Biotecnologia pode gerar receitas de 14 mil milhões na antiga refinaria da Galp em Matosinhos
Centro Internacional de Biotecnologia Azul vai surgir nos terrenos da antiga refinaria da Galp em Leça da Palmeira, com data ainda por definir, mas impacto já estimado pelo ministro da Economia.
O Centro Internacional de Biotecnologia Azul que vai nascer nos terrenos da antiga refinaria da Galp, em Leça da Palmeira (Matosinhos), com data ainda por definir, pode “gerar receitas que vão entre 10 e 14 mil milhões de euros”, estimou esta quarta-feira o ministro da Economia e do Mar.
Por enquanto, António Costa Silva apenas adianta que o projeto deverá estar concluído dentro de dois anos. Até setembro será definido o modelo em que este centro vai funcionar nos terrenos da refinaria que a empresa decidiu encerrar há dois anos — e para onde já está projetada uma cidade dedicada à inovação e às energias do futuro (Innovation District) e um polo universitário.
António Costa Silva falava aos jornalistas à margem da assinatura de um protocolo entre a Galp, a Fundação Oceano Azul, a Câmara Municipal de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) para a instalação deste Centro Internacional de Biotecnologia Azul nos terrenos da antiga refinaria, que deixou de produzir em 2021.
“Encerrámos a refinaria porque não era competitiva“, sublinhou esta manhã o novo presidente da comissão executiva da Galp. Filipe Silva defendeu, contudo, que “é urgente que neste espaço haja um masterplan“, que passa pela criação de uma nova cidade neutra em carbono, com a inovação como polo catalisador de desenvolvimento.
O Estado não porá verbas para descontaminar [a antiga refinaria da Galp].
O gestor da Galp destacou a importância de “atrair riqueza, talento, competências e novas tecnologias” para estes terrenos que, assegurou, serão descontaminados de forma gradual, uma vez que “há áreas que estão mais contaminadas, [tendo em conta que foram] 50 anos de refinaria”.
O presidente da comissão executiva da Galp avançou ainda que a descontaminação só decorrerá depois da fase de desmantelamento. “Vamos passar por uma fase de desmantelamento e só depois podemos começar a descontaminação dos solos“, frisou.
A propósito da descontaminação dos terrenos da refinaria da Galp — e garantindo ser “um risco” e “um dos problemas mais complexos” que o país tem em mãos –, o ministro da Economia e do Mar aproveitou para deixar um recado: “O Estado não porá verbas para descontaminar“.
“Um dos grandes projetos transformadores da economia”
António Costa Silva apresentou o novo centro como “um dos grandes projetos transformadores da economia portuguesa”, que vai permitir “criar no país condições para gerar receitas que vão entre 10 a 14 mil milhões de euros”. E que “pode projetar [Portugal] para os 250 mil milhões de euros nas próximas décadas”, notou.
O titular da pasta da Economia e do Mar baseava-se nas estimativas da União Europeia (UE) de que a economia do mar vai atingir em 2030 cerca de 200 mil milhões de euros. “Queremos atrair com o projeto entre 5% a 7% desse valor de mercado”, sustentou.
“Os produtos biológicos, sobretudo aqueles que são fornecidos pelo mar, podem ser transformadores para as indústrias alimentar e farmacêutica, e para a área dos cosméticos e têxteis“, detalhou António Costa Silva. O ministro acredita que este centro será de tal modo diferenciador que vai “catapultar” a economia de Matosinhos e de Portugal a nível internacional.
“A minha estimativa é, dentro de dois anos, termos estas valências a funcionar e um centro de biotecnologias azuis em Matosinhos”, resumiu.
O acordo, assinado esta quarta-feira, estabelece uma base de trabalho com vista ao lançamento de um Centro Internacional de Biotecnologia Azul. A Fundação Oceano Azul coordenará a criação de um plano de desenvolvimento e gestão de infraestruturas e tecnologias a incorporar no futuro Centro Internacional de Biotecnologia Azul.
Já a Galp definirá as áreas destinadas ao projeto em colaboração com os parceiros, enquanto o município de Matosinhos “dinamizará e promoverá o conceito, atraindo atores que contribuam para a concretização do centro”. A CCDR-N, por seu turno, procurará reforçar o contributo do mar para a economia regional.
Antigos trabalhadores em reconversão profissional
Interpelada pelos jornalistas sobre os antigos trabalhadores da Petrogal, a autarca de Matosinhos, Luísa Salgueiro, avançou, por sua vez, que tem sido feito trabalho no sentido de se “encontrar respostas formativas para o regresso ao mercado de trabalho”.
A autarca socialista deu o exemplo da formação na área da ferrovia, nas oficinas de Guifões, com verbas do Fundo para uma Transição Justa. “Nos próximos dias haverá já o início da formação dedicada, escolhida pelos próprios. Será feito, primeiro, o processo de seleção dos formandos, para que possam encontrar alternativas no mercado, designadamente uma que tem sido muito reivindicada por esses trabalhadores, que é na área da ferrovia”, concluiu.
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