Dupla de arquitetos minhotos ‘reveste’ negócio com entulho das obras
Dois arquitetos transformam o entulho das obras como telhas, tijolos, cimento e pedras em materiais de revestimento. O projeto Matterpieces já desviou 50 toneladas de resíduos dos aterros.
Após seis anos a exercerem em Viena, na Áustria, os arquitetos Patrícia Gomes e Luís Lima decidiram regressar a Portugal em 2020 para tentar “redefinir” o futuro dos materiais de construção. A dupla criou o projeto Matterpieces, que transforma os desperdícios da construção, como telhas, tijolos, cimento e pedras, em novos materiais de revestimento e até mobiliário.
“A construção é uma das indústrias mais poluentes do planeta, responsável por 50% da extração de matérias-primas do solo, um terço dos resíduos gerados em todo o mundo e 38% das emissões de carbono para a atmosfera”, contextualiza a cofundadora da Matterpieces, natural de Braga.
Apercebendo-se disso, diz Patrícia Gomes, licenciada em Arquitetura na Universidade do Minho, começaram por incorporar desperdícios de obra nos projetos de arquitetura, mas “rapidamente” perceberam que “para fazer a diferença” não se podiam limitar a processar apenas quilos de resíduos – teriam de começar a pensar em toneladas.
Fundado em 2022 na garagem dos pais dos fundadores, o projeto Matterpieces já desviou 50 toneladas de resíduos dos aterros. Nos próximos dois anos, os responsáveis estimam ultrapassar as 360 toneladas processadas, um número que já “reflete o compromisso em reduzir a extração de matérias-primas”.
“Estamos a inaugurar um novo ciclo na arquitetura e construção. Por um lado, a recolher resíduos de obras, a tratá-los e transformá-los em novos materiais que são estéticos, funcionais e, por isso mesmo, competitivos. Por outro, a implementar uma estratégia circular colaborativa que reúne empresas de demolição, gestão de resíduos, arquitetos, construtores e produtores de materiais para alcançar um objetivo comum, a construção circular”, resume Patrícia Gomes.
Com o entulho da obra, refere em comunicado, a Matterpieces disponibiliza 13 texturas em catálogo, disponíveis em painéis ou ladrilhos, com diferentes tipos de acabamento. A cofundadora adianta ao ECO que os revestimentos custam 65 euros por metro quadrado.
De forma a adaptar o método de fabrico a uma escala industrial, a Matterpieces estabeleceu parcerias com empresas de demolição e gestão de resíduos, como a Costa Almeida Ambiente e a Zircom. E uma “colaboração estreita” com a RMC de Aveiro, onde a dupla transforma o entulho em novos materiais.
A internacionalização é o próximo passo na estratégia dos jovens empreendedores nortenhos. “O objetivo consiste em estabelecer parcerias estratégicas noutros pontos do globo e reutilizar os desperdícios que são gerados em diferentes geografias de forma local”, conclui o vimaranense Luís Lima, cofundador da Matterpieces.
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