Lionesa retoma expansão imobiliária de 100 milhões até ao mosteiro de Leça

Centro empresarial de Matosinhos duplica espaço até 2025. Projeto prevê construção de nova área de escritórios, ligação a zona verde e edifício de coliving com capacidade para 160 alojamentos.

O Lionesa Business Hub (LBH) vai avançar com o projeto de expansão para sul, fazendo a ligação entre o lote original da antiga fábrica de sedas e o Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos. O projeto de expansão até aos 110 mil metros quadrados, que mais do que duplica a área atual, representa um investimento superior a 100 milhões de euros e prevê a construção de uma nova área de escritórios e também de um edifício de coliving.

Foi há quase cinco anos, em junho de 2017, na presença do então secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, que o centro empresarial nortenho apresentou um masterplan da autoria do arquiteto António Leitão Barbosa, que incluía um hotel ou a edificação de uma torre de 25 pisos. Após uma reformulação de conceitos, nomeadamente na parte residencial, o projeto está agora “em processo de concurso para avançar ainda este ano” e mantém o prazo de conclusão em 2025.

“Decidimos crescer aqui por várias razões: pela envolvente e pela escala, que faz com que tenhamos outra credibilidade e outro peso a nível internacional. O corredor central vai continuar até ao Mosteiro. Do lado direito vamos ter coliving e alguns edifícios de escritórios e de apoio, como restauração ou ginásios. E do lado esquerdo vamos ter um grande projeto paisagístico, que está a ser desenvolvido em conjunto com a reabilitação do Mosteiro pelos arquitetos Siza Vieira e Sidónio Pardal”, resume Eduarda Pinto, diretora geral do LBH.

O terreno já pertence desde 2016 à família do empresário Pedro Pinto, acionista única deste centro empresarial criado em 2002 para revitalizar o antigo espaço industrial da Lionesa, que faliu no final dos anos 1990. O parque de estacionamento que funciona naquele local vai passar a ser subterrâneo e os novos edifícios vão surgir por cima. “Não estamos a falar em construção de escala nem de altura. Pelo contrário, será tendencialmente baixa para ir ao encontro desta visão para o Mosteiro”, sublinha.

Terreno para expansão da Lionesa até ao Mosteiro de Leça do Balio, atualmente ocupado com estacionamento à superfície, pertence desde 2016 à família do empresário Pedro Pinto

“Ainda este ano queremos executar, pelo menos, metade das garagens. Estamos a falar em mais de 20 mil metros quadrados. Quando lançámos isto, pensámos em 2025 e esse é um prazo que está em cima da mesa. Mas mais do que o prazo, pretendemos consolidar o nosso conceito. Se para isso tivermos de sacrificar prazo, vamos sacrificar”, admite a gestora deste centro empresarial em que a FedEx vai instalar um centro de serviços partilhados com 700 pessoas.

Nova área residencial com 160 unidades

A nova área de escritórios vai contar com três infraestruturas distintas, concebidos por vários arquitetos a título individual, mas que estão “a trabalhar em conjunto porque, se um dia um inquilino quiser ocupar a área toda, os edifícios têm de ser capazes de conviver entre si”. “Tem de haver flexibilidade total porque todos os nossos espaços são customizados, tudo é feito em função do cliente”, esclarece Eduarda Pinto, notando que “cada vez mais o foco é captar as grandes empresas, embora as pequenas também sejam importantes e a diversidade é fundamental”.

Já o projeto de coliving, que deverá estar pronto em 2024, terá capacidade para 100 unidades de alojamento, com a possibilidade de ter ainda mais cerca de 60 apartamentos. Terá soluções para estadas de curta duração, como quartos ou estúdios, ou para estadas mais prolongadas, associando serviços como a lavandaria. A exploração desta componente residencial da futura Lionesa vai ser entregue a terceiros, estando a administração da Lionesa já a negociar com diferentes operadores.

Eduarda Pinto, diretora geral do Lionesa Business Hub

A opção pelo modelo de coliving é explicada com a “necessidade das empresas, que muitas vezes fecham o contrato de trabalho e oferecem residência ao colaborador”. Por outro lado, “quando implementam aqui uma nova operação, trazem sempre os expatriados e não é confortável estarem numa lógica de hotel, daí a ideia de ser um espaço em que possam estar numa residência com serviços associados e estar em comunidade”, completa a diretora geral.

Outro dos “propósitos” deste coliving é integrar um espaço de trabalho partilhado (coworking). Contando atualmente com uma comunidade de 7.000 pessoas, de 40 nacionalidades, este centro empresarial no concelho de Matosinhos, com perto de 125 empresas instaladas, é “cada vez mais procurado por pessoas individuais que querem estar integradas num ecossistema” deste género.

“Começa a ser um serviço que é fundamental termos. Por outro lado, muitas vezes quando as multinacionais vêm, pela primeira vez, para o país, gostam de começar por ocupar menos área, perceber como as coisas funcionam, ter meia dúzia de colaboradores pivô e depois começarem a crescer e a expandir. O coworking permite também gerir esse tipo de situações”, contrapõe Eduarda Pinto.

O tema do teletrabalho mata quando há a preocupação da retenção do talento. Cada vez mais, as empresas têm de estar próximas das pessoas e isso tem de ser feito de forma física.

Eduarda Pinto

Diretora geral do Lionesa Business Hub (LBH)

Na lista de tendências no mercado dos espaços de trabalho, a responsável da Lionesa coloca a existência de “cada vez mais espaços colaborativos e iniciativas que promovam o engagement e a passagem da cultura empresarial aos colaboradores”. Uma das apostas passa pelo desenvolvimento do conceito de business club, disponível para toda a comunidade, com o objetivo de estimular o network, a troca de experiências, os encontros pós-laborais e a realização de atividades, como eventos ou aulas de ioga e de surf.

E o teletrabalho não é uma ameaça para um negócio de acolhimento de empresas? “O tema do teletrabalho mata quando há a preocupação da retenção do talento. Quando vamos para casa trabalhar, tanto me faz trabalhar para A como para B, se é o mesmo tipo de trabalho que estou a desenvolver. Cada vez mais, as empresas têm de estar próximas das pessoas e isso tem de ser feito de forma física. De uma forma remota não é fácil passar muitas das coisas”, responde a diretora do LBH.

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