Da energia limpa ao acelerador para a transição energética, estes são os vencedores do Prémio Cidades e Territórios do Futuro
A promoção de um ecossistema com eletricidade limpa ou um acelerador para a transição energética estão entre os vencedores dos prémios APDC por melhor transformarem a vida das cidades portuguesas.
Um projeto de inovação e empreendedorismo social, denominado 100 Aldeias, para combater a pobreza energética em comunidades rurais, através do acesso a eletricidade limpa “de origem solar, produzida localmente e mais barata, sem necessidade de investimento dos participantes”. Ou um Acelerador para a Transição Energética do Porto (ATEP) que resultou de uma colaboração entre a E-REDES, a Câmara Municipal do Porto e a Agência de Energia do Porto, com o objetivo de “acelerar”, de forma efetiva e eficaz, a transição energética e digital nas cidades.
Estes foram alguns dos vencedores das várias categorias do Prémio Cidades e Territórios do Futuro dados a conhecer durante o 31º Digital Business Congress, da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), em Lisboa. Todas estas ideias são pioneiras e contribuem para tornar “as cidades espaços mais habitáveis, sustentáveis e economicamente viáveis”, lê-se numa nota enviada às redações.
Entre as categorias premiadas estão a saúde e bem-estar, a economia circular, a descarbonização e desenvolvimento económico, a igualdade e inclusão, as qualificações, a mobilidade e logística, a colaboração intergeracional, além do relacionamento com o cidadão e participação. Há ainda o “Prémio Supra-Categoria”.
Entre os premiados que “melhor usam a tecnologia para transformar a vida nas cidades portuguesas”, realça a APDC, está, por exemplo, o projeto inovação e empreendedorismo social 100 Aldeias com “foco nos territórios de baixa densidade de Portugal”. Este projeto, do promotor Cleanwatts, distingue-se na categoria da economia circular e descarbonização por “aumentar o conforto térmico, baixar os custos energéticos em cerca de 30%, reduzir a pegada ecológica e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nas aldeias de Portugal”, descreve a entidade no mesmo comunicado.
Na prática, este projeto consiste no desenvolvimento de comunidades de energia, numa espécie de ecossistema energético, que integram entidades locais, empresas, juntas de freguesia, IPSS, município, coletividades e cidadãos, incluindo famílias economicamente vulneráveis. “Quem participa pode ter acesso a energia limpa, com isenção de parte das tarifas de acesso à rede”, explica a nota.
Ainda nesta categoria, há uma menção honrosa atribuída às Águas de Gaia & Wakaru Consulting com o projeto Water Wise System que consiste numa solução de software para a monitorização inteligente de redes de distribuição de água, estando na dianteira da gestão sustentável da água.
“O projeto-piloto explora os dados de mais de 200 sensores de caudal instalados desde os pontos de entrega de água da Águas de Gaia até às zonas de monitorização e controlo, incluindo os reservatórios, ao longo da rede de distribuição de água para consumo humano”, refere a APDC. A empresa passa, assim, a monitorizar, em tempo real, toda a informação sobre movimentos e consumos de água, “com identificação de eventos anómalos para uma intervenção mais rápida ao nível de existência de caudais de fuga, roturas, consumos anómalos mas também padrões de consumo para gerir, de forma cada vez mais eficiente, a procura”.
Já o prémio da categoria desenvolvimento económico distinguiu o projeto Acelerador para a Transição Energética do Porto (ATEP) que resultou de uma colaboração entre a E-REDES, Câmara Municipal portuense e Agência de Energia do Porto, com vista a acelerar, de forma efetiva e eficaz, a transição energética e digital nas cidades.
No caso da saúde e bem-estar, os holofotes voltaram-se para o projeto HorteebyFhlud, um mercado online que surge como ferramenta de vendas para agricultores e consumidores. O promotor é Ivanoel Rodrigues, Karyna Yurchenko e António Luzio.
Também neste item foi atribuída uma menção honrosa, desta feita, ao Balcão SNS 24 dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, E.P.E. Trata-se de um espaço físico, de inclusão digital para garantir a todos os cidadãos o acesso aos canais digitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Este projeto resulta de uma rede de parcerias entre municípios, juntas de freguesia, agrupamentos de centros de saúde e Administrações Regionais de Saúde. “A iniciativa veio melhorar o acesso aos serviços de saúde digitais, evitando deslocações às unidades de saúde e permitindo que as pessoas possam, de uma forma segura e rápida, renovar receitas de medicamentos, consultar resultados de exames, aceder aos guias de tratamento, marcar consultas ou realizar uma teleconsulta através da RSE Live, entre outros”, descreve a APDC no comunicado.
Já no campo da igualdade e inclusão, a Associação para Inserção por Centros Digitais de Informação (AICD) foi a grande vencedora com os Centros de Cidadania Digital (CCD). “São espaços colaborativos, de disponibilização de ferramentas digitais, onde os cidadãos de diversas faixas etárias e origens, afastados das tradicionais respostas sociais e de educação, são convidados a identificar estratégias e soluções inovadoras para problemas” do quotidiano, da sua comunidade e/ou do mundo. Este projeto vencedor promove o recurso à tecnologia para a criação de projetos sociais, de modo a cumprir a missão de inclusão e inovação social e digital.
Também nesta categoria existe uma menção honrosa atribuída ao projeto Linhó Circular que resultou de um trabalho de investigação dos reclusos do Estabelecimento Prisional do Linhó em parceria com a Câmara de Cascais. Este projeto promove o desenvolvimento sustentável, através da economia circular, assente num projeto agrícola que contempla ainda um sistema local de tratamento de resíduos orgânicos com produção de fertilizantes e microgeração de energia.
O projeto, da Câmara Municipal de Cascais e da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, prevê a plantação de 5.800 árvores. Esta ideia casa a componente produtiva com a pedagógica e social dos reclusos, através da formação profissional certificada e produção de energia a partir de fontes renováveis nas zonas com potencial solar e eólico.
Na categoria qualificações, o grande vencedor foi a plataforma Recode, da Associação para Inserção por Centros Digitais de Informação. Esta plataforma disponibiliza cursos, de forma gratuita e acessível, para capacitar os formandos com competências comportamentais, digitais e tecnológicas. “O objetivo é melhorar a qualidade de vida, utilizando a tecnologia para criar uma nova geração de pessoas autónomas, conscientes e conectadas, capazes de reprogramar a realidade”, lê-se na mesma nota.
Uma aplicação para turistas denominada “Letzgo Travel”, do promotor Djalmo Gomes, arrecadou o prémio na categoria mobilidade e logística. “Pela primeira vez, os turistas conseguem encontrar, numa aplicação, tours self-drive com áudio guia, bilhetes skip-the-line para as principais atrações e ainda pacotes de dados de internet”.
Já a menção honrosa foi para Miguel Peliteiro e Luís Rita com a aplicação “cycleai” que foi criada para tornar as deslocações mais ecológicas e seguras. Este projeto contempla um planeador de rotas de aprendizagem automática com base na perceção de segurança dos ciclistas e prevê a criação de uma aplicação multiplataforma, com sugestão de rotas mais seguras.
No caso da categoria intergeracional, a distinção foi para a plataforma digital dNovo, da Associação dNovo, com vista à criação de “um contexto de ecossistema sinérgico para promover o regresso a uma atividade renumerada por parte de profissionais com mais de 50 anos, com formação superior, em situação de desemprego e experiência profissional em funções executivas de direção e cargos de liderança”.
A ferramenta digital “O Nosso Chão”, do promotor Rés do Chão e SPOT Games, venceu no item relacionamento com o cidadão e participação, com um jogo implementado em escolas e outras instituições, que permite aos “jovens experimentarem e vivenciarem processos participativos de auscultação, diagnóstico e melhorias do espaço físico e social dos territórios em que estudam e habitam”.
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