Empresa de Penela vai “limpar” países africanos com óleo alimentar usado

Nascida na Universidade de Coimbra, a EcoX transforma óleo alimentar usado em detergentes de limpeza. Está disponível em 200 pontos de venda, emprega seis pessoas e fatura meio milhão de euros.

César Henriques estava a tirar o doutoramento em Química Sustentável na Universidade de Coimbra quando percebeu que o óleo alimentar usado poderia ser “transformado” numa oportunidade de negócio. A ideia surgiu quando estava a ouvir um programa de rádio em que alguém explicava que produzia detergentes de limpeza a partir de azeite. O investigador ficou a pensar no assunto e chegou à conclusão que fazia mais sentido usar algo que fosse um “desperdício”, em vez de um produto de primeira necessidade, como o azeite.

Depois de dois anos de esforços de investigação e desenvolvimento (I&D), criou em 2016 a EcoX, que reclama o estatuto de “única marca no mundo a fazer a valorização de um resíduo – óleo alimentar usado – para obtenção de produtos de limpeza upcyling“.

“Numa primeira fase, o foco da empresa foi numa vertente de sensibilização e educação ambiental. Desenvolvemos um kit educativo, o Soapy, que ainda hoje existe, que permite a qualquer criança a partir de seis anos transformar o óleo usado em sabonete para as mãos. Desenvolvemos projetos educativos com vários municípios”, conta César Henriques, CEO da EcoX, que tem como sócios a Sovena e o grupo MSTN, dono de marcas como a Mistolin.

O óleo alimentar usado, que dá origem a produtos de limpeza, vem de hotéis e de restaurantes ou através de parcerias com municípios e escolas. A recolha do óleo alimentar é feita através de parceiros, tendo em conta o “enquadramento legal”, explica. No último ano foram recolhidas 20 toneladas de óleo alimentar.

O fabrico dos produtos de limpeza é subcontratado a uma empresa de Vagos (Aveiro). A ECOx, que emprega diretamente seis pessoas e fatura meio milhão de euros, tem no portefólio mais de 80 artigos, que vão desde soluções para casa, para a roupa e para a louça. Está presente em cerca de 200 pontos de venda em Portugal.

As vendas online representam 30% do volume de negócios e já enviam produtos para o país vizinho. Mas têm a ambição de chegar a países como França, Itália e Alemanha. Ainda este ano, a EcoX tem previsto o lançamento de uma nova loja online internacional, permitindo desta forma uma distribuição focada no centro e sul da Europa.

Estamos a trabalhar com vários parceiros para potencializar a colocação de produtos nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e no Médio Oriente.

César Henriques

CEO da EcoX

Um dos objetivos do gestor passa por vender os produtos nos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) e no Médio Oriente. “Estamos a trabalhar com vários parceiros para potencializar a colocação de produtos nestes países”, acrescenta o gestor da start-up, com sede em Penela, calculando já ter angariado mais de meio milhão de euros em investimento público no segmento da economia circular.

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