📹 Que empresas beneficiam do PRR?

Apesar de concentram mais de metade do financiamento total, as empresas públicas têm um peso negligenciável no número total de beneficiários.

A quase totalidade das empresas que beneficiam do Plano de Recuperação e Resiliência são PME (97%) e existe uma elevada dispersão na magnitude dos projetos financiados. São financiados em média com 11 milhões de euros, no caso das grandes empresas, e com 90 mil euros no caso das microempresas, revela o Banco de Portugal, na caracterização que faz das empresas beneficiárias da bazuca europeia.

“Em média, cada beneficiário tem apenas um projeto aprovado, sendo que esse valor aumenta com a dimensão da empresa. As grandes empresas reúnem 54% do financiamento coberto nesta amostra. As empresas públicas têm um peso negligenciável no número total de beneficiários, mas concentram mais de metade do financiamento total”, pode ler-se no Boletim Económico, publicado este este mês pela instituição liderada por Mário Centeno.

Com base nos dados do Portal da Transparência, o Banco de Portugal conclui que os projetos de maior envergadura serão implementados por grandes empresas cujo valor mediano de financiamento é de 960 mil euros, uma evidência da elevada dispersão existente também entre beneficiários nas mesmas categorias de dimensão. “A dispersão é particularmente elevada entre as grandes empresas, que incluem por exemplo beneficiários diretos responsáveis por grandes projetos de infraestruturas (como a expansão da rede do metro de Lisboa ou Porto ou o reforço das ligações transfronteiriças), bem como executores de investimentos de magnitudes muito pequenas”, assinala o boletim. Por exemplo, o Metropolitano de Lisboa tem contratualizados 554 milhões de euros, o Metro do Porto 365 milhões e o Arsenal do Alfeite tem dois milhões.

Este fenómeno de grande dispersão de financiamento também se verifica no caso das microempresas com a mediana nos 7,9 mil euros.

O retrato traçado pelo Banco de Portugal revela ainda que 41,7% das empresas com candidaturas aprovadas estão concentradas no comércio e na indústria transformadora. Mas o financiamento médio aprovado para as empresas destes dois setores corresponde, apenas, a 1,7% e a 15%, respetivamente, do total considerado.

O setor que concentra uma maior percentagem do financiamento aprovado é o dos transportes e armazenagem (34,7%). E aqui os montantes estão concentrados num número relativamente pequeno de empresas (2,9%) dominado pelos beneficiários diretos executores de grandes projetos de infraestruturas de transportes.

Questionado pelo ECO sobre se esta é a concentração desejável para que o PRR tenha um verdadeiro efeito transformador da economia, o Banco de Portugal explicou que “independentemente da distribuição setorial do financiamento, importa que os fundos sejam aplicados eficaz e eficientemente em projetos que catalisem a capacidade produtiva da economia e o seu potencial de crescimento no longo prazo”.

Independentemente da distribuição setorial do financiamento, importa que os fundos sejam aplicados eficaz e eficientemente em projetos que catalisem a capacidade produtiva da economia e o seu potencial de crescimento no longo prazo.

Fonte oficial do Banco de Portugal

De acordo com os dados mais recentes, de 28 de dezembro, foram pagos 1,27 mil milhões de euros aos beneficiários finais, o que corresponde a uma taxa de execução de 8%. Mas, ao que o ECO apurou vai ser possível cumprir até ao final do ano a meta de 8,5% (1,4 mil milhões de euros) aos beneficiários finais.

O Presidente da República tem sido um dos mais ativos nos apelos à aceleração da execução dos fundos europeus. Até a propósito da demissão da secretária de Estado do Tesouro, devido à indemnização de meio milhão que recebeu quando cessou funções na TAP, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de dizer: “Vamos ver se há a eficácia que desejamos, nomeadamente nos fundos europeus”, sendo que, se para isso for necessário mudar, o Governo “muda-se”.

A meta definida pelo presidente da Estrutura de Missão era ter 8,5% (1,4 mil milhões) do PRR pago aos beneficiários finais até ao final do ano. Mas não foi cumprida. Apesar da grande aceleração nos pagamentos — numa semana foram pagos 85 milhões de euros — o objetivo ficou por cumprir por 13 milhões até ao final do ano.

Mas Fernando Alfaiate prefere sublinhar que a taxa de execução do PRR é de 21%, tendo em conta as metas e marcos cumpridos. “Com este segundo pedido de pagamento foram comprovados 20 marcos e metas, contando para os 58 marcos e metas com avaliação positiva, o que representa uma validação de 21%, ou seja, 3.429 milhões euros”, escreveu o presidente da Estrutura de Missão Recuperar Portugal, no dia em que Bruxelas deu luz verde ao pagamento da segunda tranche da bazuca a Portugal.

Esta é, aliás, a metodologia recomendada por Bruxelas e que, naturalmente, o Executivo também privilegia.

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