Retalho vale 41% do investimento em imobiliário comercial na região do Porto

Estudo da Cushman & Wakefiel relativo ao imobiliário na Área Metropolitana do Porto mostra ainda o mercado de escritórios em alta no arranque deste ano e preços recorde no segmento habitacional.

Entre o início de 2023 e abril deste ano, o setor do retalho representou 41% do investimento total de 226 milhões de euros em imobiliário comercial na Área Metropolitana do Porto (AMP). O valor apurado de 93 milhões de euros surge no estudo “Porto Market Update”, que inclui os dados mais recentes do setor na região nortenha, compilados pela consultora Cushman & Wakefield.

No setor do retalho, a maior transição foi a aquisição por um grupo de family offices espanhóis de 75% do Via Catarina à CBRE IM e APG, por um valor estimado de 40 a 45 milhões de euros, nota o estudo, apresentado na Porto Business School. A segunda maior transação reporta-se à compra das residências de estudantes Big City Asprela & Milestone Porto Asprela à Big City por parte da Stoneshield Capital, num valor entre 39 e 44 milhões de euros.

Do bolo total de 226 milhões de euros, 38 milhões de euros foram transacionados nos primeiros quatro meses de 2024. Já o investimento imobiliário institucional na AMP teve quebras de 17% em 2023 e no início de 2024, à semelhança do verificado no resto do país e nos mercados europeus. Uma situação que pode resultar de uma “maior escassez de oferta de ativos para investimento institucional”, justifica Andreia Almeida, associate e diretora de Research & Insight da Cushman & Wakefield.

“Apesar de tudo, a Área Metropolitana do Porto demonstra, nos últimos 16 meses, uma maior resiliência comparativamente com o mercado a nível nacional, que registou neste período uma contração de 36%”, assinalou Andreia Almeida, em declarações ao ECO/Local Online depois da apresentação do estudo.

O setor de retalho retomou, assim, a liderança nos últimos 16 meses. Já o mercado da hotelaria representa 20% do total transacionado. O maior negócio reporta-se à primeira aquisição pela nova parceria entre a Sonae Sierra e a PGIM Real Estate de um hotel no centro do Porto por um valor estimado entre 30 e 35 milhões de euros.

O setor de industrial & logística teve um peso de 9% neste bolo de 226 milhões de euros de investimento. Neste segmento a maior transação diz respeito à operação de sale & leaseback dos armazéns da Lusocargo, adquiridos pelo Banco Carregosa por um valor entre 11 a 13 milhões de euros, avança a Cushman & Wakefield.

Já o setor de escritórios captou 5% do valor total investido, com uma única transação de relevo registada pela consultora. Foi a aquisição pela NIPA Capital do edifício Latino Coelho 142 à Serris REIM, por 10 a 12 milhões de euros.

O ano de 2024 já demonstra uma clara recuperação na Área Metropolitana do Porto, comparativamente com o período homólogo. Está a preparar-se para atingir este ano crescimento na maioria dos setores.

Andreia Almeida

diDiretora de Research & Insight da Cushman & Wakefield

“O mercado do Porto tem demonstrado uma maior resiliência: uma quebra inferior e uma recuperação bastante significativa”, assinala a diretora de Research & Insight da Cushman & Wakefield. Já para este ano, diz haver motivos para otimismo na área imobiliária no Grande Porto. “O ano de 2024 já demonstra uma clara recuperação comparativamente com o período homólogo do ano anterior”, realça.

Por tudo isto, Andreia Almeida antecipa que “o Porto está a preparar-se para atingir em 2024 crescimento na maioria dos setores, ou seja, ocorrer um acelerar da atividade imobiliária na região”.

Escritórios em alta no arranque deste ano

Também o mercado dos escritórios parece estar este ano a recuperar da quebra que teve em 2023, na ordem dos 14%. “O Porto registou já nos primeiros quatro meses de 2024 uma tendência de recuperação, com a absorção a atingir os 21.180 metros quadrados, um crescimento de 82%”, calcula Andreia Almeida.

A maior transação deste ano reporta-se ao “arrendamento da totalidade dos 3.950 metros quadrados do Matosinhos Office Centre a uma empresa de consultoria”. Matosinhos tem sido, aliás, a zona mais ativa, compreendendo mais de um quinto da procura.

Já “o maior negócio dos últimos 16 meses correspondeu à ocupação integral dos 7.820 metros quadrados do Boavista Office Center (BOC) pelo operador nacional de flex offices LACS”, elenca. Seguiram-se dois pré-arrendamentos, nomeadamente de 5.650 metros quadrados no projeto Icon Offices e de 4.300 metros quadrados no Lionesa Business Hub.

De acordo com este estudo, a oferta total de escritórios encontra-se atualmente nos 1,68 milhões de metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL), distribuídos por 525 projetos. A cidade do Porto conta com a maioria da oferta, com 900 mil metros quadrados de escritórios em cerca de 270 edifícios.

Desde 2023 foram concluídos 53.700 metros quadrados, dos quais 35% ainda se encontram por ocupar. Ainda assim, a procura de espaços de qualidade continua a suportar o aumento da oferta futura projetada para os próximos três anos, atualmente nos 150.300 metros quadrados. Entre estes, 96.100 metros quadrados encontram-se em construção, dos quais 34% já tem ocupação garantida.

Os maiores edifícios com conclusão prevista para o próximo ano correspondem ao Viva Offices da GFH / Sonae Sierra com 18.800 metros quadrados; o SPARK Matosinhos do Grupo Castro com 14.500 metros quadrados; e a componente de escritórios (12.500 metros quadrados) da reconversão do antigo Matadouro de Campanhã.

Esta edição do “Porto Market Update” mostrou ainda novos valores recorde em vários segmentos, com destaque para o setor residencial (venda/arrendamento de imóveis) e setor do retalho, com as rendas prime a serem corrigidas “em alta” desde 2023 e durante o primeiro trimestre de 2024, em todos os segmentos, nomeadamente no comércio de rua.

Mercado residencial atinge máximos históricos

Num contexto de aumento das das taxas de juro e deterioração do poder de compra, ao longo dos últimos 12 meses o mercado de compra e venda de apartamentos no Porto verificou uma retração do volume de transações. Ainda assim, registou-se um aumento nos preços médios.

O preço médio pedido subiu 20%. De acordo com o estudo, “todas as zonas registaram incrementos homólogos, com a zona da Foz a retomar a liderança, com um novo máximo histórico de 4.060 euros/metro quadrado”. Apesar de manterem o preço médio mais baixo, as zonas periféricas atingiram igualmente um novo recorde: 2.780 euros/metro quadrado.

No que diz respeito ao arrendamento, no período analisado, o número de apartamentos arrendados aumentou 12%), com a renda média contratada a atingir um máximo histórico de 13,3 euros/metro quadrado.

À semelhança do que aconteceu no mercado da compra e venda de apartamentos, também no arrendamento todas as zonas registaram incrementos homólogos, assim como os valores mais elevados foram registados na Foz, que atingiu um novo valor recorde mensal de 16,9 euros por metro quadrado.

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