Primeira etapa do vale da Farfetch abre em 2026 e pode ganhar estação de metro

Construção do complexo Fuse Valley apenas deverá começar no final deste ano. Atraso no licenciamento foi aproveitado para aumentar espaços verdes e reforçar área para residência partilhada.

O complexo empresarial da Lionesa e o Super Bock Group, na Via Norte, em Matosinhos, vão ganhar um vizinho nos próximos anos. Promovido pelo Castro Group e pela Farfetch, o projeto do Fuse Valley foi apresentado em setembro de 2021 e as obras deverão, finalmente, começar no final deste ano. Inicialmente prevista para o final de 2025, a abertura da primeira fase do campus empresarial passou para o segundo semestre de 2026.

A demora no processo de licenciamento atrasou, em um ano, o arranque da empreitada que vai nascer junto ao rio Leça. O tempo não foi dado como perdido e serviu para reforçar a proposta de captação de empresas multinacionais para o terreno com cerca de 156 mil metros quadrados, o equivalente a mais de 15 campos de futebol.

Campus empresarial integra rio Leça na sua infraestruturaPlay Time

“Vamos entrar no mercado numa altura em que a questão dos escritórios do futuro já vai estar mais consolidada. O trabalho híbrido também”, sinaliza em entrevista ao ECO o líder do Castro Group. “O nosso foco são as empresas tecnológicas, que vivem um momento conturbado. Se entrássemos agora, seria mais complicado”, especifica Paulo Castro.

Dentro do terreno está prevista a construção, para já, de 24 edifícios. Entre os perto de 140 mil metros quadrados de área total de construção, a Farfetch vai ocupar mais de 40% (perto de 61 mil metros quadrados) do total; o Castro Group vai ocupar a restante área, com escritórios arrendados a empresas, praças, um hotel, terraços e ainda espaços para comércio e serviços, segundo a informação apresentada ao mercado no passado mês, na feira do mercado imobiliário de Cannes, em França.

As nossas referências são projetos espalhados noutros países europeus habituados a captar multinacionais. É neste mercado que nos pretendemos colocar. Há uns anos, essas empresas entravam sempre por Lisboa e só olhavam para o Porto quando queriam abrir um segundo escritório. Hoje sentimos que há muitas empresas a olhar diretamente para o Porto e a instalarem-se cá diretamente, sem passarem por Lisboa

Paulo Castro

Líder do Castro Group

Ano e meio antes, em setembro de 2021, o projeto também incluía perto de 33 mil metros quadrados em praças para os edifícios da Farfetch e 70 mil metros quadrados para as praças do lado do Castro Group. No mês passado, a empresa de promoção mobiliária reduziu as praças para cerca de 24 mil metros quadrados. A área de espaços verdes cresceu de 86.513 para 130.816 metros quadrados.

Na nova versão do Fuse Valley, áreas verdes aumentaram e estão previstas menos praças. Campus ganhou edifício triangular.Big Bucharest Studio

As mudanças não ficam por aqui. Na área central do Fuse Valley, na zona do Castro Group, houve três edifícios que foram reunidos num só, em forma triangular, para albergar a Fundação José Neves. O edifício do hotel deixou de partilhar o espaço com os apartamentos. Na nova versão do Fuse Valley, há um espaço próprio para residências partilhadas (coliving).

“Concluímos que o edifício do hotel era pequeno para as duas coisas, pelo que acrescentámos um terreno. Queremos ter 150 unidades para o Fuse Valley Residence, que ficará dividido em um ou dois edifícios. Só não fazemos mais espaços porque sabemos que a oferta vai aumentar bastante em redor do Fuse Valley”, revela Paulo Castro. Os apartamentos vão “servir sobretudo para os trabalhadores do campus“.

Nova estação de metro e comunidade solar

“Este empreendimento tem ambições relativas à sustentabilidade. Estamos a trabalhar para obter uma série de certificações ambiciosas e exigentes”, garante o líder do Castro Group. A aposta na mobilidade ecológica e nas energias renováveis são dois dos pilares do Fuse Valley: “Queremos ser neutros em emissões de dióxido de carbono e autossuficientes em termos energéticos.”

Na área da mobilidade, há negociações com a câmara de Matosinhos e a Metro do Porto para que a linha C ganhe uma nova estação. “A linha passa a 150 metros do empreendimento. Pretendíamos construir uma nova estação de metro, que seria a estação Fuse Valley. Isto melhoraria muito o nosso desempenho nesta área.” Por agora, as estações mais próximas são Araújo e Custió, a um quilómetro a pé. O projeto também contempla ligações para bicicletas – graças à proximidade com a Ecovia do Leça – e carreiras frequentes de autocarros.

No novo projeto, Fuse Valley reduziu área das praçasFusão

O Fuse Valley também fica perto da Linha de Leixões, desativada para o serviço de passageiros desde 2011 e cuja reabertura já foi pedida por mais de 120 empresas da Via Norte. “Com toda esta gente que vamos ter a trabalhar, o Fuse Valley vai contribuir para a viabilidade da reativação desta linha para passageiros”, prevê o líder do Castro Group.

Na área energética, a promotora imobiliária procura um parceiro para criar uma comunidade solar. Os painéis poderão alimentar os edifícios do campus e ainda espaços vizinhos.

Porto: da escala ao voo direto

O Fuse Valley será construído em duas fases, prevendo acolher cerca de 10.000 trabalhadores: a primeira etapa ficará pronta no segundo semestre de 2026 e implica um investimento de cerca de 200 milhões de euros, repartido com a Farfetch; a segunda estará concluída em 2030. No mínimo, a primeira fase servirá para “construir o miolo da avenida central e depois mexer nas pontas para que o projeto faça sentido em todos os aspetos. Isto permitirá a criação das praças, da comunidade e do valor estético”.

O trabalho comercial para captar empresas para o espaço vai começar no início de 2024. “A partir do momento em que nos começarmos a comprometer com as empresas para a data de entrega do escritório nós temos de estar 100% seguros e mais maduros em relação aos prazos”, alerta Paulo Castro.

Complexo empresarial será vizinho da Lionesa e do Super Bock GroupFusão

O gestor garante que espaço vai conseguir gerar atenção internacional. “As nossas referências são projetos espalhados noutros países europeus habituados a captar multinacionais. É neste mercado que nos pretendemos colocar. Há uns anos, essas empresas entravam sempre por Lisboa e só olhavam para o Porto quando queriam abrir um segundo escritório. Hoje sentimos que há muitas empresas a olhar diretamente para o Porto e a instalarem-se cá diretamente, sem passarem por Lisboa.”

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