BRANDS' Local Online Barcelos recebeu duas menções honrosas na 5ª edição do Prémio Autarquia do Ano
O município de Barcelos foi distinguido com duas menções honrosas na 5ª edição do Prémio Autarquia do Ano, com dois projetos distintos - o programa RISEe e o NPISA.
O município de Barcelos foi recentemente distinguido na 5ª edição do Prémio Autarquia do Ano, com duas menções honrosas – uma para o projeto Rede de Inovação, Sucesso Educativo e Equidade (RISE) e outra para o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA).
O projeto RISEe estava inscrito na categoria Educação e Subcategoria incentivos ao sucesso Escolar, enquanto o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) venceu na categoria Apoio Social e Subcategoria Combate à Exclusão Social.
Em entrevista ao ECO, representantes do município explicam como se desenrolou todo o processo de criação e implementação de ambos os projetos, bem como os desafios enfrentados e os resultados práticos alcançados junto da comunidade com cada iniciativa. A entrevista está dividida em duas partes. A primeira dedicada ao projeto RISEe e e a segunda ao NPISA.
Projeto Rede de Inovação, Sucesso Educativo e Equidade (RISE)
Quais foram as razões e necessidades que levaram ao desenvolvimento do projeto em questão?O projeto RISE nasceu da necessidade de implementação de um modelo de trabalho em rede, considerando todo o ecossistema e envolvendo toda a comunidade educativa (alunos, docentes, não docentes e pais). Nesse sentido, apostou-se na criação de um conjunto de Programas: Hocus Pocus (Programas de Promoção da Literacia para a Educação Pré-Escolar e 1.º Ciclo); Projetos Educativos (Contarolar histórias, Matmatikar, Aprender a Jogar e Jogar a Aprender) e Edutalks.
O projeto foi concebido com o intuito de disseminar os avanços da investigação e da ciência nas últimas cinco décadas, especialmente no âmbito da literacia e do processo de aprendizagem, fomentando o desenvolvimento profissional do corpo docente e, consequentemente, elevar a qualidade da educação, principalmente nos primeiros níveis do sistema educativo, abrangendo a Educação Pré-Escolar e o 1º Ciclo do Ensino Básico, promovendo o sucesso escolar. Foca-se no bem-estar, na equidade e na inclusão de crianças e jovens, tal como preconizado nos princípios orientadores do Decreto-lei 54/2018. Procurou-se, ainda, contribuir para a recuperação de aprendizagens, hábitos de trabalho, desenvolvimento das funções executivas e competências sociais, que haviam sido comprometidas no período da pandemia.
O programa RISE entende o sistema educativo como um ecossistema em que todos os intervenientes se influenciam mutuamente. Assim, considera-se que este só será eficaz se influenciar todo o ecossistema educativo, nomeadamente ambientes, intervenientes (famílias, crianças, jovens, professores, lideranças, assistentes operacionais, técnicos e todos os atores deste ecossistema) e sociedade.
Quais foram os principais desafios enfrentados durante a execução do projeto e como foram superados?Este é um projeto ongoing e pressupõe formação e envolvimento dos docentes para a eficácia na sua implementação. O aprofundamento do trabalho em rede é, efetivamente, um grande desafio neste modelo colaborativo.
Como foi o processo de escolha da categoria a inscrever nesta 5ª Edição do Prémio Autarquia do Ano?A ideia subjacente à escolha das categorias a concurso radicou no facto de a Educação – nomeadamente o sucesso escolar – ser considerada estratégica para o Município, enquanto instrumento de desenvolvimento e valorização das crianças e jovens do nosso território.
Quais foram os resultados práticos da implementação do projeto em questão junto da sua comunidade?O projeto teve um impacto muito positivo na literacia das crianças, sendo que esses resultados ficaram a dever-se, também, à forte adesão dos professores e ao envolvimento da comunidade, atingindo cerca de 75% de sucesso no primeiro ano de implementação.
Envolveu 63 educadores de infância e 116 professores do 1º Ciclo. Quanto aos beneficiários diretos, o programa atendeu a um total de 1255 crianças na educação Pré-Escolar, incluindo 537 finalistas, além de 1634 alunos do 1º Ciclo.
O Município de Barcelos tem uma visão holística para a Educação no seu território, envolvendo pais e encarregados de educação, alunos, educadores, professores, técnicos especializados, assistentes operacionais e técnicos, autarquia e a sociedade civil na prossecução dos seus objetivos e projetos. Com a implementação deste ambicioso e inovador projeto, pretendeu-se proporcionar condições e apoio para que o processo de ensino e aprendizagem dos alunos do concelho se apresente numa posição de destaque e charneira, no que concerne ao cumprimento da agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Para isso, utilizaram-se todas as ferramentas de comunicação disponíveis, visando alcançar-se toda a comunidade educativa, promovendo ações (como Edutalks) em horário não coincidente com o laboral e evitando os horários de “engarrafamento” familiar, como a hora de jantar ou de convívio.
Quais as áreas e setores de atuação que foram mais positivamente impactados com o projeto em causa? Quais os seus pontos fortes?O projeto em questão teve um impacto significativo em diversas áreas e setores de atuação. Em primeiro lugar, destaca-se a melhoria da Literacia Emergente das crianças da Educação Pré-Escolar. Ao promover conhecimentos sobre as convenções da escrita e ao estimular um processo de aprendizagem de leitura e escrita mais natural, o projeto contribui para o desenvolvimento das competências linguísticas das crianças dos 3 aos 6 anos.
Além disso, o projeto demonstrou ser eficaz no despertar da imaginação e da criatividade com recurso à literatura infantil. Ao expor as crianças a diferentes histórias e narrativas, o projeto não só incentiva a leitura, como também estimula a expressão criativa. Outro ponto forte do projeto foi a sua capacidade de promover a partilha de conhecimento e reflexão sobre temáticas da educação com especialistas das diversas áreas, no caso, nas Edutalks. Esta troca de ideias e experiências enriquece o processo educativo e contribui para a formação de práticas pedagógicas mais eficazes.
O projeto também se destacou no desenvolvimento de estratégias de promoção do gosto pela matemática. Além disso, ao promover uma variedade de Jogos Tradicionais em ambiente natural, o projeto criou um terreno privilegiado de aprendizagem. Esses jogos, para além de reavivarem memórias e preservarem a herança cultural entre gerações, fortaleceram o envolvimento parental na partilha das tradições antigas. O projeto da Rede de Inovação, Sucesso Educativo e Equidade demonstrou ter um impacto multifacetado e positivo, abordando várias áreas da educação e fortalecendo o envolvimento da comunidade escolar como um todo.
Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA)
Quais foram as razões e necessidades que levaram ao desenvolvimento do projeto em questão?Face ao contexto atual vivenciado pela população, as autarquias locais assumem um papel fulcral a nível de responsabilidade social.
Tendo em conta que as crises económicas são geradoras de pobreza e exclusão social, as autarquias, entidades mais próximas dos cidadãos, tentam implementar projetos, particularmente nas áreas da proteção social, educação, saúde, habitação, que respondam às necessidades mais elementares dos seus munícipes mais vulneráveis. Assim, o Município de Barcelos tem desenvolvido um conjunto de projetos e ações sociais, que visam a melhoria da qualidade de vida dos seus munícipes a viver em situação de vulnerabilidade socioeconómica. É, portanto, neste contexto que, por um lado, se dão respostas sociais, e, por outro, se promovem projetos capazes de contribuir para o quebrar do ciclo de carência, pontual ou sistémica, dos cidadãos mais vulneráveis.
Os principais constrangimentos ao desenvolvimento dos projetos sociais foram a escassez e alto preço do mercado de arrendamento privado, o elevado número de atendimentos, e o aumento do fluxo migratório, com consequentes desafios associados.
Do trabalho desenvolvido, realçam-se as respostas que são dadas através do apoio ao pagamento das rendas de casa; a criação de respostas mais ajustadas às necessidades dos beneficiários; uma maior brevidade na marcação de consultas de medicina familiar; a criação de uma equipa com elementos do SNS com maior proximidade aos beneficiários, inclusivamente com turnos de proximidade na rua para as pessoas em situação de sem-abrigo.
A ideia subjacente à escolha das categorias a concurso radicou no facto de a área da Ação Social – nomeadamente o combate à exclusão social – ser considerada estratégica para o Município, enquanto instrumento de resposta e defesa dos direitos e dignidade da pessoa humana.
Quais foram os resultados práticos da implementação do projeto em questão junto da sua comunidade?Com a criação do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA), que promoveu o atual diagnóstico deste fenómeno, bem como a mobilização dos recursos necessários à resolução do problema, a estratégia adotada, desenvolvida através das parcerias com diversas instituições, conseguiu resultados muito positivos, consubstanciados na diminuição bastante significativa do número de pessoas em situação de sem-teto.
Por outro lado, através do Programa de Apoio ao Arrendamento Habitacional, cerca de 400 agregados familiares são apoiados monetariamente no pagamento da renda de casa, facto que evita que centenas de pessoas sejam impelidas a viver em situações indignas de habitabilidade.
Como descreveria a relação entre o projeto em questão e os objetivos traçados pelo seu município para 2024?A relação é total uma vez que os apoios e projetos se mantêm face às necessidades e desafios cada vez mais acentuados ao nível social para os públicos mais vulneráveis.
Quais as áreas e setores de atuação que foram mais impactados, positivamente, com o projeto em causa? Quais os seus pontos fortes?Os setores relacionados com a habitação e apoios envolventes e população em situação de sem-abrigo.
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