Porto quer pesados a pagar portagens na Via de Cintura Interna

Porto quer pesados a pagar portagens na VCI para desviar tráfego para A41. Esta passaria a ser, durante um ano, gratuita.

A Assembleia Municipal do Porto vai recomendar ao Governo que coloque portagens para pesados na Via de Cintura Interna (VCI), de modo a retirar o tráfego e reduzir o congestionamento nesta via que “quando entra em colapso causa uma verdadeira trombose na cidade”, afirmou o autarca Rui Moreira. Como alternativa à VCI, o município propõe desviar os camiões para a A41 (Circular Regional Externa do Porto – CREP), e vai instar o Governo a isentar, durante um ano, o pagamento de portagens nesta via.

As medidas foram aprovadas, na noite desta segunda-feira, na Assembleia Municipal, e resultam de uma moção apresentada pelo movimento “Aqui Há Porto!”. Na prática, o tráfego de camiões passaria a ser desviado da VCI, que é gratuita, para a A41 que é paga e atravessa municípios como Matosinhos, Maia, Valongo ou Vila Nova de Gaia. O município vai igualmente recomendar ao Governo que promova, durante um ano, a isenção de portagens na A41, entre os nós da A1 e A4, e que faça a monitorização do impacto ambiental, financeiro, social, na sinistralidade e no tráfego desta medida. Este foi um dos pontos da Assembleia Municipal proposto pela coligação de comunistas com verdes que foi aprovado por unanimidade.

Ainda na última semana, o independente Rui Moreira reuniu com o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, atribuindo a “responsabilidade da VCI à IP”. “Tive uma reunião com o secretário de Estado a dizer que não é preciso fazer estudos. Já havia um acordo e, portanto, é o Governo que tem de implementar. A responsabilidade da VCI é das Infraestruturas de Portugal (IP). Se tomarmos medidas inteligentes vamos ganhar alguma folga na VCI até que um dia a Linha Ruby [do metro] possa vir a tirar carros deste atravessamento”, revelou o autarca da Invicta, durante a intervenção, na Assembleia Municipal.

Segundo Rui Moreira, “os veículos que atravessam a cidade do Porto, muitas vezes vindos do Sul a caminho do Porto de Leixões, só vêm por aqui porque não pagam portagem e provocam imensos constrangimentos e sinistralidade”. Estes veículos pesados “não estão preparados para lidar com aquilo que é tráfego urbano”, sustentou. E depois, destacou, é preciso olhar para “o trafego que é atraído para a VCI artificialmente vindo do Norte”, exemplificando com os condutores que se deslocam da A3 em direção a Matosinhos Sul fazem um percurso maior para fugir ao pagamento das portagens na A4 que seria mais célere.

Tive uma reunião com o secretário de Estado a dizer que não é preciso fazer estudos. Já havia um acordo e, portanto, é o Governo que tem de implementar. A responsabilidade da VCI é das Infraestruturas de Portugal (IP). Se tomarmos medidas inteligentes vamos ganhar alguma folga na VCI até que um dia a Linha Ruby [do metro] possa vir a tirar carros deste atravessamento.

Rui Moreira

Presidente da Câmara Municipal do Porto

Moreira entende que “retirar as portagens da A41, por si só, não resolve problema”. Mas, se houvesse uma contrapartida de inibição do tráfego de camiões na VCI, já seria uma solução plausível. Lembrou uma reunião, em 2021, com o então secretário de Estado das Infraestruturas. “Em 2021, por iniciativa do Governo, houve reuniões entre o secretário de Estado das Infraestruturas, IP, câmaras de Matosinhos, Porto e Maia para relocalização de pórticos de modo a que as pessoas não fossem inibidas de usar a A4. [A Câmara do Porto] assumia o compromisso e a despesa de alterar os nós de acesso à VCI, principalmente na zona de Paranhos.

Já a câmara de “Matosinhos, recordou, “fazia alteração aos nós da VCI. A haver eleições, em 2021, a senhora presidente da Câmara de Matosinhos [Luísa Salgueiro] entendeu que isso [a aplicação das medidas] deveria ser suspenso”, sublinhou Rui Moreira. O ECO/Local Online tentou contactar o município de Matosinhos, mas não foi possível obter declarações.

Esta medida já foi defendida pela Câmara Municipal do Porto e pela Associação Comercial do Porto há anos e “no tempo em que senhor ministro era o Pedro Marques”, lembra Rui Moreira. O presidente da Câmara Municipal do Porto destacou ainda facto de “a cidade estar, neste momento, numa situação de grande dificuldade que decorre da utilização crescente da utilização do veículo individual”.

Em debate na Assembleia Municipal esteve ainda outro ponto crítico na mobilidade da cidade: a Estrada da Circunvalação, que une os concelhos do Porto, Maia, Matosinhos e Gondomar, e já tem um plano de requalificação desde 2017 por executar. “Não há caroço”, frisou Rui Moreira, lembrando que a transformação dessa via em alameda custaria 60 milhões de euros. Só ao município do Porto caberiam 33 milhões de euros.

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