Exclusivo Lufthansa coloca parceria com a United Airlines na rota da TAP

Grupo alemão espera concluir a integração da italiana ITA Airways antes do processo de privatização da TAP estar fechado.

ECO Fast
  • A Lufthansa vai incluir na proposta à privatização da TAP a integração na lucrativa joint venture transatlântica com a United Airlines e a Air Canada, num processo semelhante ao da ITA Airways.
  • As rotas transatlânticas representam cerca de um quinto das receitas da Lufthansa, sendo fundamentais para a rentabilidade dos grupos aéreos europeus e para a TAP.
  • A Lufthansa espera concluir a parte mais significativa da integração da ITA até meados de 2026, antes ainda se ser fechada a venda de 49,9% da companhia portuguesa.
Pontos-chave gerados por IA, com edição jornalística.

O grupo Lufthansa colocará na sua proposta para a TAP a possibilidade de a companhia aérea integrar a lucrativa parceria transatlântica com a United Airlines e a Air Canada, sabe o ECO. Processo será idêntico ao que já está em curso com a ITA Airways.

A companhia aérea portuguesa integra, tal como a Lufthansa, o programa de milhas Star Alliance, mas não tem acesso à joint venture para o Atlântico Norte, zona geográfica que representou cerca de um quinto das receitas do grupo alemão entre janeiro e setembro. As rotas transatlânticas estão habitualmente entre as mais lucrativas para os grupos europeus de aviação e têm um impacto relevante na sua rentabilidade.

A proposta da Lufthansa para a privatização da TAP incluirá a possibilidade da transportadora portuguesa integrar a parceria com a United Airlines e a Air Canada, seguindo o mesmo processo em curso para a ITA Airways. A TAP voa para nove destinos na América do Norte. Esta região, em conjunto com a América do Sul (a mais preponderante) representou metade das receitas da TAP no primeiro semestre de 2025.

A integração na joint venture, por envolver um acordo de coordenação sobre oferta de voos, preços e partilha de receitas, depende da autorização das autoridades de regulação dos dois lados do Atlântico. O pedido para a ITA Airways nos EUA foi entregue há cerca de dois meses. O CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, salientou, numa entrevista recente ao Il Sole 24 Ore, a importância do “apoio do governo italiano” para assegurar a aprovação de Washington.

A Lufthansa não é a única a acenar com a entrada na parceria transatlântica na TAP. O grupo Air France-KLM, que tem uma joint venture com a Delta Airlines, também já manifestou essa disponibilidade.

O grupo alemão, líder de receitas na Europa e o quarto maior no mundo, tem sido um dos protagonistas do processo de consolidação europeu. Primeiro com a aquisição da Eurowings a partir de 1995, depois da Swiss, concluída em 2007, seguida da Austrian Airlines, em 2009, e da Brussels Airlines, detida a 100% desde 2017. Mais recentemente, a Lufthansa lançou-se na aquisição de 41% da ITA Airways, por 325 milhões de euros, operação que ficou fechada em janeiro deste ano.

Lufthansa espera concluir integração da ITA antes da venda da TAP

A necessidade de ‘digerir’ a integração da companhia aérea italiana é um dos fatores que tem sido apontado como uma desvantagem na corrida à TAP, mas segundo o ECO apurou a Lufthansa pretende fechar a parte mais significativa deste processo antes de estar concluída a privatização de 49,9% da transportadora portuguesa.

A gestão executiva do grupo alemão avançou com um calendário de 18 meses para o processo de integração da ITA, ou seja, entre maio e junho, altura em que pretende subir a participação na companhia italiana para 90%. Ora o Governo português espera fechar a seleção do comprador da TAP no mês seguinte. “Acho que em julho devemos ter uma primeira decisão”, afirmou esta semana o secretário de Estado dos Transportes, Hugo Espírito Santo, durante o 50.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que decorreu em Macau.

A Parpública afirmou no dia 22 de novembro ter recebido três manifestações de interesse, dos grupos Air France-KLM, Lufthansa e IAG (dono da British Airways ou Iberia). A entidade responsável pela venda da TAP terá agora de entregar um primeiro relatório ao Governo.

Segue-se um longo processo que envolve a apresentação pelos candidatos de propostas não vinculativas – onde já será detalhado o preço de aquisição (após uma due dilligence às contas da TAP) e planos de investimento – depois de propostas vinculativas e, lá para julho, a seleção pelo Governo do vencedor da privatização. O Executivo poderá ainda optar por um processo de negociação direta para conseguir uma proposta melhorada.

Com uma sobreposição de rotas limitada, a Lufthansa não deverá enfrentar entraves regulatórios significativos numa aquisição de 49,9% da TAP, embora ambicione, como nas restantes aquisições, chegar a uma participação maioritária.

“Além de adquirir inicialmente uma participação minoritária, o objetivo do processo é estabelecer uma parceria de longo prazo entre o Grupo Lufthansa e a TAP Air Portugal, de forma a garantir o futuro bem-sucedido da TAP enquanto companhia aérea nacional de Portugal”, afirmou o grupo alemão no anúncio da integra da manifestação de interesse, a 20 de novembro .

O CEO, CarstenSpohr, salientou em comunicado que a transportadora aérea portuguesa tem “uma importância estratégica significativa para a indústria da aviação europeia” e apontou os “investimentos substanciais” previstos para Portugal. O grupo alemão anunciou no final de 2024 um investimento de 227,6 milhões de euros numa unidade industrial de reparação de motores e componentes de aviões em Santa Maria da Feira, por parte da Lufthansa Technik.

A empresa alemã diz empregar mais de 400 trabalhadores em Portugal, número que crescerá para 1.000 até 2030 com a construção da já referida unidade industrial em Santa Maria da Feira.

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