Carris Metropolitana vai permitir usar passe Navegante diretamente no telemóvel em 2025
O operador de transportes da Área Metropolitana de Lisboa acaba de lançar um novo site e está a preparar várias novidades, incluindo a dispensa de andar com o cartão Navegante.
A Carris Metropolitana, responsável pela operação que uniu vários operadores da Área Metropolitana de Lisboa, acaba de lançar um site com novas de funcionalidades e prepara novidades que tornarão a utilização dos autocarros mais facilitada para os 170 milhões de passageiros que em 2024 utilizarão este serviço público de transportes. Entre elas, a possibilidade de usar o passe mensal diretamente no telemóvel, sem a necessidade do cartão físico.
No final do primeiro semestre de 2025, os passageiros poderão adquirir o título de viagem apenas com a aproximação do seu cartão bancário de uma máquina de validação no interior dos veículos, tal como já acontece no Metropolitano de Lisboa (AML).
Adicionalmente, a empresa está a desenvolver a virtualização do cartão Navegante no telemóvel, o que dispensará os utilizadores de transportes na AML, incluindo nos comboios, barcos e metropolitano, de transportarem consigo o “passe”. Esta tecnologia entrará em utilização igualmente no primeiro semestre do próximo ano.
Também em breve os autocarros, que enviam informação à central digital a cada dez segundos, permitirão lançar alertas de de aproximação aos passageiros. Quando o veículo estiver a chegar perto da paragem, o sistema envia um aviso ao passageiro, que assim poderá preparar-se para a chegada.
O novo site passa também a ser bilingue, acompanhando a procura por um número crescente de imigrantes não familiarizados com a língua portuguesa, explica Rui Lopo, administrador da Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), gestora da Carris Metropolitana, que nesta segunda-feira apresentou o novo site da empresa.
Depois da nova app, revelada há dois meses, o site surge com funcionalidades que, como o administrador admite na conversa com o ECO/Local Online, permitirão a cada utilizador ser um auditor da atividade da empresa.
Novidade recente, mas ainda em afinação, é a do contador de passageiros — por enquanto, com constrangimentos por incapacidade do sistema de contagem dentro do autocarro, esclarece o gestor –, fundamental para linhas como a que atravessa a Ponte Vasco da Gama, ou para o serviço de Mafra para Lisboa, que utiliza a autoestrada A8. Em ambos os casos, não pode haver passageiros de pé (como nos autocarros de longo curso), pelo que os passageiros poderão saber de antemão se têm lugar sentados.
A TML é uma empresa que eminentemente trabalha transportes públicos, mas é uma empresa de ‘big data’. O conjunto de dados que nós trabalhamos, que transformamos, que relacionamos todos os dias, mede-se na casa dos ‘teras’ [TB]. É muita informação. A conquista é a tradução desses dados para gerirmos os transportes que temos a responsabilidade de gerir.
“O setor dos transportes é muito influenciado pela perceção”, aponta Rui Lopo. “Se virmos na nossa rua um autocarro que passa vazio, se calhar achamos que anda sempre vazio. Não sabemos que dois quilómetros à frente enche”. Para a empresa é importante que os passageiros acompanhem a pressão do serviço. “O mês de outubro foi aquele em que transportámos mais gente. Andámos nos 666 mil passageiros de média diária na AML, número que é fabuloso”, destaca o administrador da Carris Metropolitana. No melhor dia do ano, 10 de outubro, atingiram-se as 688 mil pessoas, adianta. “Só contando passageiros com bilhete válido, porque incluindo a ausência de bilhete válido, chega aos 710 mil”, diz. Pelo meio há ainda sete mil a dez mil passageiros cujo passe não está válido, o que sucede tipicamente no início do mês.
Os dados gerados numa operação desta dimensão atingem a dimensão de vários terabytes (1 TB equivale a 1.000 GB). “A TML é uma empresa que eminentemente trabalha transportes transportes públicos, mas é uma empresa de big data. O conjunto de dados que nós trabalhamos, que transformamos, que relacionamos todos os dias, mede-se na casa dos teras. É muita informação. A conquista é a tradução desses dados para gerirmos os transportes que temos a responsabilidade de gerir, que em concreto é o contrato de serviço público rodoviário sob a marca Carris Metropolitana”, esclarece.
O reforço da informação no site incluirá o nível de cumprimento do serviço, entre o planeado e o realizado.
“No passado, as coisas não eram feitas por entidade central. Cada operador fazia o serviço de autocarro que achava que devia fazer, com os quais teoricamente se comprometia, mas que não era auditado. A realidade da TML é que os audita diariamente, várias vezes ao dia. Olhamos para os dados e relacionamo-los, monitorizamos os passageiros transportados por linha, por área, no conjunto da AML, vemos que horários de autocarros planeados estão a ser feitos, confrontamos com os que o serviço de sistema de informação diz que não são feitos, medimos, monitorizamos, pedimos explicações e apertamos com os operadores. Ainda não estamos na fase de sancionar atrasos, adiantamentos e outras situações, mas caminhamos para lá“, assegura Rui Lopo. “Isto não era feito. É um salto quântico da realidade que tínhamos antes da existência da Carris Metropolitana“, enaltece, a propósito da informação que a partir desta segunda-feira começa a ser disponibilizada no site da empresa.
O administrador da TML realça a capacidade da empresa de “pegar nesses dados e dar-lhes uma tradução pública. Vamos passar a comunicar nas nossas ferramentas, com destaque para o site, o número de passageiros que estão a ser transportados diariamente, no global da operação e linha a linha. Não há nenhuma operação no país, e na Europa não conheço, que consiga comunicar online e em tempo real” como a da Carris Metropolitana, assegura o gestor.
A análise dos dados permite observações como a constatada na última semana. Com o dia mais frio na zona de Lisboa e a chegada da chuva, o número de passageiros caiu abruptamente. Na segunda-feira andaram na Carris Metropolitana 684 mil pessoas, e ao longo da semana passaram a 670 mil, 640 mil, 620 mil e, na sexta-feira a operação rondou os 600 mil passageiros. Assim que o número de dias com baixas temperaturas se intensificar, há uma tendência para regresso à normalidade, o que o gestor explica com a habituação dos cidadãos aos dias mais frios. A operação retomará assim os quase 700 mil passageiros diários ao longo dos 18 municípios da AML cobertos pelos autocarros da Carris Metropolitana — dos 18, Barreiro, Cascais e Lisboa têm também operações próprias.
“Esta é a maior e mais complexa operação de transportes do país. São 3000 km2 de serviço, 12.500 paragens de autocarros, 22.000 serviços (viagens) por dia, quase 24 horas por dia de operação. Numa das zonas são mesmo 24 horas, nas outras, mais dia menos dia, também vão funcionar”, anuncia.
“Os números estão sempre nesta ordem, entre o entusiástico e assustador. Por um lado, é ótimo, há mais gente a andar de transportes. Mas com a taxa de crescimento, a resposta é muito complexa de se dar. Não há forma de comprar um autocarro ou formar mais motoristas de uma semana para a outra”, salienta Rui Lopo. O tempo de espera por um novo veículo ronda os seis meses, mas há pouco tempo chegava a um ano, esclarece. Do lado do investimento, cada autocarro elétrico ronda os 400 mil euros. “Temos conseguido responder, mas é uma tendência complexa.”
“Estamos em crer que o facto de mostrarmos às pessoas esta transparência no número de pessoas transportadas, por linha, por dia, por área, muda a perceção da criticidade deste serviço e, a prazo, as pessoas vão perceber que esta é uma operação complexa e com densidade complexa“.
À frota inicial de 1.700 autocarros, dos quais 1.400 novos, a operação gerida pela Carris Metropolitana adicionou uma centena. A média de idade acompanha o tempo de serviço e é agora de três anos. Por contrato, nenhum veículo poderá ultrapassar os 16 anos durante os primeiros quatro anos de contrato.
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