Acesso ao InvestEU vai custar 500 milhões de euros a Portugal

Empresas portuguesas de micro a mid caps vão ter maior acesso e em condições mais favoráveis a financiamento. Programa permite desbloquear e canalizar, com efeito multiplicador, recursos financeiros.

Financiar prioridades nacionais específicas em condições mais favoráveis face às oferecidas pelos bancos, através de garantias do Orçamento da União Europeia, vai custar 500 milhões de euros a Portugal, de acordo com o diploma publicado esta sexta-feira em Diário da República. Em causa está a implementação da “gaveta nacional” do Programa InvestEU, que é financiada com 450 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a que se somam mais 50 milhões sob a forma de garantias do Estado português a favor da União Europeia.

O Programa InvestEU é o maior instrumento de partilha de riscos atualmente em vigor na União Europeia e apoia o investimento de micro, pequenas e médias empresas e empresas de pequena-média capitalização para avançarem com projetos estruturantes, em domínios estratégicos para a sua competitividade, inovação, digitalização e sustentabilidade.

O apoio ao investimento sustentável, à inovação e à criação de emprego só pode ser feito onde existem falhas de mercado e a incerteza sobre o retorno do investimento representa barreiras significativas ao financiamento.

Mas para além destas prioridades definidas a nível geral, os países podem “realizar contribuições opcionais com ênfase em prioridades nacionais específicas, através do designado compartimento dos Estados-membros”. E Portugal tomou essa opção, ainda no anterior Governo de António Costa. Mas as condições só ficaram reunidas agora, depois de concluída a reprogramação do PRR, que permitiu realocar 450 milhões de euros da bazuca para financiar este instrumento.

Estes 450 milhões foram retirados ao Fundo de Capitalização e Resiliência, que financia os programas de capitalização do Banco de Fomento. O presidente da instituição, Gonçalo Regalo, já explicou que os quatro programas de capitalização vão concorrer entre si e as verbas serão retiradas àquele que apresentar níveis de execução mais baixos, até porque, ao contrário do que chegou a ser pensado, estes programas não tiveram uma extensão de prazo até 30 de junho de 2026, à semelhança do que aconteceu com as agendas mobilizadoras.

Mas não basta isso. As regras comunitárias exigem que “dada a natureza das garantias, o Estado português se comprometa igualmente com a celebração de um Acordo de Garantia de Estado (Back-to-Back Guarantee), a favor da União Europeia, destinada a cobrir eventos de natureza extraordinária em que as perdas possam ser superiores às provisionadas através do Acordo de Contribuição”.

Dentro do limite máximo para a concessão de garantias, o Estado presta assim uma “garantia pessoal, incondicional, irrevogável e autónoma”, de 50 milhões de euros, cujas responsabilidades contingentes são depois acompanhadas (e pagas em caso de necessidade) pela ETF com recurso a verbas do Capítulo 60 – Despesas Excecionais do Orçamento do Estado.

Os termos da participação do Estado no Programa InvestEU-Portugal foram aprovadas em Conselho de ministro na segunda-feira, um dia depois das eleições, e o Presidente da República promulgou o diploma ontem. Toda esta urgência é explicada pelo facto de estarem em jogo verbas do PRR, que tem de estar todo executado até final de junho de 2026. O Governo diz mesmo que a aprovação do decreto-lei “se revela urgente e inadiável”.

O Executivo reconhece que “a complexidade do processo de implementação da medida, até à disponibilização às empresas” e, por isso, defende a rápida conclusão dos “procedimentos internos necessários à assinatura dos dois acordos em causa, no respeito pela calendarização inicialmente prevista, incluindo a criação do enquadramento legal específico e necessário para a concessão da garantia do Estado e para a celebração do Acordo de Contribuição”.

Em causa está o cumprimento de marcos e metas do PRR: “A assinatura de um Acordo de Contribuição InvestEU com a Comissão Europeia para implementação do compartimento do Estado-membro do Programa InvestEU-Portugal (Acordo de Contribuição), até ao final do primeiro semestre do corrente ano”, e que está associado ao oitavo cheque do PRR, na componente dos empréstimos, e “a aprovação das operações pelo Comité de Investimento do InvestEU até ao final do primeiro semestre de 2026”.

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