Ponte para a praia de Faro inaugurada após décadas de espera e 8 milhões de euros de investimento
Velha ponte de uma só via era insuficiente há décadas. Agora já com possibilidade de circulação de veículos pesados, autarquia vai avançar com obras de requalificação da Praia de Faro.
Muitos curiosos juntaram-se no domingo para assistir à inauguração da nova ponte da Praia de Faro, que logo após a benção pelo padre César Chantre, vigário geral da Diocese do Algarve, e de a ministra Maria da Graça Carvalho ter cortado a fita, foi aberta, de imediato ao trânsito.
Esteve também presente um convidado especial, Eurico Silva Libório, o pescador mais antigo da Praia de Faro, que assistiu à inauguração da ponte antiga, há 70 anos, e que hoje viu abrir a nova.
Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, no uso da palavra, não conseguiu esconder a felicidade. “Permitam-me começar por dizer que hoje é, para mim, enquanto autarca, um dia muito feliz. Não podia ser de outra forma. Este é um dia em que, finalmente, após alguns avanços e certamente muitos recuos, vemos concretizar um anseio com praticamente duas décadas e uma obra emblemática para o futuro do nosso concelho. Esta obra icónica, que hoje temos a honra de inaugurar, era uma obra certamente muito desejada por este executivo, que lidero orgulhosamente há quase 12 anos, mas acima de tudo um grande anseio da comunidade local, em particular da Praia de Faro, como também de toda a comunidade farense”.
Para o autarca, “este foi um longo caminho”, iniciado em 2008, pela mão da Sociedade Polis Ria Formosa, “englobada num conjunto de intervenções que incluíam esta mesma infraestrutura, para substituir a ponte antiga, que conta hoje praticamente 70 anos e naturalmente alguns problemas de degradação naturais, mas também o parque de estacionamento exterior e o passadiço de acesso à Praia, de que podemos usufruir desde 2016”.
Pelo meio, a empreitada contou com dois concursos desertos, o primeiro em 2017, no valor base de menos de 3 milhões de euros.
“Só ao terceiro concurso esta empreitada acabou por ser adjudicada pela Sociedade Polis Ria Formosa, num contrato que, com a extinção desta entidade, acabou por ser transferido para o município. Uma obra cujo preço base começou então em cerca de 5 milhões mas que, com uma primeira revisão, ainda antes da empreitada se iniciar, subiu para cerca de 6,5 milhões e que, com uma nova revisão decorrente do cumprimento das condicionantes ambientais e adequação das estruturas, vai ficar em mais de 8 milhões de euros“, detalhou Rogério Bacalhau.
“É um valor de investimento particularmente impressionante – e ainda mais se tivermos em conta a falta de condições financeiras do município até há bem poucos anos», disse o autarca, que quis deixar ainda claro que se tratou de «uma obra muito complexa”.
“Seguramente a mais complexa que se realizou não apenas em Faro, mas na região do Algarve, durante este século, até pelo sensível ecossistema onde está integrada, ou seja, a Ria Formosa – aquele que é, seguramente, um dos, se não o maior tesouro que temos no nosso território”, na opinião do edil.
Na prática, a nova ponte, com cerca de 180 metros de comprimento e quase 11 metros de largura, duas faixas de rodagem e dois passeios pedonais, um deles aliando a componente pedonal e ciclável, passa a permitir novas condições de acessibilidade, mobilidade e segurança no acesso de, e para a Praia.
“Falo das condições de acesso e mobilidade à Praia de Faro não apenas por parte de automóveis ligeiros, mas acima de tudo por parte de veículos de emergência e socorro – algo que até agora, na nossa velhinha ponte, não era possível, apenas com circulação alternada e vedada a veículos pesados. Simultaneamente, esta ponte vai também melhorar as condições de segurança e conforto para todos aqueles – e são, felizmente, cada vez mais – que optam por vir até à Praia a pé ou de bicicleta“, detalhou Rogério Bacalhau.
Bacalhau aproveitou ainda o momento para dar nota dos planos para o futuro.
“Com a nova possibilidade de passar a ter aqui veículos pesados, neste momento estamos já a ultimar um concurso para realizar uma profunda requalificação da Praia de Faro, que vai permitir intervir a nível do asfalto, passeios, sinalização horizontal, pintura e reorganização dos lugares de estacionamento, entre várias outras intervenções, que vão dar maior conforto e ajudar a regrar a circulação automóvel e o estacionamento nesta zona, cuja pressão é, naturalmente muito grande, em particular nos meses de verão”, detalhou.
“Permitam-me que reforce esta ideia: esta nova ponte é uma obra emblemática e, também, de alguma maneira, um marco para o futuro. É emblemática porque é talvez uma das mais icónicas – a par talvez das requalificações do Jardim da Alameda e da Mata ou da construção do Canil – mas seguramente a de maior investimento, com distância, das muitas dezenas de obras, na verdade centenas, que fomos concluindo ao longo destes últimos quase 12 anos de trabalho no concelho de Faro”, acrescentou.
De acordo com Rogério Bacalhau, a nova ponte “não simboliza apenas um novo acesso à Praia de Faro – simboliza também a nossa convicção de que todo o espaço público tem de ser cada vez mais inclusivo e deve acolher, com qualidade, conforto e segurança, todos aqueles que dele pretendem usufruir”, concluiu.
Ouvida pelos jornalistas, no final da cerimónia, Maria da Graça Carvalho considerou que esta “foi uma obra difícil, por vários motivos. Para já, porque está num Parque Natural, na Ria Formosa, e portanto teve uma série de necessidades do ponto de vista ambiental. Por outro lado, os requisitos sísmicos, que foram muito rigorosos”.
“As estacas são muito profundas para que a ponte seja muito segura. Foi um ponto que demorou bastante tempo, muito desejado pela população, que vai ser muito importante para a população de Faro e para todo o Algarve. Um investimento de 8 milhões, mas está feito, e é uma ponte bonita e que vai dar aqui uma maior acessibilidade”, acrescentou a governante.
Além de Bruno Rocha, da empresa que projetou e construiu a nova ponte, a cerimónia contou com a presença de vários autarcas e deputados eleitos pelo Algarve, representantes das autoridades policiais e militares além de José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, de António Miguel Pina, presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, Alberto Mota Borges, diretor do Aeroporto Internacional de Faro e de Pimenta Machado, presidente do conselho de administração da Agência Portuguesa do Ambiente.
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