Taxa de execução do Portugal 2030 chega aos 10%
Até 31 de agosto, por cada 100 euros programados foram aprovados 40 euros e executados dez, o que corresponde a mais de nove mil milhões de fundos aprovados e dois mil milhões executados.
A taxa de execução do Portugal 2030 chegou aos 10% no final de agosto. De acordo com o boletim mensal do quadro comunitário de apoio, há 9,18 mil milhões de euros aprovados e 2,29 mil milhões executados até 31 de agosto. O Pessoas 2030 destaca-se com a maior taxa de execução (24,6%), sendo o único com mais de mil milhões de euros executados, e o Compete com a pior (1,9%).
“Até 31 de agosto, por cada 100 euros programados para 2021-2027, foram aprovados 40 euros e executados dez, o que corresponde a mais de nove mil milhões de fundo aprovado e dois mil milhões de euros de fundo executado”, lê-se no boletim mensal do Portugal 20230.
“Os pagamentos aos beneficiários ascendem a 2,54 mil milhões de euros, incluindo os adiantamentos e mais de um quarto do fundo aprovado já foi pago”, acrescenta a mesma nota.
Qualificação inicial no apoio aos cursos profissionais; formação superior e avançada, com destaque para as bolsas de ensino superior para alunos carenciados e as bolsas de doutoramento; apoios ao emprego, nomeadamente nos estágios profissionais e apoios à contratação e investimento empresarial, no apoio à inovação produtiva e à valorização económica do conhecimento são alguns dos investimentos que explicam os 1,4 mil milhões de euros já executados pelo programa temático Pessoas.
Os programas com as melhores taxas de execução são também o programa de assistência técnica (22%), mas este tem uma dotação de apenas 88,46 milhões de euros, seguido do Mar 2030 que já executou 14,4% dos seus 165 milhões de euros de dotação.
Entre os maiores programas em termos de dotação, o Sustentável 2030 tem uma taxa de execução de 8,9% e o Compete, também conhecido como o programa das empresas, continua no fundo da tabela com uma execução de 1,9%, mais 0,3 pontos percentuais (pp) face ao mês anterior. No entanto, o Compete é o segundo com maior volume de fundos aprovados (1,28 mil milhões), mas cai para último na execução, com 73,44 milhões de euros.
Já quando a análise é feita ao nível dos programas regionais, o Norte destaca-se pela negativa com uma execução de apenas 2,2% (+0,2 pp) e a Lisboa pela positiva com 8,5%.
Os atrasos na execução – que têm reflexo nas baixas transferências de verbas de Bruxelas para Portugal – já levaram o Executivo a tomar diversas medidas, nomeadamente através da criação de uma linha de crédito pelo Banco de Fomento para ajudar as empresas que já têm executados pelo menos 5% dos apoios concedidos a ter um adiantamento de 40% dos incentivos.
Este ano o ritmo de execução reveste-se de especial importância porque é o primeiro em que se aplica as regras da guilhotina que colocam o país em risco de ter de devolver verbas a Bruxelas. Com a proposta de reprogramação do Portugal 2030, já foi submetida a Bruxelas, o Governo pretendia sanar esse risco, mas o exercício está a revelar-se mais complexo do que o inicialmente esperado e pode já não vir a tempo de evitar devoluções de verbas.
Portugal sugeriu, por exemplo, que seja o Sustentável 2030 a assumir parte do financiamento da barragem do Pisão, da Tomada de Água do Pomarão e da dessalinizadora do Algarve, projetos que caíram do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) por não conseguirem cumprir o cronograma da bazuca europeia.
A taxa de execução de 10% em agosto do PT2030 – mais 0,7 pontos percentuais face ao mês anterior, pelo segundo mês consecutivo – compara com os 26% em junho de 2018 do Portugal 2020, (considerado o período homólogo porque não havia estatísticas mensais, mas apenas trimestrais). Mas é preciso ter em conta que, no PT2020, a agricultura estava incluída e, nessa altura, já contava com uma taxa de execução de 43% (em junho de 2018), ajudando muito positivamente os dados globais.
A influenciar negativamente o desempenho do PT2030 está a sua entrada em vigor ainda mais tarde do que é habitual e a simultaneidade no tempo com o encerramento do PT2020 e a execução do PRR, que acabou por ter uma dotação idêntica a um quadro comunitário (22,2 mil milhões de euros), mas que tem de estar integralmente executado até 2026.
A monitorização mensal do PT2030 revela ainda que, no final de agosto, em termos de níveis de aprovação a liderança vai também para o Pessoas 2030 que tem 3,5 mil milhões aprovados, num total de 4.671 operações (taxa de 45,5%). Segue-se o Compete (1.287 mil milhões num total de 1.656 operações, com uma taxa de 9,3%) e o Sustentável 2030 (1.285 mil milhões num total de 76 operações e uma taxa de 22%). No extremo oposto está o Programa de Assistência Técnica com apenas 88,46 milhões (31 operações), exatamente os mesmos valores pelo menos desde maio.
Tendo em conta os atuais níveis de execução, Bruxelas já transferiu, a título de pagamentos intermédios, 27,34 mil milhões para os 27 Estados-membros, até 31 de agosto.
“No conjunto dos 14 Estados-membros com envelopes financeiros acima dos seis mil milhões, Portugal recebeu 1,03 mil milhões de fundo, situando-se em 10.º lugar em termos de taxa de pagamentos intermédios, com 4,5%”, a mesma posição que já ocupava anteriormente. Segundo a AD&C seguem-se “Itália, Croácia, Alemanha e Espanha, com inferiores proporções de pagamentos face aos respetivos envelopes financeiros”, lê-se na monitorização mensal.
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