Mazda MX-30 R-EV: Pílula anti-stress de autonomia

  • Alexandre Batista
  • 7 Dezembro 2024

Quando lançou o elétrico MX-30, a Mazda terá olhado só para o seu país. Com uns impensáveis 160 a 180 km de autonomia real em estrada, a solução foi juntar um motor a gasolina. Estranho, mas eficaz.

Um automóvel elétrico com características que convidam a viajar com menos de 200 km de autonomia é quase uma bizarria nos dias de hoje. A Mazda lançou o MX-30 com esta capacidade, promovendo um bom exemplo do que é o stress de autonomia neste tipo de tecnologia. Com a versão alternativa MX-30 R-EV proporcionou a “pílula” anti-stress, um motor a gasolina que vai carregando o motor elétrico como se tratasse de um gerador.

Neste automóvel com 4,4 metros de comprimento e dimensões gerais próximas do SUV Mazda CX-30, o “motor-gerador” não assegura o melhor conforto acústico e chega a tornar-se invasivo, mas consegue proporcionar mais de 400 km entre reabastecimentos de gasolina, além de, pelo menos, 70 km de autonomia em modo puramente elétrico.

O motor a gasolina, mais gastador que o expectável (facilmente rodamos a gastar 5 l/100 km, o que surpreende numa unidade cujo propósito é de carregar a bateria elétrica) cumpre a função de não deixar as baterias exangues, mas a sua rotação constante, sem as oscilações de regime habituais na aceleração e desaceleração, causa desconforto acústico ao final de umas dezenas de quilómetros. Primeiro estranha-se… depois continua a estranhar-se.

Uma sonoridade familiar para quem atente ao ruído de fundo na aviação a jato a 11 mil pés de altitude, o que não é um elogio. O truque poderá ser extrair o melhor do sistema hi-fi Bose com 12 altifalantes. Além destes, ainda ao nível do equipamento, tanto constam características clássicas de um automóvel moderno, de que é exemplo o ecrã central com várias funcionalidades, como aparece o detalhe da cortiça no revestimento da consola central, um ar de lusitanidade neste japonês. Volante aquecido, aviso eletrónico de saída da faixa de rodagem e projeção de informação da viagem no para-brisas são alguns elementos da versão mais equipada, que conduzimos, e cujo preço fica abaixo dos 50 mil euros.

Fixando-nos na génese do MX-30, a propulsão elétrica, o motor de 170 cv cumpre com as exigências da cidade e da estrada, mesmo sob um pé pesado. A ziguezaguear numa estrada de montanha, o MX-30 e-Skyactiv R-EV respeita os pergaminhos da diversão do histórico roadster MX-5, não só no ambiente interior desportivo e desprovido de soluções estilísticas questionáveis, mas também na dinâmica apurada. Nota importante para os puristas: o MX-30 tem tração dianteira. Outra, para os “Mazdistas”: no MX-30 há portas “suicidas”, como houve no RX-8, abrindo as traseiras no sentido contrário às dianteiras.

Na busca por uma viagem mais rápida entre a cidade e as serras, apesar de se tratar de um veículo elétrico, o que, obviamente, nos priva da compressão de motores a combustão (da qual provém o típico efeito travão quando se levanta o pé do acelerador nestes motores convencionais), as patilhas atrás do volante simulam a redução na caixa de velocidades de um modelo a gasolina ou gasóleo, o que ajuda a “segurar” o carro à entrada das curvas, poupa travões e carrega as baterias através da energia cinética.

Contudo, o modo mais eficiente de carregar as baterias num híbrido plug-in ou num elétrico é, naturalmente, ligá-lo a uma ficha. Neste caso, com a corrente alterna de casa, mas também contínua, algo menos habitual num híbrido plug-in. Com isto, consegue-se aproveitar carregadores até 36 kW (mais do triplo dos 11 kW da corrente trifásica que temos num imóvel) e, segundo a nossa experiência, levar a bateria de 10% a 90% em pouco mais de meia-hora. Aproveitando a ida ao supermercado, ficamos servidos para mais uns 60 km puramente elétricos, distância que sem cuidados especiais supera os 70 km partindo da bateria a 100%.

Nota ainda para a natureza bidirecional do sistema elétrico, que não só permite o carregamento convencional da bateria de 17,8 kWh, mas também extrair dela energia através de uma ficha presente na bagageira para equipamentos até 150 W. Esta função possibilita carregar o computador como se estivéssemos em casa ou no escritório, ligar o aspirador para a limpeza do interior após se explorar a capacidade do MX-30 de percorrer estradões até à praia, ou, para os mais exóticos, extrair, a partir do interior do japonês, um expresso na máquina de café lá de casa junto ao mar a observar o sol nascente.

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