Algarve ultrapassa Norte no ranking digital
Norte e Alentejo sofrem uma queda neste ranking digital da Universidade do Minho, que assinala cada vez mais assimetrias regionais no país. Lisboa continua a liderar a uma grande distância.
Continuam a registar-se “enormes” assimetrias na construção da Sociedade da Informação em Portugal, com o Algarve a destronar o Norte na terceira posição do ranking digital, de acordo com o Índice Digital Regional (IDR) 2023, elaborado pela Universidade do Minho.
“Depois de tantos anos e de muitos milhões de euros de Fundos Estruturais aplicados na coesão e na convergência territoriais; depois de tantos alertas e reflexões coletivos para a necessidade de um maior equilíbrio e equidade no desenvolvimento regional, a verdade é que, em aspetos tão relevantes que caracterizam a Sociedade da Informação, as assimetrias regionais vão persistindo e até, em alguns casos, vão-se agravando”, afirma Luís Miguel Ferreira, coautor do estudo do IDR, ao ECO/Local Online.
Também se regista uma queda do Alentejo para a sexta posição, sendo ultrapassado pela Região Autónoma da Madeira, que sobe para o quinto lugar. Já a Área Metropolitana de Lisboa (AML) continua a liderar a uma grande distância das restantes regiões do país, seguida do Centro, de acordo com o mesmo estudo. A última posição é ocupada pela Região Autónoma dos Açores, tal como aconteceu nas cinco edições anteriores do IDR.
Em aspetos tão relevantes que caracterizam a Sociedade da Informação, as assimetrias regionais vão persistindo e até, em alguns casos, vão-se agravando.
“A AML, face à média das regiões NUTS II portuguesas, continua a registar um desempenho de enorme supremacia, evidenciando as significativas assimetrias regionais na construção da Sociedade de Informação em Portugal, ainda que a distância tenha vindo a diminuir com pouca expressão”, refere este investigador do Gávea – Observatório da Sociedade da Informação da Universidade do Minho.
Tal como se pode verificar, a única região que regista uma queda na pontuação final em relação à edição anterior foi a região do Alentejo (-9,6%). As restantes regiões registaram subidas: a maior foi protagonizada pelo Algarve (+44,3%), seguido da RA Madeira (+40,3,%), RA Açores (+39,4%), Norte (+17,4%), Centro (+13,4%) e AM Lisboa (+8,7%), a única região com uma subida abaixo da média nacional de 13,1%.
Nos quatro subíndices que constituem o IDR (contexto, infraestrutura, utilização e impacto), a AML posiciona-se sempre na liderança — tendência verificada desde a primeira edição do índice. Pela primeira vez, a região do Algarve supera a AML no subíndice infraestrutura” e ultrapassa a média nacional no subíndice utilização, de acordo com este estudo. É precisamente neste subíndice que se verifica a maior variação de posicionamento com a região do Alentejo a cair três posições.
Ainda assim, a AML é a única região do país a registar um desempenho acima da média nacional nos subíndices contexto e impacto.
Luís Miguel Ferreira assinala que “continua a verificar-se uma tendência de grande distanciamento da região da Área Metropolitana de Lisboa em relação às restantes regiões portuguesas, o que confirma a crónica existência de enormes assimetrias regionais na construção da Sociedade da Informação em Portugal, tal como acontece, aliás, noutras áreas do desenvolvimento do nosso país”.
O IDR é um instrumento criado pela Universidade do Minho através do Gávea – Observatório da Sociedade da Informação, no âmbito do doutoramento de Luís Miguel Ferreira, sob a orientação do Professor Luís Amaral. Visa “compreender a realidade da Sociedade da Informação nas sete regiões NUTS II portuguesas, comparando-as e contrastando-as“, detalha o investigador.
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