Portugal ainda é um país desigual. Veja aqui os dados da sua região
Algarve tem o maior risco de pobreza no continente. Açores fica muito acima do restante território, mesmo depois de aplicados os apoios sociais. No continente vive-se mais tempo do que nas ilhas.
Separados por um mar de diferenças sociais e económicas, o continente e as regiões autónomas foram analisados pelo Eurostat, num quadro com distintas tonalidades no risco de pobreza e na esperança média de vida, ou no registo dos jovens “nem/nem” e no investimento em investigação e desenvolvimento (I&D). Neste caso, há um empate entre a Área Metropolitana de Lisboa e o Norte, regiões que, com o Centro por perto, são ilhas no I&D.
Os dados constam da base estatística europeia do Eurostat, na qual se vê que a região com a maior pressão de pobreza e exclusão social são os Açores, com mais de 30% da população em risco, valor que, mesmo após prestações sociais, se mantém nos 26,1%. Se excetuarmos a outra região ultraperiférica do território nacional, a Madeira, em nenhum ponto do país a taxa de pobreza se aproxima daquela que assola os Açores, mesmo quando considerados os apoios sociais assegurados pelo Estado.
Já a privação material e social severa é no Algarve e Alentejo que menos se verifica. No continente, o pior registo cabe à região de Lisboa. Pior estão as regiões autónomas. Tomando por referência o Alentejo, a Madeira tem o dobro da percentagem de pessoas com graves necessidades materiais e sociais. Nos Açores, a taxa de privação severa, em percentagem da população, é quatro vezes superior à taxa no Alentejo.
Viajando para lá das fronteiras nacionais, a comparação do risco de pobreza e exclusão social entre capitais europeias coloca Lisboa num patamar menos negativo que Madrid, Paris, Berlim, Roma e Atenas, por exemplo. Contudo, a posição da região portuguesa torna-se mais gravosa quando se analisa o efeito de redução produzido pelos apoios sociais. Aqui, o maior impacto verifica-se na capital grega, mas nas demais há igualmente um redução para nível inferior àquele em que Lisboa se situa.
A envelhecer e sem número suficiente de filhos
Num país envelhecido, onde a média de idade mais jovem é nos Açores com 42,7 anos, e com uma esperança média de vida longa, em que só as regiões autónomas não superam os 80 anos, a reposição de gerações continua aquém do necessário.
Na Área Metropolitana de Lisboa está a taxa de fertilidade mais elevada, e, ainda assim, são apenas 1,6 filhos por mulher – para assegurar a reposição de gerações seria necessária uma taxa de 2,0 –, com Algarve e Alentejo não muito distantes, ao passo que a Região Autónoma da Madeira e o Norte são as regiões onde as mulheres têm menos filhos.
Numa comparação com outras capitais europeias, Paris tem um melhor registo, mas, entre os mediterrânicos, Lisboa beneficia de uma fertilidade bem mais favorável que Madrid, Roma e Atenas.
A questão geracional coloca-se ainda noutros dois indicadores, o dos jovens “nem/nem” – nem trabalham, nem estudam –, cuja presença no país se estende dos 8,2% no Centro até aos 14,9% nos Açores. Cruzando com os números de pessoas com emprego, o Algarve é onde há a discrepância mais visível entre a existência de jovens “nem/nem” e a quantidade de pessoas com empregos. Se nas regiões autónomas, que também superam os 10%, a empregabilidade está abaixo dos 74%, a sul do continente ela supera os 80%.
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