Adega do Cartaxo chega aos 70 anos a faturar 10,6 milhões e como segundo maior produtor de vinho no Tejo

Adega Cooperativa do Cartaxo é o segundo maior produtor da região do Tejo. Soma 168 associados, conta com uma área de vinha de 800 hectares e produz cerca de 10 milhões de litros de vinho por ano.

A Adega Cooperativa do Cartaxo foi fundada por um grupo de 22 associados nas instalações da antiga Junta Nacional do Vinho, atual Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). Volvidos 70 anos, a Adega do Cartaxo soma 168 associados, conta com uma área de vinha de 800 hectares, produz cerca de 10 milhões de litros de vinho por ano, emprega 46 pessoas e fatura 10,6 milhões de euros.

“A Adega Cooperativa do Cartaxo é o segundo maior produtor da região dos Vinhos do Tejo e o primeiro da sub-região Cartaxo. Olhando para o concelho do Cartaxo, a Adega destaca-se por ser o maior empregador“, afirma Pedro Gil, diretor de produção e enólogo da Adega Cooperativa do Cartaxo, em declarações ao ECO/Local Online.

Adega Cooperativa do Cartaxo é o segundo maior produtor da região vitivinícola dos Vinhos do Tejo e o primeiro da sub-região Cartaxo. Olhando para o concelho, a Adega destaca-se por ser o maior empregador.

Pedro Gil

Diretor de produção e enólogo da Adega Cooperativa do Cartaxo

Na vindima de 2023, a Adega do Cartaxo transformou 11.700 toneladas de uvas (75% tintas e 25% brancas), o que representou uma média de 500 toneladas por dia. Deu origem a 9,6 milhões de litros, um volume que representa cerca de 12,8 milhões de garrafas.

Entre vinhos brancos, tintos e rosés, a Adega Cooperativa do Cartaxo soma mais de cem referências sob onze marcas destinadas ao mercado nacional (Bridão, Coudel Mor, CTX, Desalmado, Detalhe, Encostas do Bairro, Marquês d’Algares, Plexus, Tá de Pé, Terras de Cartaxo e Xairel) e mais de uma dezena para mercados de exportação.

Os vinhos da Adega Cooperativa do Cartaxo estão à venda nas grandes cadeias de distribuição, na loja online e na loja física localizada na instalações da Adega. Paralelamente, tem distribuidores regionais que vendem para os pequenos e médios retalhistas.

Tendo em conta a crescente procura, a Adega Cooperativa do Cartaxo está a investir no segmento do enoturismo, ao proporcionar vistas organizadas à adega com prova de vinhos. Em tempo de vindimas tem um programa especial, que inclui a ida à vinha para o corte das uvas, a experiência de pisa a pé, um almoço e passeios de barco no rio Tejo. Os estrangeiros representam metade dos visitantes, como os brasileiros a liderar com larga margem, seguidos dos alemães e holandeses.

Exportações pesam 26% do negócio

As exportações portuguesas de vinhos recuaram para 928 milhões de euros em 2023. A Adega Cooperativa do Cartaxo viu as exportações em volume cair cerca de 1%, mas o valor aumentou cerca de 2%, com o preço médio por litro a rondar 1,4 euros. As vendas ao exterior pesam 26% no volume de negócios, o que corresponde a 2,7 milhões de euros. França, Polónia e China são os principais mercados da adega localizada no Sítio da Precateira, na EN365-2.

O diretor comercial da Adega do Cartaxo sublinha ao ECO/Local Online que o setor vitivinícola não está a atravessar a melhor fase e culpa a “estagnação do consumo”. “As pessoas estão a perder poder de compra e isso implica uma alteração nos hábitos de consumo”, constata Fausto Silva.

As pessoas estão a perder poder de compra e isso implica uma alteração nos hábitos de consumo.

Fausto Silva

Diretor comercial da Adega Cooperativa do Cartaxo

Recuando na história, a Adega do Cartaxo funcionou até 1974 nas instalações da antiga Junta Nacional do Vinho (atual Instituto da Vinha e do Vinho). Desde então labora nas atuais instalações, na entrada do Cartaxo. Até aos anos 1970/80, a região – e também a Adega – atravessou um período menos positivo, associado ao baixo valor e à falta de notoriedade dos vinhos. Na década seguinte são dados os primeiros passos na modernização da adega, ao nível da vinificação e do engarrafamento. Um movimento acompanhado no campo, com a reestruturação das vinhas iniciada na década de 1990.

 

Jorge Antunes, o atual presidente, entrou para a Adega em 1994 – integrou a direção em 1998 – e recorda que a produção era maioritariamente vendida a granel e que o volume de faturação rondava nessa altura 1,8 milhões de euros.

O ano de 2004 foi de viragem, com o investimento na modernização da área produtiva: envolveu uma renovação tecnológica ao nível da vinificação, com novos equipamentos de receção e vinificação com controlo de temperatura, e mudanças no engarrafamento e com a construção de uma ETAR.

A partir de 2005/2006, a Adega foi praticando uma gestão orientada para o mercado, para os vinhos engarrafados e embalados. Em 2010 dá-se um “salto qualitativo” ao nível das marcas: nasceram as gamas média-altas, que atualmente representam cerca de 25% dos vinhos engarrafados. Desde 2004, a cooperativa do Cartaxo já investiu 16 milhões de euros na modernização da Adega.

Novo armazém e adega de micro vinificação

Nos planos da Adega Cooperativa do Cartaxo está agora um investimento de 1,3 milhões de euros para a construção de um armazém para produto acabado e materiais secos, além da construção de uma adega de micro vinificação.

“A micro vinificação é importante em termos de de investigação e desenvolvimento e de aprimorar a qualidade na procura na excelência, enquanto o armazém é importante do ponto de vista funcional para dar uma melhor resposta ao mercado”, explica Fausto Silva, diretor comercial da Adega do Cartaxo. Não se compromete com datas por causa das “incertezas do mercado” e da “inflação tremenda nos materiais de construção”.

Pedro Gil, diretor de produção e enólogo da Adega Cooperativa do CartaxoAdega Cooperativa do Cartaxo

A Adega do Cartaxo assinala os 70 anos com o lançamento de 1.954 garrafas de um vinho tinto especial, que resulta de um blend das melhores barricas da colheita de 2015 – com estágio de 12 meses em carvalho francês com grão extrafino. Uma edição limitada, com um preço de venda ao público (PVP) de 70 euros.

Por outro lado, quer ser a primeira adega cooperativa em Portugal a obter o “Referencial Nacional de Certificação de Sustentabilidade do Setor Vitivinícola”, uma iniciativa da ViniPortual e do IVV que procura promover a sustentabilidade das organizações do setor. “Neste momento não há nenhuma adega cooperativa em Portugal com esta certificação“, garante o enólogo.

Ainda na ótica do diretor comercial da Adega do Cartaxo, a “dedicação”, a “perseverança” e o “acreditar na região” são os ingredientes de sucesso nesta história de setenta anos.

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