O CEO do Novo Banco, António Ramalho, revelou esta terça-feira que já recebeu o parecer independente encomendado que avalia as vendas de ativos imobiliários. A análise foi feita pela norte-americana Alvarez & Marsal, uma consultora global que se apresenta assim: “trabalhamos como conselheiros, líderes interinos e parceiros, que dizemos o que tem de saber, mas nem sempre o que quer ouvir“.
Num audição parlamentar esta terça-feira, Ramalho disse que vai entregar na Assembleia da República o resumo do parecer que tinha pedido a uma consultora independente. Adiantou já que os resultados confirmam o que já tinha sido dito pela Alantra: que as vendas foram feitas acima do preço do mercado e que foram vendas de grande qualidade.
Mas quem são estas pessoas que o gestor chamou para validar as polémicas alienações? Em 1983, Tony Alvarez e Bryan Marsal uniram-se com o objetivo de ajudar as empresas a “transformarem áreas de estagnação em crescimento de forma a alcançar resultados sustentáveis”, como explicam no seu site. No caso do Novo Banco, o segmento problemático são os ativos tóxicos, em grande parte herdados do Banco Espírito Santo (BES), que tem vindo a vender em pacotes.
A estratégia de colocar no mercado grandes carteiras de malparado acelera o processo de limpeza, mas os ativos são vendidos a um preço mais baixo. O desconto poderá gerar perdas para o Novo Banco e, consequentemente, agravar as necessidades de injeções de capital pelo Fundo de Resolução. A assessora das vendas, a Alantra, já tinha dado esta garantia, mas o CEO chamou também a consulta independente para assegurar que não era o caso.
A Alvarez & Marsal é uma consultora com sede nos EUA, que está presente em 24 países dos quatro continentes, sendo que não tem escritório em Lisboa. “Ao longo de mais de três décadas, a A&M estabeleceu o padrão no que diz respeito a ajudar organizações a lidarem com questões negociais complexas, melhorar o desempenho operacional e maximizar o valor para as partes interessadas”, explica.
Quanto ao que faz, a empresa garante que descobre e implementa a solução certa no momento e na forma certos. Aí estão abrangidos um rápido diagnóstico, ação exata e solução prática. “Somos uma empresa de consultoria conhecida por fazer perguntas difíceis, ser boa ouvinte, cavar e arregaçar as mangas. Somos orientados para factos e para a ação. Fazemos avançar os nossos clientes, para onde eles precisam de ir. Somos a A&M”, acrescenta.
Esta não é a primeira vez que o Novo Banco trabalha com esta consultora. O Novo Banco esteve impedido de reavaliar as suas posições em fundos de reestruturação até outubro de 2019 por acordo com o Fundo de Resolução, mas — por imposição do Banco Central Europeu — fê-lo já no fim do ano com recurso também à Alvarez & Marsal.
Segundo confirmou à Lusa o próprio banco, a consultora foi responsável pela reavaliação independente do valor das posições em seis fundos: o Fundo de Recuperação FCR, o Fundo Recuperação Turismo, o FLIT, o Fundo Reestruturação Empresarial, o Aquarius e o Discovery. O valor foi estabelecido em 557,2 milhões de euros, levando a um registo de perdas de 260,6 milhões de euros nas contas do primeiro semestre do ano.