitação para metade desse valor [12 mil visitantes], imposta no início de 2024, garantiu a melhoria da experiência de visita e a redução da taxa degradação do património devida à elevada pressão turística“, sublinha.
Como resultado, o Palácio Nacional da Pena, sob gestão da Parques de Sintra, teve este ano uma quebra de 16,5% relativamente a 2023.
A partir de setembro deste ano o número máximo de visitantes neste monumento sofrerá uma redução de 50%, ou seja, uma diminuição para metade do número de turistas que diariamente visitam este monumento neste momento.
Segundo a autarquia, estes dois monumentos estão entre os mais visitados em Portugal e a “sua localização no eixo Serra de Sintra/vila histórica está na origem dos principais problemas diários de pressão turística”. Daí a necessidade da implementação “destas medidas no Palácio Nacional da Pena e na Quinta da Regaleira que têm um profundo impacto na pressão turística que se sente diariamente no centro histórico da vila e zonas limítrofes“.
Apesar de a tendência de aumento constante de visitantes nos últimos anos, “a Parques de Sintra [uma das principais entidades na área cultural/turística desta cidade] verificou uma quebra de vendas nos primeiros meses de 2024“, calcula o município. O que, assinala, “contraria o aumento que vinha ocorrendo no período pós-pandemia da Covid-19” e que “continua a ocorrer noutros destinos semelhantes”.
A 15 de julho de 2024 a Parques de Sintra vendeu mais de 1,7 milhões de entradas, menos 3% do que igual período de 2023. Ano em que os monumentos, sob gestão da Parques de Sintra, receberam mais de 3,3 milhões de visitantes.
A limitação para metade desse valor [12 mil visitantes], imposta no início de 2024, garantiu a melhoria da experiência de visita e a redução da taxa degradação do património devida à elevada pressão turística.
“O município tem implementado medidas para a redução da carga turística nos principais monumentos culturais de Sintra, reforçando a qualidade e diversidade da oferta cultural /turística, e a atratividade do potencial do património cultural e natural para outros setores de atividade alternativos ao turismo“, assinala.
Esta estratégia é implementada em conjunto com as principais entidades envolvidas no setor turístico/cultural, dando a conhecer a amplitude turística de Sintra assim como “os roteiros óbvios que originam elevada pressão, nomeadamente na vila histórica”.
O município tem implementado ativamente medidas para a redução da carga turística nos principais monumentos culturais de Sintra.
Relativamente às medidas de mitigação da pressão do trânsito na vila de Sintra, a autarquia já condicionou o trânsito automóvel no centro histórico. Diz mesmo que se “revelou uma importante medida para melhorar a fruição deste local Património da Humanidade e incremento da qualidade de vida dos seus habitantes”. Mesmo assim, moradores e comerciantes continuam a queixar-se.
Entre as medidas para mitigar as consequências da pressão turística sentida, o município elenca a construção do parque de estacionamento periférico da estação da Portela de Sintra, com capacidade para 550 veículos. Encontra-se em fase de implementação o novo Parque de Estacionamento Ramalhão 1 – no final do IC19 e junto da principal entrada de Sintra – que irá acolher veículos e autocaravanas, assim como o Parque de Estacionamento Ramalhão 2, na mesma localização, que irá permitir o estacionamento de 500 viaturas.
Uma outra estratégia que não viu a luz do dia e que a câmara assegura que seria um “importante instrumento para a redução da pressão turística” é a regulamentação dos veículos de turísticos, nomeadamente os Tuk-Tuk. A medida previa a criação de um contingente do número de viaturas a circular, além da diferenciação de veículos elétricos ou com motor a combustão. “Mas por decisão judicial, entretanto objeto de recurso interposto pelo município, não foi possível implementar”, nota.
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