Endividamento da câmara de Lisboa aumentou 52,5 milhões de euros em 2024

Executivo de Carlos Moedas anuncia "a maior execução orçamental de sempre" em 2024. Dívida cresceu para 322 milhões de euros. Do lado do PRR, a habitação obrigou a câmara a esforço acrescido.

Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, culpa a oposição pelo crescimento da dívida. FERNANDO VELUDO/LUSAFERNANDO VELUDO/LUSA

A Câmara Municipal de Lisboa terminou o ano de 2024 com mais 52,5 milhões de euros de endividamento em relação a 2023. A 31 de dezembro, a dívida total do município situava-se nos 321,9 milhões de euros, “refletindo os financiamentos contratados para apoiar os investimentos em habitação, infraestrutura escolar, mobilidade e ação climática”, explana a autarquia. O Executivo de Carlos Moedas garante que, no último ano, “alcançou a maior execução orçamental de sempre”.

No que concerne ao resultado líquido de 2024, este mantém-se no vermelho, apesar da melhoria de 8,7 milhões de euros, passando de um resultado negativo de -18,6 milhões de euros para -9,9 milhões de euros. Já em 2023 o município atingiu um resultado líquido negativo de 18,59 milhões de euros, devido a um acréscimo de gastos, designadamente com a Jornada Mundial da Juventude, enquanto em 2022 houve um resultado líquido positivo de 99,8 milhões de euros, de acordo com dados da autarquia.

Este é o último orçamento municipal deste mandato (2021-2025) proposto pela coligação Novos Tempos, que governa Lisboa sem maioria absoluta. O Executivo de Carlos Moedas culpabiliza a oposição pelo aumento do endividamento após ter concluído o Relatório de Gestão e Contas referente ao ano de 2024. “O valor do aumento em relação ao ano anterior (+52,5 milhões de euros) tornou-se inevitável face à inviabilização de receitas de investimento pela oposição, e corresponde a uma pequena parte do investimento realizado neste mesmo ano”, explana o município num comunicado.

Ainda assim, sustenta, o valor mantém-se muito abaixo da média da receita corrente líquida cobrada nos três exercícios anteriores (819,0 milhões de euros), respeitando amplamente os limites definidos no controlo do endividamento municipal”.

De acordo com o Relatório de Gestão e Contas relativo a 2024, “a capacidade absoluta de endividamento no final do exercício económico reflete um reforço da capacidade municipal a este nível, face ao enquadramento existente no início do mandato”.

Já no que concerne ao total das transferências provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), estas somaram 62,2 milhões de euros, correspondendo a uma taxa de execução de 44,5%, na qual “mais de metade” foi “concretizada no último trimestre do ano”, aponta o documento divulgado à imprensa nesta segunda-feira.

A este propósito, o município esclarece que a “baixa e tardia taxa de execução, em especial ao nível das receitas do PRR Habitação, não foi acompanhada pelo mesmo nível de desempenho ao nível da execução da despesa — que só na habitação ascendeu a 71,0 milhões de euros — o que evidencia que o desempenho do PRR Habitação acarretou para o município um fator acrescido de exigência, não só ao nível orçamental, mas também em termos de tesouraria”.

Mesmo assim, o Executivo lisboeta anuncia, esta segunda-feira, que “alcançou a maior execução orçamental de sempre” em 2024: “No presente mandato autárquico alcançou-se uma média de execução de 85,1%”.

Estes resultados são a prova de que é possível baixar impostos às pessoas e manter as contas certas.

Carlos Moedas

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

“A despesa executada atingiu 1.069,7 milhões de euros, com uma taxa de execução de 85,9% e uma taxa de pagamento de 98,9%, representando um acréscimo de 53,4 milhões de euros (+5,3%) face a 2023″, contabiliza a autarquia.

“Estes resultados são a prova de que é possível baixar impostos às pessoas e manter as contas certas. Assumimos este compromisso no início de mandato e provámos que era possível. Tudo isto sem nunca deixarmos de investir nas principais prioridades da cidade e no mais importante”, assinala o autarca Carlos Moedas, citado na mesma nota.

Já a receita total cobrada atingiu uma taxa de execução orçamental de 87,5%. A receita aumentou 50,4 milhões de euros (+4,8%) em relação a 2023, totalizando 1.093,3 milhões de euros, dos quais 902,4 milhões de euros reportam-se à atividade operacional. O que demonstra, explana a autarquia, que “a principal fonte de financiamento municipal é de natureza operacional, em consonância com o elevado grau de autonomia orçamental do município”.

Contas feitas, o saldo orçamental fixou-se em 24,6 milhões de euros, a que se soma o saldo das operações de tesouraria, totalizando um saldo de gerência a transitar de 34,2 milhões de euros, contabiliza o Executivo.

Segundo o município, o saldo corrente cifrou-se em 120,9 milhões de euros e o saldo de capital em -187,4 milhões de euros, “revelando que 70,4% da despesa de capital foi financiada com receitas correntes”. O Executivo de Carlos Moedas explica que “este desempenho traduziu-se num equilíbrio total de 102,2% e num equilíbrio orçamental de 114,3%”. A autarquia salienta a redução de receitas de 74,7 milhões de euros, valor referente à redução da taxa de IRS retido aos munícipes.

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