Fã de Vhils? Tem de conhecer “Diafragma”.
E já que falamos de exposições, um pouco mais a sul, não pode perder a acabadinha de inaugurar exposição individual do artista Alexandre Farto, também conhecido por Vhils, na Galeria Vera Cortês.
“Diafragma” representa o regresso de Vhils ao pensamento escultórico, onde usa as técnicas características do seu trabalho – Vhils desenvolveu uma linguagem visual singular com base na remoção das camadas superficiais de paredes e outros suportes através de ferramentas e técnicas não convencionais (como explosões pirotécnicas), descascando as camadas da cultura material como um arqueólogo urbano contemporâneo, destruindo para criar, formulando proposições visuais poderosas e poéticas a partir de materiais que a cidade rejeita, humanizando zonas deprimidas com os seus retratos em grande escala – para desvendar rostos e símbolos que habitam as paisagens contemporâneas. Nesta galeria de Lisboa encontrará obras únicas e novas séries do artista em que o território urbano é palco para refletir as desigualdades sociais e sobre as questões colocadas pelos avanços tecnológicos.
Em “Diafragma”, Alexandre Farto aka Vhils traz a luz e a sombra como mote principal. De que forma? Explorando o domínio sobre a escuridão, a descoberta da energia elétrica, que representou uma revolução – literal e metafórica – que permitiu ao homem controlar a sombra. Se a falta de luz sempre foi associada ao desconhecido, ao perigo e ignorância, a claridade representava o conhecimento e a criação. Foi no século XIX que o homem passou a domar a noite; e a atividade humana ganhou uma nova dimensão, sem os limites da luz natural. Feita a partir de lâmpadas tubulares, um elemento presente no quotidiano urbano e que nos conecta ao ritmo frenético das cidades modernas, a nova série expõe as camadas da vida nas metrópoles.
A velocidade, a conectividade, a deslocação dos indivíduos nas cidades são impulsionadas pela energia. A falta de acesso à luz elétrica é também, segundo o artista, o que perpetua a desigualdade. Hoje, a inteligência artificial e o desenvolvimento digital motivam provavelmente a maior revolução tecnológica desde então. A série “Blinders” utiliza estores como suporte para provocar uma reflexão sobre a cegueira contemporânea perante o avanço tecnológico. Esta é também a era da desinformação, do neocolonialismo digital, da dependência e da vigilância. A luz elétrica permitiu-nos controlar o mundo físico; a tecnologia de hoje desafia-nos a pensar se estamos a iluminar o caminho certo ou a criar novos campos de cegueira. Vhils faz-nos questionar sobre a busca incessante pelo controle da terra (e além dela): até que ponto estamos prontos para ficar na sombra dessa nova luz?
Um regresso à base, depois de no último ano ter inaugurado importantes projetos de intervenção pública, nomeadamente o monumental painel de azulejo na Gare de Orly em Paris, e exposições institucionais de destaque em Bruxelas, na Coreia e na América do Sul.
“Diafragma”, por Alexandre Farto aka Vhils
Galeria Vera Cortês
Rua João Saraiva, nº16 – 1º
1700-250 Lisboa
Tel.: 21 395 01 77
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