Exclusivo Autarca de Famalicão acusa APA de atrasar instalação de “um dos maiores portos secos da Península Ibérica”
Mário Passos responsabiliza a APA pelo facto de "um dos maiores portos secos da Península Ibérica" ainda não se ter instalado no concelho, travando a competitividade económica e a criação de emprego.
O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão não entende o “porquê da demora” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) em dar um parecer positivo à instalação de “um dos maiores portos secos [terminal de contentores] da Península Ibérica” no concelho. A situação já se arrasta há quatro anos, travando a criação de mais emprego e o aumento da competitividade das empresas da região, assegura Mário Passos.
Em 2019, foi anunciado o investimento de 35 milhões de euros a realizar pela Medway num terminal ferroviário de mercadorias em Lousado, no concelho de Vila Nova de Famalicão, de modo a concentrar ali a carga das empresas do Grande Porto, especialmente das exportadoras, além dos contentores provenientes e com destino aos portos de Leixões e Sines.
Quatro anos depois, o autarca não percebe o porquê de o processo se continuar a arrastar, e culpa a APA por estar a impedir a instalação da empresa, que poderia ser uma mais-valia para o ecossistema empreendedor e inovador que o autarca reclama para a cidade famalicense. Um concelho campeão das exportações no Norte do país e o terceiro no ranking nacional, a seguir a Lisboa e Palmela, sendo este último, note-se, aquele onde está instalada a Autoeuropa. “Eu próprio também não entendo a demora e o porquê”, protesta o autarca, em declarações ao ECO/Local Online.
Recentemente, falámos com o secretário de Estado do Ambiente [Emídio Sousa], que se comprometeu a desenvolver todas as diligências junto do presidente da APA, para que se resolva este problema.
“É um projeto que data já de 2019. Ainda não evoluiu porque a APA não dá o parecer relativamente à possibilidade de se instalar num dado terreno que já está comprado pela Medway”, explica o autarca social-democrata. Aliás, detalha, a agência ambiental alega que “tem que perceber a natureza do terreno, nomeadamente em relação a resíduos de arsénio e outros minerais que o terreno tem, para perceber se é ou não possível” avançar com a instalação deste terminal ferroviário.
Mário Passos já interpelou a APA e até abordou o assunto com o Governo, que se comprometeu a “agilizar” o processo. “Recentemente, falámos com o secretário de Estado do Ambiente [Emídio Sousa], que se comprometeu a desenvolver todas as diligências junto do presidente da APA, para que se resolva este problema”.
O projeto reveste-se de importância tal para o concelho, que o Executivo municipal deu, desde a primeira, todo o apoio à empresa para ali se instalar. Aliás, frisa Mário Passos, a câmara “estimulou e promoveu a vinda daquela empresa para Famalicão, porque ajuda o ecossistema empresarial”. E os proveitos resultantes da futura infraestrutura estendem-se ao resto do país. “Ganha Famalicão, ganha o país. Estamos a falar de um dos maiores portos secos da Península Ibéria que não é para alimentar só Famalicão”, realça.
A empresa [Medway] está a esgotar a paciência.
A liderar a autarquia de um concelho com um forte ADN empresarial, com empresas a dar cartas, como a Continental Mabor, Leica, Primor ou Riopele, Mário Passos quer tornar o território mais atrativo para as pessoas e mais competitivo para o setor empresarial. Além de gerar mais emprego direto e indireto, este projeto vem “aumentar a competitividade das empresas existentes em Famalicão e na região, porque se o preço do transporte é mais barato, obviamente que isso se vai repercutir no preço de produção”, sustenta Mário Passos.
Logo, prossegue, “se o transporte ferroviário é mais barato, obviamente a competitividade territorial aumenta. E depois há ainda questão ambiental”, ajudando o município a alcançar as metas ao nível da descarbonização. “Estamos a falar dos camiões que levam os contentores a um dado sítio e depois são transportados para a Europa e para o mundo, por via ferroviária, e não rodoviária”, assinala.
Perante este impasse, afirma o autarca, “a empresa está a esgotar a paciência“. A Medway, que se assume como o maior operador ferroviário privado de transportes de mercadorias na Península Ibérica, é detida na totalidade pela MSC Rail, uma subsidiária da gigante internacional suíça Mediterranean Shipping Company.
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