Tejo vai ter barcaças com 100 contentores para ligar Lisboa a Castanheira do Ribatejo até 2026

  • Alexandre Batista
  • 6:59

Década e meia depois do primeiro anúncio de um porto fluvial junto à Plataforma Logística no município de Vila Franca de Xira, a obra está finalmente pronta a iniciar. Quase 100 camiões deixam a A1.

O porto fluvial de mercadorias em Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, já aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente, vai começar em obras até final deste ano. Ao ECO/Local Online, o presidente do grupo ETE, Luís Figueiredo, explicou que já tem em mãos as propostas das empresas candidatas à construção e que a concessionária irá agora analisar a mais adequada, para fazer a adjudicação ainda este ano.

O investimento inicial estimado é de seis milhões de euros. Adjacente, estará uma área de dois hectares de parqueamento de contentores, suficiente para três a quatro barcaças.

O serviço estará à disposição das empresas a partir do início de 2026. Cada viagem da barcaça e do rebocador significará o transporte de até 100 contentores. O volume em cada viagem depende, contudo, da adesão ao serviço por parte das empresas. “Em vez de saírem de camião de Alcântara ou Santa Apolónia, os clientes podem ir buscar os contentores a Castanheira do Ribatejo”, realça Luís FIgueiredo.

Isto significa que o projeto não se cinge obrigatoriamente ao trânsito de contentores com origem e destino final entre os portos de Lisboa e Castanheira, já que, como destaca a ETE, o facto de o porto da Castanheira se situar a apenas um quilómetro da A1 abre a porta a que se faça uma parte do percurso entre Lisboa e Norte (e até para sul, através da A10, a um par de quilómetros dali, e que liga à A13 e desta à A6 e A2 no sentido de Espanha e do sul, respetivamente) pelo rio e o restante por estrada. A duração por trajeto será de quatro horas ao longo dos 45 km de rio entre os portos de Lisboa e de Castanheira.

O projeto tem potencial para escalar num curto espaço de tempo, assegura Luís Figueiredo: “rapidamente estaremos em condições de pôr barcaças dia sim dia não”. Por outro lado, diz, um rebocador tem capacidade de mover até quatro barcaças, o que eleva para 400 o máximo de contentores por cada viagem. “O ideal seria fazer um comboio de quatro barcaças em simultâneo”, diz o gestor. A capacidade técnica está assegurada, faltando, contudo, que a procura o dite.

Rapidamente estaremos em condições de pôr barcaças dia sim dia não

Luís Figueiredo

Presidente do grupo ETE

Além dos benefícios em redução do fluxo de camiões a circular na A1 e nas ruas de Lisboa, haverá um corte potencial nas emissões de CO2, desde que o negócio corra conforme a expetativa da empresa. Em termos comparativos, uma barcaça com somente 10 contentores emitirá praticamente o mesmo que um camião, por força da maior emissão de um rebocador, face a um camião. Na situação ótima, contudo, as contas são bem distintas. Numa equivalência de CO2 por transporte, a barcaça com 100 contentores representa 10% das emissões” dos 100 camiões necessários para transportar essa mesma centena de contentores.

As características do equipamento utilizado pela ETE permitem contornar as limitações de navegabilidade do rio, as quais só poderão ser resolvidas após obras de dragagem cuja decisão cabe ao Estado. “Uma das virtudes do nosso projeto é que não precisamos de dragagens. As nossas barcaças conseguem ir carregadas praticamente até Santarém”, nota o gestor.

O avanço definitivo do projeto colocará fim a uma longa espera que já soma 13 anos desde que foi apresentado o projeto. Entre as limitações esteve a estagnação no avanço da PLLN. Sem colocar para já em causa o avanço do projeto, Luís Figueiredo deixa, no entanto, um alerta em declarações ao ECO/Local Online, com o Governo como destinatário, apontando “a instabilidade legislativa relativa aos portos“, que no limite poderá travar o início da construção.

No futuro, o potencial de expansão do parque de contentores poderá estender-se até aos 200 hectares, área de um terreno privado que ocupa toda a frente de rio ao longo da plataforma logística, a qual se situa a menos de 400 metros da margem do Tejo.

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