
Conheça a história da primeira mala Birkin que nasceu no “céu” e foi vendida por 8,6 milhões
Quem poderia imaginar que um dos objetos mais cobiçados das últimas décadas nasceu no céu. Conheça toda a história da mala criada pela Hermès para a atriz e cantora Jane Birkin.
A primeira mala Birkin foi vendida em Paris, por 8,6 milhões de euros, incluindo taxas, tornando-se no segundo artigo de moda mais valioso alguma vez vendido em leilão. Antes, só um objeto de moda tinha sido vendido em leilão por um valor superior, um par de chinelos vermelhos rubi de “O Feiticeiro de Oz“, por 32,5 milhões de dólares, em 2024, segundo a Sotheby’s.
A história da Birkin ganha asas num voo de Paris para Londres em 1984. A famosa atriz britânica Jane Birkin ia sentada ao lado antigo presidente do grupo Hermès, Jean-Louis Dumas, e os dois começaram a falar depois de a atriz ter deixado cair os objetos pessoais. Reza a lenda que Birkin reclamou que não conseguia encontrar uma mala adequada às suas necessidades de jovem mãe e perguntou a Dumas porque é que a Hermès não fazia uma mala de mão maior, lê no site da Hermès, que recentemente destronou a dona da Louis Vuitton e se tornou na mais valiosa no luxo.

O criador nato, com um olhar aguçado, começou imediatamente a desenhar um esboço de uma mala retangular, flexível, espaçosa e com espaço para biberões. O líder da empresa de luxo francesa mandou fazer um exemplar para a estrela britânica e pediu-lhe se podia comercializar a mala com o seu nome.
A casa de moda parisiense Hermès marcou a mala com as suas iniciais J.B. na aba da frente, por baixo do fecho – e entregou-lhe o artigo no ano seguinte, segundo a Sotheby’s. A versão comercializada subsequente da bolsa de Birkin tornou-se num dos artigos de luxo mais exclusivos do mundo, com um preço extravagante e uma lista de espera que durava anos. Atualmente, algumas malas Birkin chegam a custar mais de 100 mil dólares.
Em entrevista à Reuters, a chefe do departamento de malas e moda da Sotheby’s Europa e Oriente Médio, Aurelie Vassy, detalha que “a mala foi usada por Jane Birkin diariamente durante nove anos”, destacando que o “formato ainda é muito bonito”.
Quase uma década depois (1994), a atriz vendeu a mala para angariar fundos para uma associação francesa de luta contra a SIDA. Em 2000, a icónica mala foi adquirida por uma colecionadora privada, Catherine B., que agora se desfaz do acessório. Numa publicação de 10 de julho, a antiga dona diz que guardou a icónica mala durante os últimos 25 anos, mas que agora “é início de uma nova vida para a sua amada mala”.
O novo comprador é do Japão e pagou 8,6 milhões de euros no leilão da Sotheby’s.
“Não há dúvida de que a mala Original Birkin é verdadeiramente única – uma peça singular da história da moda que se tornou num fenómeno da cultura pop que assinala o luxo da forma mais refinada possível”, disse a diretora de malas e moda da Sotheby’s. É incrível pensar que uma mala inicialmente concebida pela Hermès como um acessório prático para Jane Birkin se tenha tornado na mala mais desejada da história“, afirmou Morgane Halimi.
Nascida no Reino Unido em 1946, Jane Birkin mudou-se para Paris no final dos anos 60. Começou a sua carreira no cinema ainda em Inglaterra através de pequenos papéis em filmes emblemáticos, nomeadamente Blow-Up (1966), o primeiro filme em inglês do mestre Michelangelo Antonioni — onde protagonizou uma cena de nudez que causou escândalo no país, de acordo com a Batalha Centro de Cinema.
Poucos anos depois, começa a trabalhar em França onde conheceu o cantor e compositor francês Serge Gainsbourg e com quem gravou a célebre música “Je t’aime… moi non plus”, em 1969. A cumplicidade de Birkin e Serge acabou numa relação romântica — que terminou em 1980 — e uma filha, a atriz, compositora e cantora Charlotte Gainsbourg. Paralelamente, dedicou-se também à música, com vários álbuns editados. A artista multifacetada que marcou uma geração morreu em Paris em 2023 aos 76 anos.
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