Algarve produz recorde de 2 milhões de litros de vinho em 2024

  • Bruno Filipe Pires/Barlavento - ECO/Local Online
  • 14:53

Região produziu 1.982.177 litros de vinho em 2024. Comissão Vitivinícola do Algarve estima um aumento de 20 por cento, em relação ao ano anterior.

 

O Algarve produziu 1.982.177 litros de vinho em 2024, um crescimento de 20% na produção. As contas são de Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), entidade que desde 2012 faz a certificação dos vinhos de Denominação de Origem Lagos, Portimão, Lagoa e Tavira e de Indicação Geográfica Algarve.

“Tivemos um aumento de produção que ultrapassou as nossas expectativas iniciais. Em julho, o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) pede-nos as previsões e fazemos um levantamento junto dos nossos produtores. Na altura, a estimativa já apontava, em média, para cerca de oito a 10% de aumento de produção. Contas feitas, temos um aumento efetivo de mais de 20% em relação à campanha anterior, de 2023″, contabiliza.

Para 2024, o valor que consta do levantamento do IVV ultrapassa os 1,9 milhão de litros de vinho com aptidão, isto é, com Denominação de Origem e Indicação Geográfica, e cerca de 100 a 200 mil litros de vinho de mesa, não certificado.

De acordo com os registos da CVA, este é um dos melhores resultados dos últimos 15 anos, que poderá ser explicado com o aumento do número de vitivinicultores na região algarvia.

Fechámos o ano de 2024 com 61 produtores inscritos. Temos registado uma média anual de cinco a seis novos produtores inscritos na CVA. Isso faz com que haja mais área de vinha para a produção qualificada. Além disso, os produtores que já estão instalados também estão a aumentar a sua área de vinha. Fazem o processo normal de evolução das suas empresas e apostam na capacidade produtiva. Foi um ano, mesmo ao nível nacional, bastante produtivo e rentável”, enumera Sara Silva.

A responsável acrescenta que “para haver mais área de vinha tem de haver candidaturas a novas áreas de plantação, e a devida autorização. Não é de um dia para o outro. Nos últimos três anos, foram concedidos cerca de 180 hectares de novas vinhas” no Algarve, um pouco em contraciclo com o resto do país.

E “tem havido alguma reconversão de castas, dependendo também do objetivo do produtor, pois há apoios para isso”.

No Algarve, “temos verificado uma grande evolução nos vinhos brancos, em linha com aquilo que o nosso consumidor quer. Na região, vendemos vinho sobretudo no verão, na época alta, e por isso há uma grande procura por néctares frescos, como os rosés e os espumantes, que também têm sido uma grande aposta”.

Já no que toca aos tintos, “as produções têm-se mantido, em paralelo ao crescimento que a região tem assistido, de uma forma sustentável”.

Sobre a Negra Mole, a casta tradicional algarvia, “os produtores, mesmo aqueles que poderiam estar um pouco de pé atrás ou menos confiantes, começam a apostar porque o mercado está a aceitar bem. Diria que, cada vez mais, a região fica muito associada à sua casta-bandeira, à sua casta identitária, que tem características muito interessantes para ser trabalhada”.

Na verdade, até “os espumantes têm tido uma grande expressão da Negra Mole. E isso é uma grande surpresa, porque não havia histórico. É uma casta com muita flexibilidade, capaz de grande harmonização com a nossa gastronomia, e até com a gastronomia internacional. É exclusiva do Algarve, e cada vez mais produtores têm identificado a Negra Mole como oportunidade”, estima.

Neste momento, segundo a CVA, mais de um terço do total de vitivinicultores algarvios têm esta variedade nos seus rótulos, “sobretudo em vinhos monocastas”.

No passado, “a Negra Mole era, digamos, para fazer volume, para grandes lotes, para vinhos de blend. Nos últimos 10 a 15 anos, contudo, há uma progressiva valorização, colocando-a com relevo em vinhos monovarietais”, até porque o consumidor quer néctares exclusivos do Algarve.

Exportação ainda tímida

Apesar de a produção estar a bater recordes, a maioria do vinho algarvio é consumido na região, com o turismo na linha da frente.

“Sim, sobretudo na região. As exportações ficam sempre entre 12 a 15 por cento. Há anos em que podemos exportar um pouco mais, outros menos, mas nem todos os nossos produtores são exportadores. A maioria vende localmente, seja na restauração ou na hotelaria. Uma parte é também vendida no retalho, na região, e claro, o enoturismo tem uma grande capacidade de gerar receitas, de venda à porta, sem intermediários. Essa é uma vantagem muito interessante para o produtor, a venda local”, detalha Sara Silva.

Ainda sobre a exportação, a presidente da CVA aponta que há alguma evolução, mas gradual e não muito expressiva, sobretudo para a Europa, “pois cerca de 40% dos nossos produtores têm alguma relação com estes mercados internacionais”.

Na quarta-feira, dia 15 de janeiro, seis Comissão Vitivinícolas (Algarve, Alentejo, Beira Interior, Bairrada, Dão e Trás-os-Montes) estiveram a ser ouvidas na Assembleia da República, em Lisboa, na Comissão de Agricultura e Pescas pelo grupo de trabalho do sector vitivinícola.

A produção de vinho na campanha de 2024/2025 recuou 8%, face à anterior, para 6,9 milhões de hectolitros, segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), tal como o barlavento noticiou.


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