Seja em terra ou no rio, a Bello’Giro, empresa de animação turística de Baião, tem tido procura elevada de turistas estrangeiros, do segmento médio-alto. Já cresceu 20% em relação a 2022.
Com o rio Douro a serpentear por entre montes retalhados de verde, há cada vez mais estrangeiros a procurar a adrenalina das motas de água e boias de tração, ou os passeios de barco ou de buggy da empresa de animação turística Bello’Giro, em Baião (distrito do Porto). A procura aumentou de tal forma que até julho deste ano a empresa faturou mais 20% do que em igual período de 2022, não sendo beliscada pela crise a reboque da inflação. E já pensa em fazer mais parcerias com outros empresários para acrescentar novas experiências e melhor dar a conhecer a região.
É na albufeira da Pala, também conhecida pelas famosas provas de motonáutica, em Baião, que dois barcos da Bello’Giro navegam desde 2019 para passeios turísticos nas águas límpidas do rio com direito a mergulhos e braçadas a meio da viagem. Com uma paisagem de cortar a respiração, por aqui há mais experiências náuticas com motas de água, boias de tração, banana boat ou a prática de wakeboard. Quem chega ao cais para os passeios de gaivotas, ainda não as encontra depois do investimento inicial de 30 mil euros; continuam no armazém por falta de licença. “Desde 2021 que estamos à espera da licença da APDL [Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo] para operar as seis gaivotas, o que nos tem atrasado a atividade assim como a dinamização daquela zona“, lamenta Paulo Portela, o dono da Bello’Giro e antigo presidente da Associação Empresarial de Baião.
Desde 2021 que estamos à espera da licença da APDL [Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo] para operar as seis gaivotas, o que nos tem atrasado a atividade assim como a dinamização daquela zona.
Corria, assim, o ano de 2019 quando o empresário viu grande potencial nas atividades de aventura, desbravando serra e rio, para colocar o concelho no mapa turístico do país e contribuir para a dinamização da economia num território que, apesar de se situar no interior do país, fica a pouco mais de 50 minutos do Porto. E que tem vindo a perder população. De acordo com os Censos de 2021, Baião foi o concelho do Porto onde o número de habitantes mais decresceu (-14,6%), passando de 20.522 em 2011 para 17.534 em 2021.
Por terra há mais pacotes turísticos e personalizados, dependendo do gosto de cada um e com mais ou menos adrenalina, como “as experiências em buggy e segway pelas serras da Aboboreira e do Marão“, descreve Paulo Portela. Há diversos roteiros para dar a conhecer as paisagens do Alto do Marão até às margens do Douro, as tradições e as gentes desta região do distrito do Porto. E que também incluem rotas gastronómicas ou provas de vinhos em quintas.
“Queria oferecer aos visitantes, experiências gastronómicas, culturais e a contextualização histórica do património imaterial, tornando estas visitas únicas e inesquecíveis”, conta Paulo Portela.
E tem razões de sobra para isso. Baião tornou-se uma localidade atrativa ao turismo, com unidades hoteleiras de luxo e uma paisagem de cortar a respiração. Também foi “o primeiro município do país” a conquistar o título de destino turístico sustentável e apresenta ativos como o turismo de natureza e aventura, a Área Regional Protegida da Serra da Aboboreira – juntamente com Marco de Canaveses e Amarante –, património imaterial (cestas de Frende, bengalas de Gestaçô, cantareus e enogastronomia), e a ativação do património arqueológico. Ainda este ano, o Mosteiro de Ancede Centro Cultural de Baião (MACC) foi alvo de requalificação da autoria do prémio Pritzker Siza Vieira.
Em 2022 faturámos cerca de 135 mil euros. De janeiro a julho deste ano já crescemos 20% face a igual período do ano passado.
Paulo Portela diz que, em 2019, não havia nenhum negócio do género no concelho. Aliás, recorda, os operadores de turismo queixavam-se da falta de atividades para levar os turistas a prolongarem a estada em Baião e, por consequência, aumentar o número de dormidas nas unidades hoteleiras. “Estive dez anos na Associação Empresarial de Baião, e uma das coisas que notava era que a estada média do turista era pouco mais do que um dia. Os operadores turísticos queixavam-se que não havia nada para fazer”, lembra o também CEO da Vialsil, que atua na área das vias de comunicação de autoestradas de todo o país.
E assim a ideia saiu do papel e com um investimento inicial de 485 mil euros, apoiado em 50% a fundo perdido por fundos comunitários, através do Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial do Tâmega e Sousa. Com um envelope financeiro de 78 milhões de euros, a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa já apoiou projetos públicos, sociais e empresariais como este, mas que sejam estratégicos para o desenvolvimento, valorização e coesão deste território. Até ao momento, avança a CIM ao ECO/Local Online, “o programa já apoiou mais de 400 projetos, num total de mais de 240 entidades beneficiárias deste apoio”.
“Só 30% dos clientes são estrangeiros”
Volvidos quatro anos desde o começo do negócio, e com uma pandemia pelo meio que parou o país e afetou a atividade turística, o empresário considera que o negócio é uma aposta ganha. “Em 2022 faturámos cerca de 135 mil euros. De janeiro a julho deste ano já crescemos 20% face a igual período do ano passado”, avança. Em muito terá contribuído para esse crescimento, sustenta, “o exponencial aumento dos mercados americano, israelita, inglês e francês. Só 30% dos clientes da Bello’Giro são estrangeiros” e de segmento médio-alto.
O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Luís Pedro Martins, confirma o aumento de turistas americanos e israelitas na região nortenha. Desde março deste ano que 400 turistas israelitas chegam semanalmente ao aeroporto do Porto – altura em que passou a haver dois voos semanais diretos da companhia aérea Sun D’Or entre Telavive e Porto –, disparando as dormidas e proveitos turísticos, o que não acontecia até então, adianta ao ECO/LOcal Online o presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.
Estive dez anos na Associação Empresarial de Baião, e uma das coisas que notava era que a estada média do turista, em Baião, era pouco mais do que um dia. Os operadores turísticos queixavam-se que não havia nada para fazer.
“No primeiro semestre deste ano, o mercado americano registou um crescimento de 60% em relação a 2022. O mercado israelita começou a crescer a partir de março, o momento em que conseguimos uma rota direta Telavive – Porto, com uma companhia israelita”, destaca Luís Pedro Martins.
A pensar no posicionamento da Bello’Giro nos mercados nacional e estrangeiro, Paulo Portela quer que “a marca continue a ser reconhecida e faça mais parcerias com operadores turísticos, como hotéis, e outros empresários da região”. Entre os projetos futuros, desvenda o empresário, está o aumento da oferta de atividades de animação turística, como “passeios de jipe e a cavalo que fazem falta para dar a conhecer o concelho”.
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Rio Douro acima e pela Serra do Marão, a Bello’Giro aumenta turistas estrangeiros
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