Pedrógão Grande está contra instalação de central solar flutuante na Barragem do Cabril

  • Lusa
  • 26 Abril 2024

Município de Pedrógão está contra instalação de central solar flutuante perto da Barragem do Cabril, considerando que terá um “gravíssimo impacto negativo” no concelho.

“A instalação do projeto da central fotovoltaica flutuante de Cabril terá um gravíssimo impacto negativo no concelho de Pedrógão Grande e nos territórios (concelhos vizinhos)”, lê-se num documento elaborado pelos serviços municipais, analisado na reunião pública da autarquia, na freguesia da Graça.

O projeto abrange Pedrógão Grande (distrito de Leiria), Sertã (Castelo Branco) e Pampilhosa da Serra (Coimbra), concelhos que partilham a albufeira de Cabril.

Segundo o documento, inerente à central fotovoltaica flutuante, vai ser executada uma linha elétrica aérea com cerca de 36 quilómetros, abrangendo vários concelhos.

“As aldeias que caracterizam o património construído de Pedrógão Grande e que se encontram perto desta linha de água poderão ver aumentar o despovoamento”, adianta o documento, admitindo que “parecem estar em risco, pois com a proposta da instalação de painéis fotovoltaicos flutuantes (bem como com a linha de transporte de energia que dali sair) é certo que a paisagem visual mudará drasticamente”.

O documento, que analisou vários aspetos, incluindo ordenamento do território, proteção civil, recursos hídricos e rentabilidade financeira, aponta também para a violação do Plano Diretor Municipal e do Plano de Ordenamento da albufeira.

Reconhecendo que se está numa “fase crucial em que a prioridade é descarbonizar”, a autarquia considerou, contudo, que “não deve ser efetuada a qualquer custo, nem colocar em causa recursos estratégicos para o desenvolvimento do concelho”.

“Descarbonizar é um importante processo; no entanto não pode ocorrer carbonizando a economia de uma das regiões rurais e mais débeis do país”, assinalou, defendendo que a central solar flutuante “não representa uma mais-valia para o concelho”.

Por outro lado, classificou a compensação financeira como uma “gota de água da barragem” face ao “prejuízo e os impactos negativos que daí resultarão, que são muito superiores aos positivos, colocando em causa valores sociais associados ao uso do rio e a ligação da população a este, a qualidade da água, a paisagem, o turismo, a atratividade e endogenia do local”.

O presidente do município, António Lopes, realçou o trabalho desenvolvido pela autarquia, como a estação náutica, e lembrou que há atividades ligadas ao turismo naquela zona, além de outras que “historicamente são desenvolvidas”, como a pesca lúdica ou profissional.

De acordo com António Lopes, a “própria passagem da linha vai afetar a qualidade de vida daquelas pessoas e do ambiente”, e vai também entrar em “rota de colisão” com o abastecimento de água de aeronaves de combate a incêndios.

Município rejeita linha de alta tensão

O município de Pedrógão Grande Também rejeitou, esta sexta-feira, a proposta de mais uma linha de muito alta tensão atravessar o concelho, considerando que, a concretizar-se, aumenta “ainda mais” o risco de incêndio.

“Depois dos incêndios de 2017, colocar mais linhas de alta tensão a cortar o concelho de Norte a Sul, na zona mais florestal, é aumentar ainda mais o risco de ignição e transporte do fogo pelas linhas“, segundo um documento submetido esta sexta-feira, na reunião do executivo municipal, realizada na freguesia da Graça, relativo à linha de muito alta tensão de 400 kV Pego/Abrantes — Anadia.

Para o executivo, unânime nesta matéria, “este território merece mais respeito, dado já ter diversas linhas de muito alta tensão”, o que condiciona “gravemente a paisagem rural do concelho”.

“A linha de muito alta tensão 400 kV Pego/Abrantes a Anadia terá impacto negativo no concelho”, lê-se no documento, explicando que, nas últimas décadas, Pedrógão Grande “foi atravessado por uma linha de muito alta tensão e já está prevista outra”, além das linhas que ligam “a barragem do Cabril à barragem da Bouçã”.

Para a autarquia, ainda assim, a proposta do corredor “a poente da Serra da Lousã”, que tem “um pequeno troço de linha de muito alta tensão” que atravessa Pedrógão Grande, “terá menos impacto”, dado que, “grande parte desse corredor, não tem qualquer linha de alta tensão”.

Contudo, a câmara defendeu que esta linha de muito alta tensão “não representa uma mais-valia para o concelho”, atendendo aos “impactos negativos que daí resultarão, que são grandes”, exemplificando com a paisagem ou o turismo.

Os incêndios que deflagraram em junho de 2017 em Pedrógão Grande e que alastraram a concelhos vizinhos provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos a 253 populares, sete dos quais graves. Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.

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