Crise em São Bento volta a juntar legislativas e autárquicas

Instabilidade governativa alterou calendário eleitoral. Um autarca em primeiro mandato conviverá a partir de maio com o terceiro Governo do país.

A aproximação temporal entre autárquicas e legislativas não é novidade no país, e até já houve dois anos com uma diferença de apenas 14 dias entre eleições, a primeira das quais em 1979, provocada igualmente pelo chumbo de uma moção de confiança, embora nessa altura as soluções de Governo se tenham arrastado por dois anos.

Depois de, em 1977, Mário Soares ver o seu Executivo cair no Parlamento, o país entrou numa série de governos sem longevidade até 2 dezembro de 1979. O último Executivo a levar o país até às eleições que dariam a vitória da AD liderada por Francisco Sá Carneiro foi um Governo de escolha presidencial liderado por Maria de Lurdes Pintassilgo, única primeira-ministra da história do país, presente no cargo durante um período de apenas quatro meses. As autárquicas viriam a decorrer a 16 de dezembro, 14 dias após a vitória de Sá Carneiro. Mas esses eram, definitivamente, outros tempos.

Em 1985, seria o Governo de Bloco Central a cair, com a chegada de Cavaco Silva a presidente do PSD, parceiro do PS de Mário Soares. As eleições de 6 de outubro ditariam a primeira eleição de Cavaco para primeiro-ministro. Dois meses depois, a 15 de dezembro, decorriam as autárquicas.

Neste século, já se registaram três outras “colagens” do calendário, a primeira alicerçada no “pântano” criado pela derrota autárquica do PS em dezembro de 2001, que levou António Guterres a apresentar a demissão e provocar as legislativas de março de 2002.

Em 2005, os cidadãos foram chamados a escolher os deputados de São Bento em fevereiro e os das suas autarquias e outubro. Em 2009, foram às urnas novamente com 14 dias de diferença, tal como em 1979, mas depois, a queda do Governo de José Sócrates aquando do pedido de assistência financeira em 2011 voltou a desencontrar o calendário.

Apesar da consistência eleitoral das autárquicas, a intermitência legislativa leva a que em 2025 se repita a aproximação. Desta vez, tal como no final dos anos 70, um autarca em início de mandato conhecerá vários titulares do cargo de primeiro-ministro: dois, se Luís Montenegro voltar a ganhar, três se for outro o escolhido pelos eleitores em maio.

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