Donos da fábrica de armas de Viana do Castelo compram empresa de cartuchos
Os belgas da FNB, que detêm a fabricante de espingardas de Viana do Castelo, notificaram a Autoridade da Concorrência da aquisição do controlo exclusivo sobre a Sofisport, proprietária da Nobel Sport.
Gatilho preparado para se fechar um negócio no setor das armas que envolve Portugal. Os belgas da FNB – FN Browning Group, que detêm uma fabricante de espingardas de Viana do Castelo, notificaram a Autoridade da Concorrência (AdC) da aquisição do controlo exclusivo sobre a Sofisport, proprietária da Nobel Sport Portugal.
O grupo FNB, com sede em Herstal, tem como atividade o fabrico e venda de armas de fogo militares e civis, munições e produtos conexos para todo o mundo. Em Portugal, são donos da Browning Viana – Fábrica de Armas e Artigos de Desporto, uma empresa de São Romão de Neiva (Viana do Castelo) que se dedica à produção de espingardas de caça e carabinas para caça e tiro desportivo.
Fundada em 1973, a Browning Viana emprega cerca de 600 pessoas e produz atualmente carabinas e espingardas de caça, sob as marcas Browning e Winchester, essencialmente para exportação. Segundo os dados consultados pelo ECO, 99% da produção é para exportação e o volume de negócios em 2023 fixou-se nos 81,6 milhões de euros. Em curso está um investimento de mais dez milhões de euros para modernizar a fábrica e aumentar a capacidade de produção para 200 mil armas por ano.
A mira dos donos desta fabricante foi apontada para a empresa francesa Sofisport, da qual faz parte a subsidiária Nobel Sport Portugal, que opera sobretudo no fornecimento e distribuição grossista de cartuchos e componentes. O mesmo negócio da casa-mãe (fabrico e fornecimento de munições não metálicas), de acordo com a AdC.
O regulador da concorrência informou esta quinta-feira que foi notificado desta operação no passado dia 7 de março de 2025 e está a receber observações sobre o assunto ao longo dos próximos 10 dias úteis.
“Quaisquer observações sobre a operação de concentração em causa devem identificar o interessado e indicar o respetivo endereço postal, email e nº de telefone. Se aplicável, as observações devem ser acompanhadas de uma versão não confidencial, bem como da fundamentação do seu caráter confidencial, sob pena de serem tornadas públicas”, detalha a AdC.
A indústria das munições europeias tem estado a trocar de mãos, mesmo antes do anúncio do reforço do investimento em defesa por parte da União Europeia. Só em janeiro, a unidade francesa da KNDS e a Texelis assinaram um acordo para aquisição do fabricante de peças para veículos. Em 2024, o processo de consolidação da indústria das armas terrestres europeias verificou-se com a compra da Arquus, francesa de veículos blindados ligeiros, pelos belgas da John Cockerill em 2024.
Quando a União Europeia propôs um plano de defesa de 800 mil milhões de euros, as ações das empresas ligadas ao setor das infraestruturas valorizaram significativamente. E os players do espaço – com um negócio historicamente bélico – também pretendem ‘fazer frente’ à maior economia do mundo e à Rússia, como confirmou o acordo entre a Airbus, a Thales e italiana Leonardo.
“Estamos a ver como ajudá-los, como colocamos as capacidades que a Europa tem ao serviço dos nossos países para resolver a pressão que a Starlink está a exercer sobre a Ucrânia”, afirmou, na semana passada, o responsável pela subsidiária espanhola da Airbus.
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