A partir de outubro 2024, o antigo matadouro, na zona oriental do Porto, vai ganhar uma nova dinâmica económica, social e cultural, após obras da Mota Engil, num investimento de 40 milhões de euros.
O antigo matadouro, na zona oriental do Porto, vai ganhar uma nova dinâmica económica, social e cultural, a partir de outubro 2024, após obras da Mota Engil, num investimento de 40 milhões de euros. “O objetivo é que a obra do antigo matadouro [Industrial de Campanhã], no Porto, seja inaugurada em outubro de 2024. Deste espaço, 40% está alocado à Câmara Municipal e os restantes 60% vão ser promovidos por nós e colocados no mercado para escritórios e uma pequena parte para restauração”, avança ao ECO Sílvia Mota, chairman da Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, empresa que gere a obra, após a visita do arquiteto japonês Kengo Kuma.
“Isto aqui ao lado era um edifício que foi totalmente demolido, porque estava em péssimas condições. Há partes que já foram picadas, trabalhadas, arranjadas, ou seja, todo o processo de preparação da obra em termos de demolições já está concluído”, explica o CEO da Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, Vítor Pinho, durante uma visita guiada ao antigo matadouro que esteve abandonado durante décadas. “A partir de agora vai-se arrancar com a construção em si”, divulga Vítor Pinho.
Ao lado, Sílvia Mota acrescenta que, está, por isso, “terminada a fase de demolição, ou seja, os edifícios do seu interior estão limpos. Vai iniciar uma fase de reabilitação daquilo que são os edifícios que vão ser mantidos”. Será, assim, mantida a traça original do edificado, “como os telhados, o elemento estético da luminosidade, mas vai ser tudo também potenciado”, descreve a responsável, enquanto mostra o espaço em obras que também conta no projeto de arquitetura com a parceria dos premiados arquitetos portugueses da OODA.
A traça original do edificado é, assim, para manter em comunhão com alguns pilares interligados no teto em forma de arco em conjugação com novos elementos de construção moderna.
Na prática, acrescenta, por sua vez, o CEO da Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers, “são 11.900 metros quadrados (m²) de área bruta de construção para escritórios e 700 m² para restauração. É isso que temos para colocar no mercado, pese embora os 20.500 m² de área de construção bruta”. Mais, explica Vítor Pinho: “São todos geridos por nós. Uma parte está arrendada à câmara que vai pagar uma renda mensal durante os 30 anos de concessão”, adiantando que a obra envolve um “investimento de 40 milhões de euros, suportado pela Mota-Engil“.
Considerado pelo município como um “projeto âncora” para dinamizar esta zona oriental da cidade, depois do matadouro ter estado, durante décadas, abandonado e em estado de degradação, este espaço vai trazer um grande impacto para a cidade e região, quer pela atração de novas empresas e negócios, como restauração – só um dos edifícios será ocupado por restaurantes.
O vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, considera mesmo que esta obra “é uma peça-chave para a zona de Campanhã, no âmbito da estratégia da autarquia de remodelação da zona oriental da cidade”. Mais ainda, frisa o vereador, “quando vai atrair mais empresas e negócios, trabalhadores, a comunidade e turismo”. A área que a autarquia vai ocupar no edifício vai acolher um museu com a coleção de Távora Sequeira Pinto, uma extensão da galeria municipal e uma escola de informática, adianta o vereador.
Também a arquiteta Margarida Barbosa, da Emerge, responsável pelo projeto e pela coordenação com os arquitetos e a construtora Mota-Engil, considera que esta obra “vai acabar por regenerar muito esta parte da cidade que estava degradada e, portanto, é também intuito da Câmara que este seja um projeto âncora desta zona oriental da cidade”.
Esta obra “é uma peça-chave para a zona de Campanhã, no âmbito da estratégia da autarquia de remodelação da zona oriental da cidade.
A este propósito, o CEO da Emerge Vítor Pinho elucida, por sua vez, que “quando Câmara decidiu reabilitar este espaço, um dos propósitos foi ligar a parte ocidental da cidade à zona oriental. Este acesso é feito através de uma ponte pedonal que vai ligar este espaço à estação do metro do Dragão. Vamos fazer um edifício que depois tem uma ponte”. Na prática, explica a arquiteta Margarida Barbosa, “vai haver um edifício muito particular com uma escadaria que sobe cinco pisos e que faz a ponte de ligação à estação do metro“.
Enquanto mostra a planta do projeto, exposta numa das paredes do edificado, a arquiteta descreve ainda que o empreendimento “vai ter uma grande praça aberta, uma zona dos edifícios da autarquia, e todo o restante são espaços para ser comercializados para escritórios e ainda um edifício para restauração, além de zonas de lazer”. Mais, realça Margarida Barbosa: “Cada intervalo entre edifícios tem um jardim e as entradas são feitas lateralmente para proporcionar esta vivência.” Num dos edifícios vai ainda ficar instalada a esquadra da PSP, a funcionar nas imediações.
O arquiteto Kengo Kuma, autor do projeto do Estado Olímpico de Tóquio, já tinha estado a visitar o empreendimento. “O arquiteto esteve a determinar os acabamentos daquilo que vai ser o projeto futuro do antigo matadouro para a obra arrancar dentro das próximas semanas a toda a força”, afirma Sílvia Mota.
Durante a visita, o arquiteto também experienciou o espaço, selecionou o branco para as paredes do interior do edificado e o tom cinzento para o exterior. Teve ainda a oportunidade de acentuar a importância do aproveitamento dos envidraçados e da luz interior do edificado, indo ao encontro da visão de sustentabilidade energética e ambiental que a Mota-Engil quer implementar neste empreendimento, nomeadamente com a instalação de painéis solares, segundo a chairman da Emerge – Mota-Engil Real Estate Developers.
O arquiteto esteve a determinar os acabamentos daquilo que vai ser o projeto futuro do antigo matadouro para a obra arrancar dentro das próximas semanas a toda a força.
Para Sílvia Mota, o que diferencia este projeto dos demais “é a arquitetura de Kengo Kuma, a forma como ele pensa os espaços”, que vai ao encontro da “visão da Mota-Engil de ser um espaço interativo, colaborativo, amplo, com muita luz, e uma série de outras qualidades como a forma como as pessoas vivem e experienciam os espaços”. Uma das mais-valias deste novo empreendimento é permitir estar num espaço tranquilo, com jardins, de “excelência” e cultura.
Este espaço vai, assim, trazer uma nova vida esta zona oriental da cidade. A reconversão do antigo Matadouro de Campanhã chegou a estar comprometida, porque o Tribunal de Contas (TdC) recusou o visto prévio ao contrato para a obra. Vítor Pinho lembra que “o chumbo teve a ver com o contrato de concessão que foi posto a concurso e que o Tribunal de Contas não concordou com os termos”.
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De antigo matadouro do Porto a centro empresarial, social e cultural a partir de outubro de 2024
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