Volvo EX30: A dieta nórdica aplicada aos automóveis
A nova coqueluche da marca sueca (mas detida por chineses) é um fenómeno de vendas em Portugal e na Europa, graças a um design altamente minimalista e sem perder o brilho na estrada.
O mercado automóvel europeu tem assistido a uma verdadeira revolução elétrica, e a Volvo não ficou para trás. O EX30, o mais recente SUV compacto da marca sueca (que desde 2010 faz parte do gigante chinês Geely), tem conquistado o coração dos consumidores, posicionando-se como um dos cinco carros elétricos mais vendidos na Europa em 2024, com cerca de 10 mil unidades comercializadas. Este sucesso não é por acaso.
O EX30 representa um marco importante para a Volvo, sendo o primeiro modelo da marca construído de raiz como um veículo elétrico. Na versão single motor Extended Range testada pelo ECO com pack de equipamento Plus, o EX30 apresenta uma potência de 200 kW e uma autonomia entre 462 e 476 quilómetros, números que o colocam numa posição competitiva no segmento dos SUV elétricos compactos. O preço de entrada na gama de 37.894 euros também ajuda a conquistar algumas carteiras — se bem que o preço da verão testada ascendia a mais de 49 mil euros.
Durante várias viagens pelas estradas sinuosas pelo centro da cidade de Lisboa, o EX30 demonstrou ser uma solução bem conseguida como utilitário diário. A sua agilidade e dimensões compactas revelaram-se uma mais-valia na navegação pelas ruas estreitas e movimentadas da capital. O desempenho do motor elétrico é sólido, oferecendo uma aceleração rápida e silenciosa, ideal para o ambiente urbano.
Um dos aspetos mais marcantes do EX30 é o seu design interior minimalista. A Volvo optou por uma abordagem radical, eliminando praticamente todos os botões físicos do habitáculo. Esta decisão divide opiniões: por um lado, confere ao interior um aspeto limpo e futurista; por outro, pode ser fonte de frustração para alguns utilizadores. O controlo de praticamente todas as funções do veículo é centralizado num tablet de 12,3 polegadas, incluindo a abertura do porta-luvas, que está posicionado ao centro do habitáculo.
Esta simplificação extrema estende-se aos comandos das janelas, que ao contrário da generalidade dos automóveis, não estão colocados na porta. Esse controlo, tanto dos vidros da frente como os de trás, é feito por dois pequenos botões colocados no encosto de braço ao centro do habitáculo. Embora esta solução possa parecer elegante, na prática, pode revelar-se pouco intuitiva e potencialmente distrativa durante a condução.
Apesar das suas dimensões exteriores compactas, o EX30 surpreende pelo aproveitamento do espaço interior. A Volvo conseguiu criar um habitáculo que transmite uma sensação de amplitude, com bom espaço para os ocupantes — se bem que a área para os passageiros de trás pudessem ser um pouco maior. No entanto, este aproveitamento tem um custo: com apenas 318 litros, a bagageira revela-se bastante reduzida, o que pode ser um ponto negativo para famílias ou para quem necessita de transportar objetos volumosos com frequência – apesar de ter um extra de 61 litros sob o piso da bagageira.
Em termos de condução, o EX30 não dececiona. A sua direção é precisa e a suspensão oferece um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. O sistema de travagem regenerativa é eficiente, permitindo uma condução maioritariamente com um só pedal em ambiente urbano, o que contribui para uma experiência de condução mais relaxada e eficiente.
A autonomia anunciada entre 462 e 476 quilómetros é competitiva, embora, como é habitual nos veículos elétricos, estes valores possam variar significativamente dependendo do estilo de condução e das condições climatéricas. No entanto, mesmo com uma utilização mais exigente, o EX30 deve ser capaz de satisfazer as necessidades diárias da maioria dos utilizadores sem causar ansiedade de autonomia. E precisando de energia com urência, a bateria de 69 kWh permite carregar até 80% em menos de 27 minutos.
Um aspeto que também merece destaque é o compromisso da Volvo com a sustentabilidade. O EX30 incorpora uma quantidade significativa de materiais reciclados na sua construção, incluindo plásticos provenientes de garrafas descartáveis e até mesmo de molduras de janelas em PVC. Esta abordagem não só reduz o impacto ambiental do veículo, como também contribui para reduzir os custos de produção. No entanto, nem tudo são elogios.
O sucesso de vendas na Europa e em Portugal demonstra que a Volvo acertou em muitos aspetos com este modelo. O EX30 não é apenas mais um carro elétrico; é um statement da marca sobre o futuro da mobilidade urbana.
O sistema de infoentretenimento, embora visualmente apelativo, pode ser complicado de usar em movimento. A necessidade de navegar por vários menus para aceder a funções básicas pode ser distrativa e potencialmente perigosa durante a condução. O mesmo sucede com os vários elementos de condução, como o velocímetro. O fato dessa informação estar disponibilizada somente no tablet, não havendo, por exemplo, um head-up display capaz de passar essa informação ao condutor, pode não ser do agrado de todos os condutores
O Volvo EX30 representa uma proposta interessante no segmento dos SUV elétricos compactos. Combina um design atraente, bom desempenho elétrico e uma abordagem minimalista no interior. Embora algumas das suas características possam dividir opiniões, é inegável que o EX30 oferece uma experiência de condução moderna e eficiente, especialmente adequada ao ambiente urbano.
O sucesso de vendas na Europa e em Portugal demonstra que a Volvo acertou em muitos aspetos com este modelo. O EX30 não é apenas mais um carro elétrico; é um statement da marca sobre o futuro da mobilidade urbana. Com o seu tamanho compacto, autonomia competitiva e abordagem minimalista, o EX30 posiciona-se como uma opção atrativa para quem procura um veículo elétrico prático e com estilo para o dia a dia na cidade.
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