BRANDS' Local Online “A aposta das empresas maiores é entrar no Horizonte Europa”

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  • 11 Abril 2024

Luís Mira Amaral, economista e consultor da FNWAY, marcou presença nas conferências realizadas no âmbito do Loures Investe em Si, nas quais partilhou algumas soluções para as empresas portuguesas.

No âmbito da mostra Loures Investe em Si, que decorreu de 4 a 6 de abril, Luís Mira Amaral, economista e consultor na FNWAY, partilhou alguns sistemas de incentivos às empresas e ainda deu algumas sugestões de estratégias que podem trazer algumas soluções a cada organização.

“O PT2020 está acabado, temos agora o PRR, que inicialmente começou com 16,6 mil milhões de euros e já vai em 22,2 mil milhões de euros. Porquê? Porque Portugal foi dos mais lentos a recuperar da Covid-19 e, por isso, houve um contributo adicional para Portugal. E no PT2030 temos cerca de 33,6 mil milhões de euros. Temos muito dinheiro à nossa disposição, a questão é se o dinheiro vai ser bem empregue e se o conseguimos executar de forma a realmente melhorar a economia portuguesa“, começou por alertar.

O economista referiu, ainda, que a Área Metropolitana de Lisboa (AML) já esteve acima do PIB per capita médio da UE e, neste momento, já está abaixo: “Portanto, aquela tese de a AML é uma região muito rica no contexto europeu e que já não precisa de apoios não é bem assim porque nós estamos a perder o contexto europeu. Depois, dentro da AML, Loures tem azar porque é tratado como concelho mais desenvolvido, e há outros, que são concelhos menos desenvolvidos, que têm mais apoios que Loures e, portanto, em termos de incentivos, a coisa não é famosa”.

Em parte, isto justifica-se pelo facto de os sistemas de incentivos estarem orientados para pequenas e médias empresas, não para grandes. No entanto, quanto a isso, Luís Mira Amaral apontou o regime contratual de investimento, estabelecido pelo governo com fundos nacionais não comunitários, como uma solução para apoiar empresas grandes que não podem ser apoiadas no sistema de inovação produtiva dos fundos comunitários. Este sistema complementar “permite às grandes empresas beneficiarem de um financiamento até 150 milhões de euros por ano até ao final de 2027“.

Ainda assim, o consultor explicou que “a grande aposta das empresas maiores é começar a entrar no Horizonte Europa“. E isto justifica-se pelo facto de os benefícios serem maiores e também por serem pagos atempadamente. “É mais difícil entrar, mas os benefícios são maiores. Isto tem 95,5 mil milhões de euros de oportunidades, de 2021 a 2027”, afirmou.

Luís Mira Amaral, economista e consultor na FNWAY

Contudo, Luís Mira Amaral também referiu os “terríveis custos de contexto” das empresas portuguesas e deu exemplos: “Vejam o caso do licenciamento, que cria a empresa na hora, mas para depois pôr a fábrica a trabalhar leva mais de um ano, com a burocracia e todas as dificuldades. Depois vejam o caso do IRC, que pode atingir uma taxa máxima de 31%, e com o IRC progressivo, que penaliza quando as empresas crescem. Isto deve ser caso ímpar no mundo“.

Para superar isso, o economista deu algumas sugestões de estratégias que as empresas deveriam colocar em prática. Começou pela aposta na transição energética, mas não só. “Muitas empresas podiam aproveitar para pôr painéis fotovoltaicos e para serem consumidores e produtores ao mesmo tempo. Há, ainda, as comunidades de energia renovável, em que se juntam empresas, umas produtoras, outras consumidoras, autarquias e associações empresariais, e fazem esta comunidade”.

Dentro da produtividade, Luís Mira Amaral referiu que Portugal “tem uma estrutura empresarial muito polarizada, há empresas de muito pequena dimensão e essas empresas não têm escala, isso condiciona logo“. E ainda acrescentou outras questões, como a digitalização e a IA, que considera que devia ser aproveitada para minimizar a falta de recursos humanos qualificados; a capitalização, que “devia incentivar movimentos de concentração e de fusão”; a retenção de talento; e o investimento direto estrangeiro.

Há uma grande confusão em Portugal entre inovação e investigação. Em termos económicos, nós, quando investigamos, estamos a gastar dinheiro para criar conhecimento. Depois, a inovação empresarial é pegar no conhecimento adquirido e injetá-lo nas empresas para que elas inovem, avancem para novos produtos e novos processos”, garantiu o consultor da FNWAY.

“A minha tese sempre foi esta: a inovação empresarial deve ser da responsabilidade do Ministério da Economia e a investigação científica da responsabilidade do Ministério da Ciência“, acrescentou, ao mesmo tempo que referiu a necessidade de “aprofundar a ligação entre o sistema científico e tecnológico, com as suas universidades e os seus politécnicos e as empresas”, um “esforço tem de ser feito em conjunto dos dois ministérios“, concluiu.

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