PSD e CDS avançam com acordo para Governo de maioria na Madeira
Albuquerque recebe do CDS o deputado que lhe faltava para atingir a maioria. Marcelo Rebelo de Sousa já tinha dado, na noite eleitoral, o tiro de partido para o acordo.

O PSD e o CDS já têm um acordo para formação de um Governo de maioria absoluta na Região Autónoma da Madeira, o qual vai ser anunciado na tarde desta terça-feira. Miguel Albuquerque afirmou, aos jornalistas, que “vamos fechar, em princípio, o acordo esta tarde com o CDS”. O acordo “será sempre formal, no quadro governativo e no quadro parlamentar, aliás, como sempre fizemos. Temos um histórico de boa relação com o CDS, mas sempre assente num acordo escrito para mantermos os princípios, isso está tudo claro”.
Nas eleições deste domingo, os social-democratas obtiveram 43,4% dos votos, garantindo 23 mandatos, menos um que o mínimo necessário para terem mais de metade dos 47 lugares do Parlamento. Com os resultados de domingo, os centristas perderam um lugar, mas conquistaram o poder de assegurar a desejada estabilidade governativa a Miguel Albuquerque. Em contrapartida, José Manuel Rodrigues, líder regional do CDS-PP, poderá assumir a pasta da Economia, segundo refere a RTP.
Rodrigues, que assumiu funções de jornalista no Jornal da Madeira no ano em que Alberto João Jardim chegou ao poder, em 1978, entrou na Assembleia Legislativa da Madeira como deputado no ano 2000, sendo desde então sucessivamente eleito, o que se repetiu neste domingo. Nestes 25 anos já foi eleito igualmente para a Assembleia da República, nas legislativas de 2009 e 2011.
A confirmarem-se as palavras de Albuquerque, a decisão dos dois partidos confirmará a expectativa gerada logo na noite eleitoral pelos dois líderes partidários e secundada pelo Presidente da República, que aproveitou a zona de entrevistas rápidas no final do jogo de futebol Portugal-Dinamarca para dizer que “houve maioria absoluta” na votação, algo que, na realidade, não ocorreu, tendo o PSD ficado a um mandato de obter essa autonomia de governação.
No domingo, Albuquerque não se comprometeu com coligações, mas deixou claro que todos sabem a quem o PSD se tem unido para formar Governo.
Do lado do CDS-PP Madeira, José Manuel Rodrigues considerou que “os madeirenses quiseram dizer que querem estabilidade política, governabilidade, querem um Governo para os próximos quatro anos”. Questionado sobre o caso judicial que envolve Albuquerque, o presidente centrista disse: “À política o que é da política, à Justiça o que é da Justiça”, repetindo o mantra de António Costa. O presidente do partido, único eleito na noite de domingo, referiu que “os madeirenses tiveram oportunidade de se pronunciar sobre essa matéria, já o tinham feito em maio. Sempre disse e continuo a dizer que não faço campanhas eleitorais, não provoco eleições nem disputo eleições na base de processos eleitorais”.
Cinco anos e o quarto Governo de parceria
A união de esforços entre os dois partidos não é estranha, tanto na República, onde desde há 45 anos têm assumido a Aliança Democrática, como na própria Madeira. Na região, o primeiro encontro de posições deu-se em 2019, uma necessidade decorrente da perda da maioria absoluta que marcava a governação do PSD-Madeira desde 1976.
A ligação entre os dois partidos nem sempre foi pacífica, com especial relevo para o consulado de quase quatro décadas de Alberto João Jardim, político que dirigiu ao longo dos anos críticas contundentes ao CDS, desde logo em 1978, quando os centristas, a nível nacional, estavam no Governo da República em coligação com o PS de Mário Soares.
Em 2019, PSD e CDS somavam, tal como agora, 24 deputados, mas os centristas surgiam com maior força, não só por terem o triplo dos mandatos, mas também porque o PS e o JPP somavam 22 lugares no parlamento regional, enquanto o PSD estava reduzido a 21. Em 2023, Albuquerque e José Manuel Rodrigues assumiram à partida o casamento, mas da união só saíram 23 mandatos. Acabaria por ser o PAN — que na eleição deste domingo perdeu o seu lugar — a repor os 24 com que o sucessor de Alberto João Jardim tem governado desde 2015, sozinho, ou com acordos de governação ou apoio parlamentar.
Em 2024, o PSD Madeira obteve o seu pior resultado de sempre, 19 mandatos, e mesmo com os dois do CDS ficava aquém da maioria, surgindo então o Chega em SOS, ao mesmo tempo que no Governo da República imperava, havia menos de dois meses, o “não é não” do primeiro-ministro e líder nacional social-democrata Luís Montenegro.
Agora, antes de efetivar a relação anunciada nesta segunda-feira, o representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, irá ouvir os partidos com representação parlamentar na próxima sexta-feira.
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