Proteção Civil envia mais 60 elementos para combater fogo na Madeira

  • Lusa
  • 21 Agosto 2024

Proteção Civil vai reforçar com mais 60 elementos o combate ao incêndio que lavra na Madeira há uma semana. Miguel Albuquerque diz que é preciso "baixar a retórica alarmista".

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) vai reforçar com mais 60 elementos o combate ao incêndio que lavra na Região Autónoma da Madeira há uma semana, tendo já consumido mais de 14% de toda a área florestal da ilha da Madeira, confirmou fonte oficial do organismo.

O reforço dos meios para o combate às chamas na Madeira parte esta quarta-feira do continente, às 14h30, num avião KC-390 da Força Aérea e é liderado pelo 2.º comandante sub-regional do Oeste, Rodolfo Batista. O contingente é constituído ainda por 29 bombeiros da Força Especial de Proteção Civil (FEPC), 15 bombeiros voluntários da região da Grande Lisboa e 15 militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR.

O pedido de um novo reforço de meios operacionais para combater o incêndio foi anunciado durante a manhã pelo presidente do Serviço Regional de Proteção Civil, António Nunes, e surge na sequência do envio de um primeiro contingente da ANEPC com 76 elementos, que partiu no sábado para a Madeira.

O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou há uma semana, dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.

Nestes oito dias, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos, e da Furna, na Ribeira Brava.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento, agora mais reduzido, e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas e infraestruturas essenciais. Quatro bombeiros receberam assistência por exaustão e mal-estar, não havendo mais feridos.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, citados pelo Público, apontam para 8.973 hectares de área queimada, o que representa mais de 14% de toda a área florestal da ilha da Madeira.

A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, diz tratar-se de fogo posto.

Miguel Albuquerque diz ser preciso “baixar a retórica alarmista”

Também esta quarta-feira, o presidente do Governo da Madeira refutou as críticas sobre continuar de férias no Porto Santo durante o incêndio na ilha da Madeira, declarando que assume as suas responsabilidades e que a atuação deve ser avaliada pelos resultados.

“Se me tentam intimidar, porque vou ficar com stress por causa disso, estão enganados”, declarou Miguel Albuquerque (PSD) à entrada da Câmara Municipal do Funchal, onde decorre a sessão solene do Dia do Concelho.

O chefe do executivo assegurou que acompanhou a evolução do incêndio rural “desde a primeira hora” e lembrou que, ao contrário de outras situações na região, apesar de o fogo estar ativo há oito dias, não se registou qualquer perda humana, de habitações ou de infraestruturas públicas essenciais.

“Nós neste momento avaliamos os incêndios em função dos resultados e os resultados são esses”, sublinhou.

Sobre a sua ausência – o social-democrata interrompeu no sábado as férias no Porto Santo para ir à ilha da Madeira e regressou ao Porto Santo um dia depois -, afirmou: “Isso a mim ninguém me dá lições, porque eu, ao contrário de outros, nunca deleguei as minhas responsabilidades em ninguém, nem disse que a culpa era dos técnicos.”

“Eu assumo as minhas responsabilidades políticas”, reforçou, mencionando a história “Alice no País das Maravilhas” para se referir ao momento em que a Rainha de Copas diz “primeiro corta-se a cabeça e depois faz-se o julgamento”. No seu entendimento, “isso não é maneira de atuar”.

Albuquerque defendeu, assim, que é preciso “baixar a retórica alarmista” e considerou que a situação “está segura”.

A mim ninguém me dá lições, porque eu, ao contrário de outros, nunca deleguei as minhas responsabilidades em ninguém, nem disse que a culpa era dos técnicos.

Miguel Albuquerque

Presidente do Governo Regional da Madeira

Sindicato pede demissão de responsáveis pela Proteção Civil da Madeira

Entretanto, o Sindicato Nacional da Proteção Civil exigiu a demissão imediata do presidente da Proteção Civil da Madeira, António Nunes, e do secretário regional da Proteção Civil, Pedro Ramos.

“Esperamos que as autoridades competentes tomem as medidas necessárias para proceder a estas substituições de forma rápida e transparente, garantindo assim que a Proteção Civil seja liderada por indivíduos verdadeiramente capacitados para proteger e servir a nossa comunidade”, acrescentou o Sindicato Nacional da Proteção Civil (SNPC).

Num comunicado, o SNPC referiu que está a acompanhar o trabalho dos operacionais neste incêndio com “profunda indignação e preocupação”, considerando “inadmissível” que o incêndio continue ativo e se tenha intensificado, após uma semana, o que considerou revelar “uma clara falta de liderança e competência por parte daqueles que deveriam zelar pela segurança e bem-estar” da comunidade.

O sindicato criticou, sobretudo, a resistência em pedir ajuda externa e considerou que a resposta foi “tardia, desorganizada e insuficiente”, o que “coloca em risco vidas humanas, património natural e a segurança de todos os madeirenses”. “Não entendemos por que razão ainda não foi invocada a ajuda de Protocolo com as Ilhas Canárias que se encontra inscrito no Plano Regional de Emergência de Proteção Civil da Região Autónoma da Madeira”, afirmou.

(Notícia atualizada às 13h52 com mais informação)

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