“Mais dois meses e temos o projeto” do polo de inovação e conhecimento de Pombal

Pombal aguarda proposta do Politécnico de Leiria com as áreas que poderão introduzir o ensino superior no concelho em breve. "Desporto é uma delas", admite o autarca Pedro Pimpão.

A meio caminho entre Lisboa e do Porto, pela A1, IC2 e pela A17, e com duas linhas ferroviárias a rasgar-lhe o território, Pombal quer instalar no seu território uma nova centralidade na formação académica em desporto, matéria sensível perante as pretensões do concelho vizinho de Leiria, onde se encontra a sede do Politécnico.

“Estamos disponíveis para acolhermos áreas de uma escola superior com as quais nos identificamos e em que fizemos trabalhos. Essa área do desporto é precisamente uma delas“, diz o presidente da Câmara Municipal de Pombal em entrevista ao ECO/Local Online.

Já este ano poderão começar as obras do novo polo de inovação e conhecimento. “Mais dois meses e temos aí o projeto”, assegura Pedro Pimpão. Que áreas do saber se deslocarão para o seu concelho, ainda não sabe. “Enquanto presidente da câmara, aguardo por aquilo que são as decisões do próprio politécnico, que está a suscitar essa discussão internamente nos órgãos próprios das escolas superiores de Leiria”.

Pombal tem em construção uma residência de estudantes com verbas do PRR, mas ainda não tem o polo do Politécnico de Leiria de que se fala para Pombal. Como está o processo?

No início de mandato, tínhamos um protocolo estabelecido com o Politécnico de Leiria (PL) e tínhamos o Núcleo de Formação do Politécnico, onde são ministrados alguns cursos técnicos superiores profissionais. Havia compromisso do PL de criar instalações próprias para uma estação superior na rede do politécnico.

Avançámos com o estudo prévio e, no ano passado, o Politécnico desenvolveu um grupo de trabalho que fez um estudo de análise de mercado de ensino superior, concluiu pela viabilização de uma escola superior e avançou com algumas áreas técnicas que poderiam ser a génese dessa escola superior.

Após esse trabalho, o PL, internamente, suscitou a possibilidade de se criar em Pombal uma escola superior de desporto, natureza e bem-estar, fruto de uma ligação a estas áreas no nosso território. E essa análise está a ser feita internamente pelos órgãos próprios do PL.

Paralelamente, a partir do momento em que o PL criou este grupo de trabalho que conclui pela viabilização da escola superior, nós avançámos com o projeto efetivo de construção de um polo. E neste momento estamos na fase do projeto, mais dois meses e temos aí o projeto para o novo polo de inovação e conhecimento que se vai fixar na zona do Casarelo – aqui na zona urbana da cidade.

No ano passado, o Politécnico [de Leiria] desenvolveu um grupo de trabalho que fez um estudo de análise de mercado de ensino superior, concluiu pela viabilização de uma escola superior e avançou com algumas áreas técnicas que poderiam ser a génese dessa escola superior.

Para quando?

Queremos avançar com as obras este ano.

Como vão assegurar que não se tornará apenas mais uma instituição académica no país?

Queremos que o polo de inovação e conhecimento seja uma infraestrutura diferenciadora, com laboratórios, unidades de investigação, associando o tecido económico e empresarial.

Uma unidade para quantos alunos?

É a análise que o politécnico está a fazer.

O compromisso de Pombal com o Politécnico está firmado há vários anos, é de o município ser responsável por criar infraestruturas físicas do polo onde se vai fixar a escola superior, e o politécnico definir a oferta formativa.

O presidente da câmara de Leiria, que é também presidente da Comunidade Intermunicipal, manifestou-se contra a deslocalização de um polo do desporto para Pombal. Entretanto, em conjunto com Pombal, Leiria emitiu um comunicado a indicar que há coesão. Quem vai ganhar o polo de desporto?

O compromisso de Pombal com o Politécnico (PL) está firmado há vários anos, é de o município ser responsável por criar infraestruturas físicas do polo onde se vai fixar a escola superior, e o politécnico definir a oferta formativa. Os estudos que existem identificam várias áreas onde essa escola superior pode incidir, sendo certo que respeitamos a autonomia do politécnico.

Quem vai definir a oferta formativa é o PL, que tem de definir os cursos, corpo docente e acreditar os cursos. Estamos disponíveis para acolher a oferta formativa que o PL e os seus órgãos entenderem que é a mais adequada para a nova escola superior.

Mas houve trocas de palavras em público. Em que ponto estamos?

O que é que aconteceu entretanto? O Politécnico de Leiria, internamente, suscitou a possibilidade de criar uma verdadeira escola superior de desporto, natureza e bem estar, autonomizando o departamento que agora existe dentro da Escola Superior de Educação, no sentido de promover o crescimento dessa área e poder ter outros cursos ligados ao desporto, nomeadamente alta competição, novas tecnologias associadas ao desporto, etc.

Tudo formações de que neste momento o politécnico não dispõe e pode disponibilizar no futuro no crescimento estratégico dessa área em particular. Enquanto presidente da câmara, aguardo por aquilo que são as decisões do próprio politécnico, que está a suscitar essa discussão internamente nos órgãos próprios das escolas superiores de Leiria.

Mas tem a ambição de fazer de Pombal um centro académico de desporto a nível nacional?

Naturalmente que estamos disponíveis para acolhermos áreas de uma escola superior com as quais nos identificamos e em que fizemos trabalhos. Essa área do desporto é precisamente uma delas, onde temos um percurso histórico e de dinamismo de desenvolvimento desportivo reconhecido por todos.

Hoje, temos um regulamento de apoio à prática desportiva, em que atribuímos meio milhão de euros só para incentivo à prática desportiva da juventude das novas gerações. É uma referência na região e no país, a forma como foi concebido. Temos um conjunto também de dinâmicas desportivas nas diversas modalidades, de equipamentos desportivos, de perspetiva de desenvolvimento de novas infraestruturas desportivas.

Somos, por estes meses, a capital nacional do atletismo de pista curta, uma vez que os equipamentos nacionais de atletismo em pista coberta são em Pombal. E temos proximidade de Leiria. Um dos projetos da CIM é aproximar Leiria e Pombal por intermédio de um transfer rápido de 15 minutos, um autocarro flexível que faça essa ligação rápida, o que permite continuar a ter todas as dinâmicas em Leiria e Pombal.

O que eu acho importante é que a Escola Superior de Pombal seja forte o suficiente para também beneficiar toda uma região e Leiria sair a ganhar com o facto de termos uma escola superior dinâmica e com impacto na comunidade.

Essa ligação será feita pelo IC2?

Há a possibilidade de ser pelo IC2, depois de requalificado, ou pela autoestrada.

Tem uma data?

Ainda não está definido.

Voltando ao polo académico. Que estratégia definiu para conseguir captá-lo para Pombal?

Eu quero deixar claro, é importante, porque eu não quero alimentar polémicas sobre este assunto. A definição da oferta formativa é do Politécnico de Leiria. Seja ela o desporto ou outra que o politécnico entender melhor.

Acho que é bom ficar ciente, até neste contexto em que vamos entrar num período de eleições autárquicas, para não haver nenhuma disputa entre as câmaras de Pombal e de Leiria. Isso não beneficia nada. Quem vai decidir a oferta formativa é o Politécnico, e nós estaremos de braços abertos para essa opção.

Quero deixar claro, é importante, porque eu não quero alimentar polémicas sobre este assunto. A definição da oferta formativa é do Politécnico de Leiria. Seja ela o desporto ou outra que o politécnico entender melhor. Acho que é bom ficar ciente, até neste contexto em que vamos entrar num período de eleições autárquicas, para não haver nenhuma disputa entre as câmaras de Pombal e de Leiria.

Que outros setores vos interessariam?

Temos várias áreas de desenvolvimento estratégico do nosso concelho: a industrial, agroalimentar, o agroflorestal e toda esta mancha florestal que temos. Temos 70% de área florestal, a proximidade ao pinhal interior, à Mata Nacional do Urso, ao pinhal de Leiria. Temos aqui desafios enormes na área da mobilidade, dos transportes e da logística. Temos das maiores empresas neste setor a nível nacional. É em Pombal que é realizado o Salão Nacional dos Transportes, organizado pela ANTRAM, e que é uma referência a nível nacional e internacional.

Temos, do ponto de vista da indústria, quer automóvel, transformadora, um potencial enorme. Nas novas tecnologias e na transição digital também. Nas novas tecnologias e da transição digital, temos boas empresas a trabalhar neste setor. Acho que uma escola de ensino superior deve olhar também para esta realidade e perceber o potencial de empresas instaladas que podem ajudar a escola a consolidar-se no futuro.

Nesse âmbito do digital, há aqui projetos nas smart cities, implementaram a Startup Pombal. Quando falta meio ano para as eleições, o que tem para mostrar destes quatro anos de governação?

Nós temos um programa que é o Pombal Digital, levamos literacia digital e informática a todos os alunos do primeiro ciclo. Este ano, conseguimos envolver o último agrupamento de escolas que faltava e, neste momento, todos os alunos do concelho de Pombal têm literacia digital, aulas, sessões práticas.

Estamos neste momento a desenvolver uma estratégia de transformação digital do concelho, e vamos apresentá-la em breve. E temos ainda nesta componente as novas tecnologias, a rede de espaços coworking. Neste momento, temos na zona histórica o Espaço Cowork, que vamos alargar e, em breve, teremos a nossa incubadora de empresas no Parque Industria Manuel da Mota, numa estratégia de incentivar o empreendedorismo associado a startups de base tecnológica. Vamos trabalhar com alguns parceiros, nesse sentido.

O Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, é uma referência no nascimento de empresas de sucesso em incubadoras, de que o caso mas visível será o da Feedzai. O que se propõe fazer nessa área?

Neste momento, estamos a consolidar a nossa estratégia de posicionamento, na área do empreendedorismo e estamos a dialogar com o IPN de Coimbra e com a Start Up de Leiria, para perceber de que forma vamos implementar a nossa rede em Pombal. Sabemos que é uma das áreas onde não é preciso inventar muito. Já há gente a trabalhar, e bem, nesta área, vamos potenciar e alargar ao nosso concelho também.

Há contactos já desenvolvidos com empresas?

Temos tido alguma relação com pequenas empresas, pequenas startups e spin-offs, umas na área da transição climática, na parte energética associada à natureza, e aos créditos de carbono, e na área social. É interessante que na área social tem havido alguns spin-offs a quererem abordagens inovadoras na componente social, nomeadamente no apoio a cuidadores e idosos, etc.

Vindos de fora do município?

O município consegue atrair. Há pessoas que querem vir falar connosco e perceber de que forma os podemos ajudar a potenciar as ideias e projetos que têm.

Como por exemplo.

Neste momento, o que temos é dentro do Politécnico de Leiria alguns spin-offs que querem trabalhar connosco. Uma é na construção de um laboratório de investigação para a sustentabilidade ambiental, e está numa fase de amadurecimento interno.

Na parte social, um dos casos é a Agilidades, que é um spin-off do Politécnico de Leiria. Veio falar connosco e perceber se havia condições para se sediarem em Pombal e poderem desenvolver a sua atividade a partir do nosso território, percebendo que podemos dar algumas mais valias de contexto para potenciarem a sua atividade.

A câmara é que estabeleceu esses contactos?

São eles, porque vamos tendo alguns projetos em parceria, e também em função do conhecimento do nosso território – nós temos a capacidade de envolver quem trabalha connosco. Percebem que há uma boa dinâmica, e não digo da câmara municipal, isso é uma parte. É uma boa dinâmica das instituições sociais, das empresas, das escolas. Isso é muito importante para nós também.

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